Medicamentos, etanol e biodiesel ajudam a derrubar produção industrial no Estado

Lauro Veiga

Postado em: 11-06-2019 às 21h05
Por: Sheyla Sousa
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Lauro Veiga

Não
têm sido tempos fáceis para a indústria em Goiás, como vêm mostrando os dados
da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a
produção industrial regional. Depois de um início de ano razoavelmente
positivo, com taxas até promissoras de crescimento observadas em janeiro e
fevereiro, os dois meses seguintes foram mais do que decepcionantes: passaram a
apontar uma tendência de maior debilitação do setor, com piora nos indicadores
e uma sinalização de números negativos para o fechamento do segundo trimestre –
ainda que os dados de maio possam vir positivos, diante da base achatada de
comparação, quando a atividade industrial foi afetada muito negativamente pela
greve dos caminhoneiros no mesmo mês do ano passado.

Desta
vez, o estrago não ficou concentrado no setor de extração mineral, que vem
acumulando dados extremamente negativos em decorrência principalmente do
fechamento da mina de amianto em Minaçu, explorada pela Sama (controlada, por
sua vez, pela Eternit, hoje em processo de recuperação judicial). A indústria
de transformação veio com números igualmente negativos em abril, sob influência
da queda na produção de medicamentos, etanol e biodiesel, mas com perdas
relevantes igualmente para o setor de fabricação de produtos de metal (excluído
o segmento de máquinas e equipamentos) e de veículos – setor que vem perdendo
importância rapidamente na composição do produto industrial em Goiás, quase
reduzido a uma situação de irrelevância, a despeito dos incentivos fiscais
concedidos pelo Estado.

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Retrocesso

Na
comparação com março deste ano, a produção caiu 1,4% em abril, o que se compara
com uma variação modestíssima (mas positiva) de 0,3% colhida pelo restante do
setor no País. Goiás revê o quarto pior resultado para o mês entre todas as
unidades da federação acompanhadas pelo IBGE. Na comparação com o mesmo mês do
ano passado, a produção caiu pelo segundo mês consecutivo, despencando 5,9% (em
março, a queda havia sido de 1,4%). Mais uma vez, o resultado veio pior do que
a média do País, que registrou baixa de 3,9%. O desempenho foi suficiente para
devolver todo o avanço de 2,2% acumulado no primeiro trimestre, já que a
produção estadual fechou o quadrimestre janeiro-abril com recuo de 0,2%. Na
série mais recente, sempre tomando igual período de 2018 como base para
comparação, a produção da indústria goiana havia avançado 4,8% e 3,9% em
janeiro e fevereiro, respectivamente, para experimentar, na sequência, dois
meses de perdas.

Balanço

·  
Ainda
em relação a idêntico período de 2018, ainda que a produção do setor de
extração mineral tenha encolhido 19,2% (com contribuição negativa dos segmentos
de fosfato, amianto, cobre, calcário e brita), esta não foi a principal
contribuição negativa, ao contrário do que havia sido verificado em março.

·  
O
tombo de 23% na produção de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, concentrado
no setor de medicamentos (por sua vez majoritariamente instalada em Anápolis,
Goiânia e Aparecida de Goiânia), contribuiu com pouco mais de 38% para a queda
de 5,9% observada para o conjunto da indústria estadual.

·  
As
perdas no setor de biocombustíveis (etanol e biodiesel) tiveram influência de 23,9%
na queda geral, expressa numa retração de 8,1% na produção do setor. A redução
pode ser explicada, em parte, pelo atraso no início da safra de cana de 2019/20
como decorrência das chuvas que caíram em abril, interrompendo a colheita.

·  
Com
baixa de 19,2% em abril (sobre o mesmo mês do ano passado), a indústria de
veículos contribuiu com 16,6% para a queda geral, com perdas para montadoras de
veículos de carga a diesel e automóveis.

·  
As
indústrias de produtos não metálicos, que atende principalmente o setor de
construção, e de produtos de metal, por sua vez, sofreram perdas de 3,4% e de
estrondosos 23,6%.

·  
Diante
desses números, a produção da indústria de transformação caiu 5,3% em abril,
mas encerrou o primeiro quadrimestre com ligeiro avanço de 0,7%.

No dado quadrimestral, a contribuição positiva
veio dos setores de alimentos, com elevação de 2,9% frente a igual período de
2018, e de biocombustíveis (mais 9,5%). 

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