Coluna

Indústria goiana tropeça em novembro, mas produção deve fechar ano no azul

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 15 de janeiro de 2020

A
indústria goiana devolveu em novembro metade do crescimento observado um mês
antes, registrando a primeira baixa depois de uma sequência de cinco meses de
resultados positivos – o que não deixa de ser uma “façanha” se considerado o
desempenho sofrível do setor em todo o País e o cenário ainda de baixo
crescimento na economia brasileira como um todo. Os números da pesquisa da
produção industrial realizada mensalmente pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) não permitem uma visão desagregada dos dados do
setor mês a mês, mas os resultados até novembro asseguram um fechamento de ano
positivo para a indústria no Estado, influenciada, de forma mais destacada,
pelo aumento na produção de carnes, açúcar, biodiesel e etanol, com
contribuição positiva ainda da indústria de adubos e fertilizantes.

Em
grandes linhas, portanto, o avanço da produção em 2019, ao menos em Goiás,
deverá ser quase integralmente sustentado pelo agronegócio, com alguma
influência relativamente menos relevante das indústrias de medicamentos e de
veículos (que tem apresentado uma reação tardia após meses de forte retração ao
longo de 2019). Na passagem de outubro para novembro, a produção goiana sofreu
baixa de 2,1% (no sétimo pior resultado entre as 15 regiões acompanhadas pelo
IBGE), depois de ter avançado 4,1% na comparação entre setembro e outubro. A
queda foi mais intensa do que na média do País, já que a produção da indústria
como um todo havia recuado 1,2% em novembro.

A
retração pode ter sido influenciada por fatores sazonais, já que a produção da
indústria atinge níveis mais elevados em outubro, quando o setor se dedica a
atender às encomendas do varejo para as festas de fim de ano (assim como para a
campanha da chamada blackfriday, costume importado do Norte pelo marketing
local). O comportamento da produção, quando comparada a novembro de 2018,
parece reforçar aquela hipótese, muito embora o forte aumento registrado em
Goiás deva ser considerado com cautela.

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Base mais baixa

A
produção experimentou forte avanço tanto em outubro quanto em novembro do ano
passado, na comparação com iguais períodos de 2018, saltando respectivamente
11,2% e 10,3%. Nos mesmos dois meses de 2018, no entanto, a indústria havia
experimentado baixas de 7,8% e de 14,8% frente a outubro e novembro de 2017,
pela ordem. Mais claramente, o desempenho muito acima da média e ainda superior
às taxas que a produção industrial vinha registrando nos meses anteriores pode
ter sido influenciado pela base mais baixa de comparação, a exemplo do que
ocorreu em maio do ano passado. Naquele mês, a produção chegou a saltar 13,8%
frente a maio de 2018, quando a produção havia despencado 14,1% ainda como
consequência da paralisação realizada pelos caminhoneiros. A indústria de
transformação apresentou alta de 12,7% em novembro de 2019 (comparado ao mesmo
mês de 2018) e passou a acumular crescimento de 3,5% nos primeiros 11 meses do
ano passado.

Balanço

·  
As
estatísticas coletadas pelo Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) podem ajudar a compreender o desempenho da indústria
entre outubro e novembro do ano passado. A produção de biodiesel e de etanol
experimentou forte retração, em dados não dessazonalizados (quer dizer, sem
descontar os efeitos de fatores que ocorrem a cada mês especificamente; no
caso, a tendência natural de desaceleração da produção de cana e a entressafra
da soja).

·  
A
indústria produziu 76,5 milhões de litros de biodiesel em novembro, diante de
quase 88,8 milhões em outubro, registrando baixa de 13,7%. A produção de etanol
desabou 46,4%, saindo de 712,3 milhões para menos de 381,5 milhões de litros. A
indústria de biocombustíveis responde por algo em torno de 17,8% na composição
da produção de todo o setor industrial no Estado.

·  
A
comparação com novembro de 2018, ao contrário, mostra crescimento vigoroso, com
alta de 8,8% na produção de biodiesel e de 74% para o etanol. No acumulado
entre janeiro e novembro do ano passado, o Estado produziu 788,3 milhões de
litros de biodiesel e 5,332 bilhões de litros de etanol (anidro e hidratado),
com avanços de 14,1% e de 22,3% em relação a igual período de 2018,
respectivamente.

·  
As
indústrias de alimentos, que teve a produção ampliada em 6,7% em novembro de
2019, comparada a idêntico mês do ano anterior (puxada pela maior produção de
farelo e óleo de soja, açúcar cristal e carne bovina congelada), e de
biocombustíveis (mais 37,4% na mesma comparação) foram responsáveis por 89,4%
do crescimento experimentado por todo o setor. Detalhe: ainda na comparação com
novembro de 2018, o setor de biodiesel e etanol teve contribuição de
praticamente 56,0% no desempenho de toda a indústria naquele mês.

·  
As
montadoras instaladas em Goiás, juntamente com a indústria de biocombustíveis,
operaram a transição mais destacada, saindo de uma taxa acumulada negativa em
16,2% considerando o período de 12 meses encerrado em setembro, para uma taxa
positiva de 5,9% em 12 meses até novembro, depois de elevar sua produção em
38,2% em setembro, mais 96,1% em outubro e 79,3% em novembro, sempre em relação
a iguais períodos de 2018. O crescimento acumulado entre janeiro e novembro
atingiu 14,9% (lembrando que o setor responde por apenas 3,4% da produção total
da indústria).

·  
Apenas
para relativizar um pouco esses números e temperar os ânimos,
a produção da indústria goiana como um todo em novembro do ano passado ainda
encontrava-se 1,5% abaixo dos níveis registrados em novembro de 2017.