Economia melhora, mas consumidor está receoso

A insegurança faz com que o consumidor invista mais nas pesquisas de preço

Postado em: 12-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A insegurança faz com que o consumidor invista mais nas pesquisas de preço

Embora os indicadores econômicos mostrem uma retomada gradual da economia, os brasileiros ainda não sentiram grande diferença no bolso. Neste final de ano, os consumidores se empenham em pesquisas de preço e o amigo oculto vira uma saída para reduzir os gastos com presentes no Natal.

Na família da aposentada Anaeli da Costa, 62 anos, a brincadeira já virou tradição. “Como sempre, a gente não dá presente. Se der para comprar alguma lembrancinha, a gente compra, senão, só participa mesmo das festas e do amigo oculto, que a gente faz todo ano”, diz. 

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Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De janeiro a novembro, o índice registrou um acumulado de 2,5%, o menor resultado nos primeiros 11 meses desde 1998, quando a taxa ficou em 1,32%.

“Mas ainda não vimos nenhuma melhora. Os preços não estão diminuindo. O preço acompanha a gasolina, se a gasolina sobe todo dia, os preços também vão subir, porque o nosso transporte é todo terrestre”, diz Anaeli.

A insegurança faz com que a dona de casa Maísa Flores, 50 anos, invista mais nas pesquisas de preço. “A gente não sabe o que vai acontecer, o desemprego é grande demais, as coisas estão caras demais, você precisa pesquisar e andar muito, senão não compra. É diferente dos outros anos, que você podia comprar porque sabia que lá na frente ia ter um retorno”, diz. “Vamos esperar para ver o que vai acontecer, meter os pés pelas mãos realmente não dá. As contas e as dívidas não param”, diz.

“Depois dessa crise toda, lógico que todo mundo dá uma pisadinha no freio. Mas o Natal é sempre uma data que as pessoas se abrem mais”, diz o empresário Antônio Carlos Navarro, 65 anos. “Ainda estamos segurando [os gastos]. Até porque, no meu caso, que estou no setor privado, trabalhando com gestão de empresas, fica mais complexo, não é a mesma coisa de ter salário fixo. O nosso salário oscila muito, ninguém conta com o futuro por enquanto”.

Comércio segura o preço

Mesmo com os consumidores receosos, o comércio está otimista. Após dois anos de queda, a expectativa é que 2017 tenha um aumento nas vendas de 5,2% em relação ao ano passado, a maior variação desde 2013, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ao todo, o Natal deverá movimentar R$ 34,9 bilhões.

Para estimular as compras, os vendedores têm feito o possível para não repassar os custos para os consumidores. “Não repassamos os impostos para os clientes. O preço está mais acessível do que estava em 2014. Queremos ver se as pessoas compram mais, se animam”, diz o vendedor Diego Batista, 32 anos, da loja Emily Calçados, na Feira do Guará, a cerca de 9 Km do centro de Brasília. (Agência Brasil)  

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