Quinta-feira, 28 de março de 2024

Corte maior de juros resulta de melhora na expectativa de inflação, diz BC

“Esse espaço para intensificação da flexibilidade se ganha por ter capacidade de ancorar as expectativas", afirmou o presidente do BC

Postado em: 07-12-2016 às 12h00
Por: Redação
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“Esse espaço para intensificação da flexibilidade se ganha por ter capacidade de ancorar as expectativas", afirmou o presidente do BC

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse
hoje (7) que o espaço para fazer um corte de juros maior é resultado da melhora
nas expectativas para a inflação.

“Esse espaço para intensificação da flexibilidade se ganha
por ter capacidade de ancorar as expectativas. É como se fosse um investimento
que foi muito importante e não pode ser perdido. É um investimento que nos
permite ter juros mais baixos sustentáveis e por mais tempo”, disse em café da
manhã com jornalistas, na sede do BC, em Brasília.

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Ontem (6), o BC informou, na ata da última reunião do Comitê
de Política Monetária (Copom), que pode haver mais espaço para redução da taxa
básica de juros, a Selic, do que o percebido anteriormente.

Na semana passada, o comitê deu continuidade ao processo de
redução da Selic. A taxa foi reduzida em 0,25 ponto percentual, caindo para
13,75% ao ano. Esse foi o segundo corte de 0,25 ponto percentual.

Questionado sobre pressões para baixar os juros, Goldfajn
disse que isso é recorrente no Brasil. Ele avaliou que o BC está fazendo o que
é necessário, tem credibilidade e agora é “parte da solução”.

Reversão mais forte da recessão

Goldfajn disse que o BC achava que a partir de setembro haveria
uma reversão mais forte da recessão econômica, mas isso não aconteceu. “Mas não
significa que não vai ter recuperação. A gente vê uma recuperação gradual mais
adiante. Temos projeção de crescimento para 2017 melhor que 2016 e 2018 melhor
do que 2017”, disse.

Acrescentou que o Banco Central é sensível ao nível de
atividade mais fraca porque leva à redução das expectativas de inflação. O
presidente do BC lembrou que, na reunião do Copom, se discutiu a possibilidade
de intensificar o corte de juros imediatamente porque a inflação vem caindo.

Entretanto, levou-se em consideração a resistência de alguns
componentes do índice de preços. “Essa resistência pode ser que daqui para
frente venha a diminuir. Por duas razões: uma que a gente está vendo a inflação
caindo e segundo porque a atividade está mais fraca do que a gente imaginava”,
destacou.

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) também
consideram avanços nas reformas propostas pelo governo. Entretanto, decidiu-se
esperar até a reunião do Copom prevista para de janeiro. “No final, houve
consenso de aguardar para fazer a decisão sobre a intensificação na próxima
reunião”, afirmou.

Goldfajn também disse que o cenário externo é mais
desafiador, com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (Brexit) e
a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. “O cenário é
mais desafiador, mas não tem uma ligação mecânica entre o cenário externo e a
política monetária [decisões sobre a Selic] porque tem que observar todos esses
efeitos”, explicou aos jornalistas.

Questionado sobre pressões para reduzir os compulsórios
(recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC), Goldfajn
disse que são “rumores”.

Crise política causada por liminar

O presidente do Banco Central acrescentou que é preciso
manter a serenidade diante das incertezas geradas pela crise política desta
semana e olhar se as reformas serão implementadas.

“Todo o resto, o ruído que forma, eu acho que a gente tem
que passar um pouco por cima”, disse.

A crise desta semana foi gerada pela liminar que determinou
o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo.
Hoje, à tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) fará o julgamento definitivo
pelo plenário da liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello.

A decisão que afastou Renan foi proferida no início da noite
de ontem (5), mas o senador continua no cargo porque a Mesa da Casa se recusou
a cumprir a decisão. Os senadores decidiram esperar decisão definitiva do
plenário do Supremo.

Foto: reprodução

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