Crise interrompeu crescimento do setor de serviços

Em 2015, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 3,8%, os serviços registram queda em seus principais indicadores

Postado em: 23-09-2017 às 06h00
Por: Lucas de Godoi
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Em 2015, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 3,8%, os serviços registram queda em seus principais indicadores

O agravamento da crise econômica em 2015 interrompeu um
período de sete anos de crescimento do setor de serviços no Brasil, informou
nesta sexta-feira (22) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desde o início da série histórica da Pesquisa Anual dos
Serviços (PAS), em 2007, o IBGE registrou crescimento em dados como número de
empresas, pessoas ocupadas e massa salarial real na área de serviços, além do
valor adicionado pelo setor à economia. Em 2015, quando o Produto Interno Bruto
(PIB) do Brasil caiu 3,8%, os serviços registram queda em seus principais
indicadores.

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Segundo o IBGE, vários fatores influenciaram o desempenho
negativo do setor. Entre eles, está o fraco desempenho do consumo das famílias,
que caiu 4% com a retração da renda e do mercado de trabalho. Ainda de acordo
com o instituto, houve piora nas condições de crédito e aumento da inflação,
que chegou a 10,6%.

O número de trabalhadores ocupados pelo setor de serviços
atingiu o pico de 12.986.478 pessoas em 31 de dezembro de 2014, ano em que teve
o menor crescimento da série histórica até então: 4,14% sobre 2013. Em 2015, a
desaceleração virou uma queda de 2,34% no número de empregados, que recuou para
12.681.957, segundo o IBGE. Em 2007, os serviços empregavam 8,3 milhões de
pessoas.

Entre as atividades pesquisadas, apenas os serviços
prestados às famílias (+0,09%) e as atividades imobiliárias (+5,09%)
tiveram  variação positiva no número de
empregados. Principais empregadores, os serviços profissionais, administrativos
e complementares tiveram queda de 3,4%, de 5.247.882 de funcionários para
5.069.708.

O gerente da pesquisa, Luiz André Paixão, destacou que o
cenário econômico causou impacto principalmente nos postos de trabalho das
atividades ligadas ao recrutamento de profissionais: “Dentro desses
serviços, os que mais fecharam postos de trabalho foram os de agenciamento e
locação de mão de obra. Com menos empresas produzindo, você precisa menos de
pessoal de apoio”.

A massa salarial paga aos trabalhadores do setor em valores
reais havia crescido mais de 5% em todos os anos da pesquisa e caiu 5,63% em
2015, para R$ 314,9 bilhões. Em 2007, essa soma não chegava a R$ 180 bilhões.

Renda

O salário médio real dos trabalhadores do setor de serviços
também foi afetado pela crise econômica em 2015. O valor médio caiu 4,6%, de R$
1.959,30 em 2014 para R$ 1.869,38.

O melhor salário médio real em 2015 foi pago pelos serviços
de comunicação e informação, com R$ 3.830,64, apesar da queda de -5,15% sobre
2014. Os serviços prestados principalmente às famílias pagavam os menores
salários em 2015, de 1.177,76.

Empresas

O número de empresas do setor de serviços também caiu, de
1.321.998 em 2014 para 1.286.621 em 2015. Assim como o número de empregados, a
quantidade de empresas no setor mantinha uma trajetória de ascensão desde 2007,
quando eram 782.174 os estabelecimentos contabilizados pelo IBGE. Em 2009, ano
em que houve o impacto da crise financeira internacional, o setor de serviços
brasileiro teve um aumento de 7,08% no número de empresas.

A receita operacional líquida real do setor acompanhou os
outros dados e também caiu em 2015. Foi registrada queda de 2,38% e uma receita
de R$ 1.443 trilhão. (Agência Brasil) 

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