Pesquisa diz que, de 69 milhões de casas, só 2,8% não têm TV no Brasil

Os maiores percentuais foram encontrados para televisão de tela fina nas regiões Sudeste (73,8%), Sul (71,1%) e Centro-Oeste (69,1%)

Postado em: 21-02-2018 às 10h15
Por: Márcio Souza
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Os maiores percentuais foram encontrados para televisão de tela fina nas regiões Sudeste (73,8%), Sul (71,1%) e Centro-Oeste (69,1%)

Divulgada hoje (21) pela primeira vez pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD) Contínua 2016: acesso à internet e à televisão e posse de
telefone móvel celular para uso pessoal confirma o que foi sinalizado por
outros estudos do órgão. O acesso à internet, a substituição de TVs de tubo e a
posse de celular são tendências crescentes no país. A pesquisa abrangeu 211.344
domicílios particulares permanentes em 3,5 mil municípios.

Realizada no último trimestre de 2016, a sondagem apurou que
– de 69,3 milhões de domicílios particulares permanentes no Brasil – apenas
2,8%, ou 1,9 milhão, não tinham televisão, com destaque para o Norte do país,
onde o percentual é o mais elevado (6,3%).

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Por outro lado, no total de 67,373 milhões de domicílios com
televisão no Brasil, existiam 102.633 milhões de televisões. E 63,4% eram de
tela fina e 36,6% de tubo, com o primeiro tipo em 66,8% dos domicílios e o
segundo, em 46,2%.

Os maiores percentuais foram encontrados para televisão de
tela fina nas regiões Sudeste (73,8%), Sul (71,1%) e Centro-Oeste (69,1%). No
Nordeste, os percentuais ficaram equiparados: 54,2% dos domicílios tinham TV de
tela fina e 54,3%, televisores de tubo.

A gerente da pesquisa do IBGE, economista Maria Lúcia
Vieira, disse à Agência Brasil que a tendência é ir diminuindo a presença de
televisões de tubo nas casas dos brasileiros porque já não se fabricam mais
esses aparelhos. Eles estão sendo substituídos por TVs de tela fina, tipo LED,
LCD ou plasma.

O poder aquisitivo dos habitantes do Sudeste, Sul e
Centro-Oeste explica o maior percentual de domicílios com televisões de tela
fina nessas regiões. “Porque são televisões mais recentes, mais novas, mais
caras”, justificou a pesquisadora.

Sinal digital para televisão aberta

No quarto trimestre de 2016, o Brasil tinha 37,6 milhões de
televisões de tubo, que necessitariam de adaptação para receber o sinal digital
de televisão aberta. O acesso ao sinal digital ocorreria por meio de televisões
novas de tela fina, que já estão vindo com conversor integrado, ou adaptando
conversores nas TVs de tubo.

Outras alternativas são ter TV por assinatura que forneça
sinal digital ou possuir antena parabólica. Maria Lúcia lembrou que, recentemente,
foram distribuídos gratuitamente no Rio de Janeiro aparelhos conversores para
famílias que recebem o Bolsa Família.

Considerando todos os domicílios que não têm TV com
conversor, com antena parabólica ou por assinatura, chega-se a 7 milhões de
domicílios. Maria Lúcia disse que se o sinal analógico fosse desligado, esses
domicílios estariam descobertos.

“Seriam, aproximadamente, 6,9 milhões de domicílios, o que
corresponde a 10,3% do total de endereços com televisão”. Esses domicílios não
têm alternativa para não ficar no apagão caso ocorra o desligamento do sinal
analógico. “É a população alvo das políticas do governo”, disse.

A pesquisa mostra, ainda, que, enquanto a média no Brasil
quanto à forma de recepção do sinal de televisão por antena parabólica e por
serviço de televisão por assinatura estava praticamente equiparada àquela época
(34,8% e 33,7%, respectivamente), o mesmo não ocorria nas regiões brasileiras.

As regiões Norte e Nordeste apresentavam percentual muito
maior de recepção do sinal de TV por antena parabólica (41,1% e 48,2%) do que
de TV por assinatura (21% e 18,4%). Já no Sudeste, constatou-se o contrário:
44,8% dos domicílios com televisão recebiam o sinal por serviço de TV por
assinatura contra 24,8% por antena parabólica.

“Isso tem a ver com a infraestrutura da região porque a
estrutura para montar antena parabólica é mais barata que TV a cabo”, observou
a economista do IBGE, em relação aos resultados observados no Norte e Nordeste.
A isso se soma a questão da renda mais baixa nessas regiões.

