Número de pessoas em desalento cresce mais de sete vezes em seis anos no Estado

Lauro Veiga

Postado em: 21-05-2019 às 21h25
Por: Sheyla Sousa
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Lauro Veiga

O
mercado de trabalho derrapa também em Goiás, seguindo a tendência observada
para todo o País por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O
número de ocupados voltou a cair no primeiro trimestre,
na comparação com os três meses finais de 2018, a indústria perde espaço no mercado
de trabalho, o que se traduz em avanço das ocupações de menor qualificação (e,
portanto, com salários médios relativamente mais baixos) e na maior
informalidade, enquanto o desalento retoma a trajetória de crescimento, depois
de experimentar recuo ao longo do segundo semestre do ano passado.

O
total de pessoas em situação de desalento atingiu seu segundo maior nível no
trimestre inicial deste ano, atingindo 80,0 mil indivíduos, representando cerca
de 2,0% da população com 14 anos e mais de idade, repetindo a taxa registrada
pela pesquisa no primeiro trimestre do ano passado. Essas pessoas desistiram de
procurar emprego seja por falta de oportunidades, seja por não encontrarem
colocações com funções e salários adequados ao seu nível de formação, entre
outros motivos.

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O
tamanho da crise no setor pode ser conferido por uma comparação mais longa no
tempo. No quarto trimestre de 2013, antes da recessão ter se instalado em toda
a economia brasileira, o Estado registrava apenas 11,0 mil pessoas desalentadas,
o que correspondia a 0,3% da população em idade ativa (com 14 anos e mais de
idade). Desde lá, esse número foi multiplicado em mais de sete vezes.
Precisamente, o desalento aumentou 627%, retrato de uma economia incapaz de
gerar oportunidades dignas de empregos a todos que necessitam de uma colocação
para assegurar a sobrevivência.

Recorde negativo

Esse
universo de desalentados ajuda a compor a população classificada como
subutilizada pelo IBGE, engrossada ainda pelos desempregados, pelas pessoas
ocupadas, mas que trabalham menos horas do que desejariam diariamente, e por
aquelas que estão disponíveis para trabalhar, mas estão fora do mercado por
algum motivo. No primeiro trimestre deste ano, Goiás contava um total de 730,0
mil subutilizados, um recorde na série histórica da PNADC. Esse número aumentou
22,5% em relação ao quarto trimestre do ano passado e muito mais que dobrou
desde o final de 2013, saltando 157%. A taxa de subutilização avançou de apenas
8,4% no quarto trimestre daquele ano para 18,7% no primeiro trimestre deste
ano, perdendo apenas para os 19,2% atingidos no primeiro trimestre de 2017.

Balanço

·  
O
número de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas,
geralmente empregadas em ofícios de meio período ou em “bicos” parciais, aumentou
16% desde o final do ano passado, saindo de 137,0 mil no quarto trimestre de
2018 para 159,0 mil no trimestre inicial deste ano, significando 4,8% da
população em idade ativa (segunda maior taxa na série histórica, “perdendo”
apenas para o terceiro trimestre de 2017 (5,0%).

·  
O
total de pessoas ocupadas no Estado tem oscilado frequentemente nos últimos
trimestres, com tendência geral à estagnação ao redor de 3,3 milhões, número
que vem se repetindo praticamente desde o terceiro trimestre de 2017.

·  
Nos
três primeiros meses deste ano, o mercado goiano empregou 3,327 milhões de
pessoas, em queda de 0,95% em relação ao trimestre imediatamente anterior, mas
perto de 1,6% acima das 3,276 milhões de pessoas ocupadas no primeiro trimestre
de 2018.

·  
Naqueles
12 meses foram abertas 51,0 mil vagas, graças ao avanço da população ocupada
por conta própria, enquanto os trabalhadores com carteira assinada registravam
baixa de 1,9% (correspondendo ao fechamento de 24,0 mil empregos com registro
formal).

·  
Os
ocupados por conta própria aumentaram 6,5% na mesma comparação, representando
53,0 mil a mais. Descontado esse contingente, os demais ocupados somaram 2,455
milhões, praticamente repetindo o número do primeiro trimestre de 2018 (2,457
milhões).

A indústria, que chegou a empregar 16,1% do
total de ocupados em todo o Estado em meados de 2012, reduziu sua participação
para 13,1% no começo deste ano, com 436,0 mil empregados (11,7% a menos do que
no terceiro trimestre de 2012). 

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