Marília Mendonça é acusada de transfobia e pede desculpas: “aprenderei com meus erros”

Cantora teria debochado de um integrante da banda por ele ter beijado uma mulher trans na extinta boate Disel, em Goiânia - Foto: Reprodução

Postado em: 10-08-2020 às 09h05
Por: Lucas de Godoi
Imagem Ilustrando a Notícia: Marília Mendonça é acusada de transfobia e pede desculpas: “aprenderei com meus erros”
Cantora teria debochado de um integrante da banda por ele ter beijado uma mulher trans na extinta boate Disel, em Goiânia - Foto: Reprodução

Da Redação

A cantora Marília Mendonça tem sido
fortemente criticada nas redes sociais por, supostamente, ter sido transfóbica
ao mencionar que um integrante de sua equipe teria beijado uma mulher transexual
na extinta boate Disel, casa direcionada ao público LGBTQIA+. A casa ficou
famosa nacionalmente por ser um espaço de respeito e de diversidade.A cantora assumiu o erro e pediu desculpas por meio de uma rede social. 

“Quem é de Goiânia lembra da
boate Disel“, fala a artista sob os risos da banda. “E aí eu não vou falar
quem, nem vou falar o porquê, vou só ficar calada. Mas quem lembra da
boate Disel, lembra”, ri com os demais. “Disse que lá foi o lugar que ele
beijou a mulher mais bonita da vida dele”, continua. “É só isso
gente, o contexto aí vocês não vão saber né”, termina.

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Na noite deste domingo, houve uma
reação na internet. Uma das primeiras a se posicionar, a influencer e modelo Bruna
Andrade, mulher trans goiana que chegou a frequentar a casa, explicou
sobre a sua frustração. Ela diz que assistia à live de Marília Mendonça e
que o deboche gratuito fomenta agressões às mulheres transexuais.

“Eles começaram a rir muito debochadamente,
como se tivesse uma piada muito grande. Qual a graça de existir uma
boate voltada para o público LGBTQIA+? As risadas são de deboche mesmo”,
explica em vídeo que tem circulado pelas redes sociais.

“E no finalzinho o cara fala
assim, ‘será que era mulher mesmo?’ Eu engoli seco, porque eles
estavam debochando de um amigo deles que ficou com uma menina trans.
Isso é transfobia”, denuncia a goiana.

O Hoje entrou em contato com a
assessoria de imprensa da cantora na noite deste domingo, mas só foi respondido
nesta segunda-feira (10) após a artista comentar o caso no Twitter. “Pessoal,
aceito que fui errada e que preciso melhorar. Mil perdões. De todo o coração.
Aprenderei com meus erros. Não me justificarei”, escreveu. A equipe da artista
informou à reportagem que ela não falará mais sobre o assunto.

O empresário Osvald Ribeiro, idealizador
da Disel, comentou nas redes sociais o que chamou de “um fato infeliz”. Ele diz
que “O que Marília fez foi cruel. Tão cruel quanto o que as mulheres
transexuais passam diariamente ao andar na rua, ao ser desconsideradas da vaga
de emprego, ao serem insultadas por ser quem são”, registra.

Osvald também fala da luta que
foi construir aquela casa, no Setor Oeste, local em que sofreu com “preconceitos
ridículos de moradores do setor”. Segundo ele, “as risadinhas irônicas de
Marília e de sua banda ecoam dolorosamente pelo meu coração”. E lembra que há
décadas que a comunidade LGBTQIA+ sai às ruas para pedir “por igualdade, por
respeito, por decência, por humanidade. E, hoje, em 2020, a transfobia ainda é
motivo para piada”, lamenta.

Personalidades como o youtuber
Felipe Neto também fizeram publicações didáticas sobre o caso. “Mulher trans é
mulher. Pegar mulher trans não te faz gay. Pegar mulher trans não é engraçado.
Achar isso engraçado é transfóbico”, ensinou no Twitter.

 

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