Emprego formal continua estagnado, desemprego e informalidade avançam

As taxas de desemprego e da informalidade atingiram em agosto os níveis mais elevados nas medições realizadas pelo IBGE durante a pandemia - Foto: Divulgação

Postado em: 24-09-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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As taxas de desemprego e da informalidade atingiram em agosto os níveis mais elevados nas medições realizadas pelo IBGE durante a pandemia - Foto: Divulgação

Lauro Veiga

A
reabertura da economia, como esperado, veio acompanhada, em agosto, de um
aumento no número de pessoas em busca de uma colocação no mercado de trabalho
também em Goiás. Parte desse contingente, no entanto, ajudou a engrossar mais
um pouco a fila dos desempregados e o restante conseguiu apenas retornar à
informalidade, sem registro em carteira, sem direitos trabalhistas e nem
proteção do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As taxas de desemprego
e da informalidade atingiram em agosto os níveis mais elevados nas medições
realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) durante
a pandemia, por meio da edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD), mais conhecida como PNAD Covid-19.

Na
passagem de julho para agosto, o número de pessoas ocupadas em todo o Estado
chegou mesmo a avançar 1,41%, correspondendo à criação de 42,383 mil vagas, o que
elevou o total de ocupados de quase 3,015 milhões para 3,057 milhões. Ao mesmo
tempo, o total de desempregados também registrou ligeiro incremento na mesma
comparação, saindo de 468,189 mil para 477,977 mil, o pior número desde maio,
quando a PNAD Covid-19 foi iniciada, numa elevação de 2,1% ainda em relação a
julho. Foram mais 9,788 mil desocupados, o que fez a taxa de desemprego evoluir
ligeiramente de 13,4% para 13,5%.

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Parece
uma elevação muito modesta, mas em maio a taxa estava em 12,6%, com 448,517 mil
desempregados. Desde lá, o número de pessoas que procuraram emprego sem sucesso
aumentou 6,6%, causando elevação de 0,9 ponto de porcentagem na taxa de
desocupação. O desempenho foi menos pior do que na média do Brasil,
considerando o salto de 27,6% no total de desempregados entre maio e agosto (de
10,129 milhões para 12,926 milhões). Na média brasileira, a taxa de desemprego
ficou muito próxima do índice colhido em Goiás pelo instituto, na faixa de
13,6%. A diferença que ela saiu de um nível relativamente mais baixo, perto de
10,7%.

Lado real

Mesmo
as taxas observadas em agosto continuam refletindo números enganadores, já que
muitas pessoas que ainda gostariam de trabalhar abandonaram a busca de
empregos, seja por conta da pandemia ou da falta de trabalho, seja por outros
motivos. Em Goiás, na média de agosto, perto de 749,532 mil pessoas estavam
naquela situação, ou seja, um número 56,8% mais elevado do que todo o
contingente de desempregados. E a taxa de desemprego continuou avançando porque
parcela desse pessoal decidiu arriscar-se novamente na procura por uma ocupação
(muitos dos quais, como visto, sem resultados). Em julho, essa categoria
abrigava 783,997 mil pessoas, o que significa dizer que 34,465 mil delas
retomaram a busca por vagas em agosto, fazendo o número retrair-se em 4,4%. A
soma entre o total de desempregados e o número dos que interromperam a procura
por emprego, mas ainda gostariam de trabalhar, chegava, em agosto, a 1,228
milhão de pessoas, o que elevaria a taxa “real” de desemprego para 28,7% – abaixo
da média brasileira, que marcava 32,8% também em agosto.

Balanço

·  
O
número corresponde a 21,6% do total de goianos em idade ativa, ou seja, com 14
anos ou mais de idade, relação que atinge 23,6% na média do restante do País.Ou
seja, pouco mais de um quinto de todos os goianos naquela faixa etária não
conseguiram qualquer tipo de ocupação, o que se compara com 19,7% em maio deste
ano.

·  
Os
números da pesquisa, considerada experimental pelo IBGE e, portanto, não
comparáveis com os dados aferidos pela PNAD Contínua, o levantamento mais
tradicional do mercado de trabalho, refletem apenas a evolução dos indicadores
neste setor durante a pandemia, que não se comparam à situação observada antes
da crise sanitária, muito embora se possa antever uma clara piora nos números
do mercado de trabalho.

·  
De
volta à PNAD Covi-19, o aumento no número de ocupados entre julho e agosto foi
impulsionado integralmente pelo crescimento da informalidade. O total de
trabalhadores em ocupações sem registro em carteira, de empregadores que não
contribuem para o INSS e de trabalhadores sem remuneração, que em geral prestam
serviços a familiares e a conhecidos, aumentou praticamente 4,0% no Estado
entre aqueles dois meses. Esse número saiu de 1,102
milhão para 1,146 milhão, num acréscimo de 43,634 mil pessoas.

·  
No
lado formal do mercado, conforme sugerem as estatísticas do IBGE, o número de
ocupados praticamente não se moveu, estagnado em 1,911 milhão de pessoas. Na
comparação com maio, o total baixou 2,9%, com fechamento de 57,603 mil vagas
formais (saindo de um total de 1,969 milhão naquele mês).

·  
Esse
comportamento ajudou a derrubar o total de pessoas ocupadas em 1,74% desde
maio, quando 3,111 milhões de goianos ainda tinham algum emprego, em torno de
54,095 mil a mais do que em agosto.

·  
Também
em agosto, 45,1% do total de domicílios (1,048 milhão deles) registravam pelo
menos uma pessoa com acesso ao auxílio emergencial distribuído pelo governo
federal, acima dos 43,9% observados em todo o País. O valor real médio do
auxílio, já descontada a inflação, atingiu R$ 849,83 por domicílio em agosto,
correspondendo a 43,6% do rendimento real médio efetivamente recebido pelo
total de ocupados no período.

·  
O
pagamento do benefício ajudou a evitar perdas mais severas de renda pelas
famílias durante a pandemia e sua redução pela metade a partir de setembro
certamente trará reflexos negativos sobre decisões de consumo e sobre a
capacidade de sobrevivência daquelas famílias.

·  
O
pagamento do auxílio permitiu, por exemplo, uma maior aproximação entre os
valores da massa de rendimentos reais habitualmente recebidos pelos
trabalhadores e a soma total dos rendimentos efetivamente recebidos. Essa
relação, que era de 79,7% em maio, atingiu praticamente 90% em agosto.

 

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