Puxadas pela China, exportações e superávit serão recordes em 2020

Mesmo com queda, balança comercial deve continuar no nível mais elevado da história, isso se dá graças ao apetite do mercado chinês pela soja e carne bovina - Foto: Reprodução

Postado em: 05-12-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Puxadas pela China, exportações e superávit serão recordes em 2020
Mesmo com queda, balança comercial deve continuar no nível mais elevado da história, isso se dá graças ao apetite do mercado chinês pela soja e carne bovina - Foto: Reprodução

Lauro Veiga 

As
exportações goianas sofreram novo tropeço em novembro, na segunda queda mensal
consecutiva, na comparação com igual período do ano passado, causado
principalmente pelo mergulho nas vendas de soja em grão para fora do País. As
importações voltaram a cair no mês, consolidando uma tendência de retração
observada a partir de abril deste ano, o que não suficiente para impedir o
segundo recuo mensal em sequência do saldo entre vendas e compras externas. O
desempenho trôpego da balança comercial no trimestre final deste ano, no
entanto, não deverá impedir que exportações e saldo comercial encerrem 2020 no
nível mais elevado de toda a série histórica, graças ao apetite do mercado
chinês pela soja goiana e também pela carne bovina congelada.

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Os
dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços mostram que
Goiás exportou US$ 550,372 milhões em novembro, perto de 7,9% abaixo das vendas
realizadas em igual mês do ano passado, próximas de US$ 597,355 milhões. Embora
não tenha sido o único produto a experimentar queda nessa comparação, o
desempenho da soja foi determinante para o encolhimento das vendas externas no
período. Afinal, as exportações do grão despencaram 89,93% no período,
encolhendo de US$ 69,042 milhões para apenas US$ 6,950 milhões.

As
importações também ficaram menores, baixando de US$ 330,511 milhões em novembro
de 2019 para US$ 293,611 milhões no mesmo mês deste ano, numa queda de 11,16%.
Neste caso, três grupos de produtos explicam o retrocesso: produtos
farmacêuticos, que tiveram as compras reduzidas de US$ 88,418 milhões para US$
59,542 milhões, numa queda de 32,66%; veículos, partes e acessórios (baixa de
10,37%, de US$ 32,480 milhões para US$ 29,111 milhões); e caldeiras, máquinas e
aparelhos mecânicos (num tombo de 53,40%, de US$ 48,885 milhões para US$ 22,780
milhões).

Com
sobras

O
saldo entre exportações e importações, que já havia sofrido baixa de 32,4% em
outubro, voltou a recuar em novembro, mas num ritmo menos intenso. A baixa
agora foi de 3,78%, com o superávit saindo de US$ 266,844 milhões para US$
256,761 milhões. Por enquanto, a balança comercial goiana tem mantido saldo
suficiente para assegurar um fechamento de ano bastante positivo ainda. As
exportações goianas, acumuladas nos 11 primeiros meses deste ano, num total de
US$ 7,544 bilhões, em valores arredondados, já eram 5,75% mais elevadas do que
todas as vendas externas realizadas a partir de Goiás ao longo dos 12 meses do
ano passado (US$ 7,133 bilhão). O mesmo ocorre com o superávit comercial, mas
numa escala mais ampla: entre janeiro e novembro deste ano, o saldo entre
exportações e importações atingiu US$ 4,541 bilhões, diante de US$ 3,549
bilhões nos 12 meses de 2019, subindo 27,95%.

Balanço

·  
Nos
11 meses iniciais do ano passado, as exportações haviam alcançado US$ 6,531
bilhões e subiram 15,50% neste ano. As importações, que chegaram a US$ 3,329
bilhões entre janeiro e novembro de 2019, caíram 9,81%, para US$ 3,003 bilhões.
Com isso, o superávit aumentou 41,83%, já que havia alcançado pouco menos de
US$ 3,202 bilhões naqueles mesmos meses do ano passado.

·  
O
mercado chinês respondeu por praticamente todo o crescimento das exportações
goianas até novembro, anotando-se ligeiro recuo nas vendas para os demais
países de destino. As vendas goianas para a China, que chegaram a representar
perto de 36,0% do total entre janeiro e novembro do ano passado, aproximando-se
de US$ 2,348 bilhões, saltaram 44,04% neste ano, para US$ 3,382 bilhões (ou
seja, 44,84% do total exportado pelo Estado).

·  
Nessa
comparação, as exportações para os chineses registraram variação de US$ 1,034
bilhão. Para comparação, as vendas externas totais acumularam um acréscimo de
pouco menos de US$ 1,013 bilhão. As vendas goianas para todos os demais
mercados recuaram 0,52% na mesma comparação, de US$ 4,183 bilhões para US$
4,161 bilhões.

·  
As
importações de bens e mercadorias chinesas pelo Estado, que já eram baixas,
sofreram leve baixa de 0,53%, de US$ 426,117 milhões para US$ 423,865 milhões.
Isso ajudou a impulsionar o saldo comercial de Goiás em relação à China, que
saltou de US$ 1,922 bilhão para US$ 2,958 bilhões – um aumento de 53,93%.

·  
O
mercado chinês passou a responder por 65,15% de todo o superávit goiano em
2020, diante de uma participação já elevada, na faixa de 60,0%, no ano passado.
Mais impressionante, a elevação de US$ 1,036 bilhão no superávit com os
chineses correspondeu a 77,39% da alta experimentada pelo saldo comercial total
do Estado no período (mais US$ 1,339 bilhão).

·  
A
soja em grão e carne congelada responderam por 82,6% das exportações goianas
para a China e, na prática, explicam todo o avanço das vendas goianas para
aquele país. No primeiro caso, as exportações subiram de US$ 1,314 bilhão para
US$ 2,144 bilhões, numa alta de 63,1%, consolidando a soja como principal
produto na pauta de exportações para a China. Em torno de 85,6% da soja
exportada pelo Estado tiveram portos chineses como destino. Já as exportações
de carne congelada para o mesmo destino aumentaram 56,8%, de US$ 414,558
milhões para US$ 650,073 milhões (67,2% de toda a exportação do setor).

·  
Na
soma geral, as exportações de soja a partir do Estado alcançaram US$ 2,503
bilhões até novembro deste ano, um terço do total exportado, num avanço de 59,8%
frente aos mesmos 11 meses de 2019, quando haviam atingido US$ 1,566 bilhão. Os
embarques de carne bovina congelada cresceram em torno de 20,0%, saindo de US$
806,014 milhões para US$ 967,295 milhões. Os dois itens, em conjunto,
responderam por 46,0% de tudo o que Goiás exportou de janeiro e novembro deste
ano.

 

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