Saiba como foi a celebração da Semana Santa em Goiás

Confira dicas da celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo na Cidade de Goiás e em Pirenópoilis

Postado em: 15-04-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Confira dicas da celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo na Cidade de Goiás e em Pirenópoilis

SABRINA MOURA*

A Semana Santa é uma das principais celebrações do Estado. Dentre os eventos, são realizadas procissões, missas, encenações e caminhadas. As pessoas expressam sua fé em clima de tranquilidade. Mais que uma demonstração ou uma exibição, é como se fosse uma oferta dos fiéis.

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Cidade de Goiás

Na Quarta-Feira Santa, são realizados o Fogaréuzinho e a Procissão do Fogaréu. O Fogaréuzinho é realizado no fim de tarde, com a saída na porta do Museu das Bandeiras, na Praça do Chafariz, a Escola Letras de Alfenim – trata-se de uma pequena Procissão do Fogaréu, onde as crianças têm contato com este importante elemento cultural e religioso da cidade.

A tradicional Procissão do Fogaréu ocorre à meia -noite, quando as luzes do Centro Histórico são apagadas – saindo na Igreja da Nossa Senhora da Boa Morte. Esta é uma manifestação religiosa popular de origem ibérica. Registros da mesma foram encontrados em Portugal, na Espanha e em algumas de suas antigas colônias na América.

O ritual, cujo caráter inicial era pautado por penitência, condenação e flagelação, se transformou em uma festa de rememoração da prisão de Cristo. A manifestação aportou no Brasil, provavelmente, na Bahia do início do século 17. Os soldados partem em disparada para cumprir a ordem de Caifás. Na primeira parada da procissão, a tropa dos Farricocos encontra a mesa da ceia vazia; Jesus não está mais lá. A tropa continua a busca e prende o Cristo no Monte das Oliveiras. Neste momento, ao som do clarim, surge um farriococo carregando um estandarte com a imagem de Jesus, simbolizando a sua captura. 

Reza a tradição que a Procissão do Fogaréu é realizada na Cidade de Goiás, desde 1745, ano em que foi entregue uma das reconstruções da Igreja Matriz de Sant’Ana. Comprovadamente, a procissão é realizada desde os fins do século 19. Foi recriada pela Organização Vilaboense de Artes e Tradições (Ovat), na década de 1960, e é considerado um dos principais eventos religiosos de  Goiás.

Os elementos centrais da celebração são os Farricocos e o espetáculo proporcionado pelas chamas das tochas refletidas nas vestimentas de quem as carrega e no casario antigo da cidade. Eles foram trazidos a Goiás pelo padre espanhol João Perestelo de Vasconcelos Espíndola, pároco da cidade na época. As personagens são vividas por 40 voluntários que ‘correm’ a procissão, atravessam o Centro Histórico, descalços, entoando músicas sacras, carregando tochas de fogo, em passos apressados e ao som dos tambores que marcam a cadência pelas ruas de pedra da antiga Villa Boa de Goyaz.

Os eventos da Sexta-Feira Santa são marcados por uma caminhada (Via Sacra) da Catedral de Sant’Ana ao Morro do Cruzeiro, o Canto do Perdão na Igreja Nossa Senhora d’Abadia, ou Canto do Perdão dos Homens, o Canto do Perdão na Igreja São Francisco de Paula, ou Canto do Perdão das Mulheres (no fim da tarde), e, por fim, a encenação do Descendimento da Cruz, seguido pela Procissão do Senhor Morto.

No início da manhã do Sábado Santo, é realizada uma caminhada à Serra Dourada, em preparação à Páscoa. E, no domingo, ocorre a Vigília Pascal (pela madrugada), seguida da Procissão da Ressurreição, na Catedral de Sant’Ana, tendo também a Queima do Judas e a Folia do Divino Espírito Santo.

Pirenópolis

A Semana Santa de Pirenópolis é a mais antiga manifestação religiosa do Estado. Foi incrementada no ano de 1728 pela Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento.

Em Pirenópolis, as celebrações da Paixão de Cristo não se limitam somente a uma semana, mas estendem-se por toda a Quaresma, até a Páscoa, passando pelas vias sacras solenes, procissões, ao qual se vê por uma vez ao ano sair nas ruas de pedras, sobre os ombros dos irmãos do Santíssimo, imagens bicentenárias, missas em latim com coro e orquestra, pompa e circunstância, tristeza e alegria, matraca, flores, crianças vestidas de anjinhos, incenso fumegando no turíbulo, sinos e foguetório.

As festividades ainda mantêm características da tradicionalidade das festas populares regionais. Suas missas e procissões carregam o fervor dos católicos e a beleza das imagens e paramentos usados pelos fiéis religiosos embelezados pelas ruas e casarões antigos do século 18, encenados os principais rituais da paixão, morte e ressurreição de Cristo.

A começar, na sexta-feira anterior à Semana Santa, às 19h, iniciam-se os rituais da Semana das Dores, com missa e procissão de Nossa Senhora das Dores, saindo da Igreja Matriz do Rosário, com circuito ida-volta em ruas do Centro Histórico.

No sábado, às 19h, tem a tradicional missa e procissão do Senhor dos Passos. No Domingo de Ramos, às 8h, sai a procissão e bênção dos ramos da Matriz do Rosário até o Salão Paroquial e, no mesmo dia, às 9h, é realizada missa campal, na quadra do salão, e coleta de donativos para a Campanha da Fraternidade.

Na segunda, há a Procissão do Senhor dos Passos, quando a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, imagem de roca em tamanho natural, sai da Igreja do Bonfim e é levada a Matriz Na quinta-feira, às 20h, é encenada a Ceia do Senhor, transladação do Santíssimo Sacramento e encenação da prisão de Jesus, no pátio da Paróquia do Rosário.

Na Sexta-Feira Santa, às 14h, é realizada a Via Crúcis, encenação com a participação de atores locais. No mesmo dia, às 19h, há a Procissão do Senhor Morto pelas ruas históricas, e, no domingo de Páscoa, várias missas resgatam a Celebração da Ressurreição de Cristo.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov 

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