Computador atinge 45,3% dos domicílios permanentes

O estudo do IBGE constatou a existência de microcomputadores
em 45,3% dos domicílios particulares permanentes e somente 15,1% com tablet, o
que equivale a um terço dos primeiros. “Mas comparando as regiões
Norte/Nordeste com Sul/Sudeste, são patamares bastante diferentes”, observou
Maria Lúcia.

No Sul/Sudeste, 53,5% e 54,2% dos domicílios,
respectivamente, tinham computadores, enquanto no Norte e no Nordeste esses
números não chegavam a 30%. “Também tem a ver com a questão do preço do
equipamento mais caro”, completou.

Em termos de telefones nas casas, a pesquisa revelou que
alcançava 33,6% o total de domicílios com telefone fixo convencional em 2016.
Esse número sobe para 92,6% quando se trata de telefone móvel celular. A
pesquisadora destacou que o acesso à internet, em todas as regiões, era feito
por meio do celular.

“Mais de 90% das pessoas que acessam a internet usam o
celular. E é maior a questão do acesso por celular no Norte (98,8%) e Nordeste
(97,8%), porque é onde não tem o microcomputador”.

Quando se analisa a finalidade de utilização do celular para
acessar a internet, verifica-se que o principal motivo citado pelas pessoas foi
para enviar mensagens de texto e vídeo por aplicativos diferentes de e-mail,
totalizando 94,2%. Em seguida, com 76,4%, vem a finalidade de assistir a
vídeos, inclusive programas, séries e filmes. Para isso, contribuem alguns
fatores, como a portabilidade, isto é, a pessoa carrega o celular com ela, além
da praticidade de dar respostas rapidamente.

Mensagens de texto por celular

No conjunto de 179,424 milhões de pessoas de dez anos de
idade ou mais no Brasil, 64,7% usaram a internet nos três últimos meses que
antecederam ao levantamento no domicílio, sendo 65,5% mulheres e 63,8% homens.
“Quase todo mundo que utiliza o celular para acessar a internet o faz para
enviar e receber mensagens de texto”.

A parte da população que dispunha de celular para uso
pessoal com acesso à internet foi mais elevada no contingente ocupado (83,2%)
do que no não ocupado (71,1%). O mesmo ocorreu em relação ao nível de
instrução. No grupo sem escolaridade, o indicador situou-se em 43,6%. Já no
grupo com ensino superior completo, alcançou 97,5%.

“As atividades que estão mais relacionadas com estudo, com
pesquisa, com maior escolaridade são os grupamentos com maior percentual de
pessoas que acessavam a internet”, disse.

Para o Brasil, os dois motivos mais citados para a não
utilização da internet foram não saber usar (37,8%) e falta de interesse em
acessar (37,6%). Nas regiões Sudeste e Sul, que têm estrutura etária mais
envelhecida, a principal razão alegada foi a falta de interesse, superior a
40%.

Já nas regiões Norte e Nordeste, com população mais jovem e
que acessa mais a internet, o motivo principal alegado foi não saber usar a
rede, correspondendo a 33,7% e 40%, respectivamente. No Nordeste, a explicação
é que o serviço de acesso à internet é caro (16%). “A questão do preço parece
ter um efeito negativo para a região”, afirmou Maria Lúcia.

Em todo o país, no período pesquisado, 41,104 milhões de
brasileiros não tinham telefone móvel celular para uso pessoal, o equivalente a
22,9% da população com dez anos ou mais. As justificativas apresentadas, como
aparelho telefônico caro (25,9%), falta de interesse em ter celular (22,1%),
usar o aparelho de outra pessoa (20,6%) e não saber usar o telefone móvel
celular (19,6%) somaram 88,2%, segundo o IBGE.

Já na Grã-Bretanha, a falta de interesse e desconhecimento
constituem a principal razão para a ausência de acesso à internet (64%),
seguida da falta de habilidades (20%), de acordo com dados fornecidos pelo
coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

No Chile, os principais motivos para não ter internet no
domicílio são a pouca relevância, que atingiu 62% na área urbana, seguido pela
usabilidade (66,8% na área rural) e custo do serviço (acima de 22%, tanto na
cobertura urbana como rural).

O telefone móvel celular para uso pessoal cresce até a faixa
entre 25 anos e 29 anos de idade, em torno de 88,6%, e depois começa a reduzir.
No caso do acesso à internet, Maria Lúcia informou que o maior percentual foi
encontrado no grupo de 18 anos a 19 anos de idade. A gerente da pesquisa
concluiu que as pessoas estão cada vez migrando mais para acessar a internet
pelo celular, embora continuem acessando pelo computador também. “A facilidade
favorece isso. O celular está à mão”, finalizou. 

Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução

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