Coluna

Agropecuária sustenta quase 77% do superávit comercial de Goiás

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 07 de julho de 2020

As
exportações realizadas pelo setor agropecuário em Goiás experimentaram salto de
48,12% no primeiro semestre deste ano, na comparação com os primeiros seis
meses de 2019, avançando de US$ 1,246 bilhão para pouco menos de US$ 1,846
bilhão. A agropecuária passou a responder, com a contribuição do vigoroso
aumento nos embarques de soja, por 46,2% das vendas externas totais realizadas
a partir do Estado na primeira metade deste ano, diante de uma participação de
37,34% em igual intervalo do ano passado. O aumento, de US$ 599,518 milhões,
correspondeu por sua vez a praticamente 90% de todo o avanço acumulado no
período pelas exportações goianas totais, que, como visto, registraram
acréscimo de US$ 666,491 milhões, saindo de US$ 3,329 bilhões para US$ 3,995
bilhões, em alta de 20,0%.

A
contribuição foi igualmente relevante para a formação do superávit comercial,
quer dizer, na diferença entre exportações e importações. Além de depender
muito pouco de importações, o setor agropecuário ainda reduziu suas compras lá
fora em 13,47% entre os dois períodos analisados, o que reduziu os valores
importados de US$ 9,013 milhões para US$ 7,799 milhões. Como resultado, o saldo
comercial do segmento cresceu 48,56%, quase em linha com as exportações
realizadas pela agropecuária e também no ritmo apenas levemente superior àquele
registrado pelo superávit comercial total de Goiás.

Nos
seis primeiros meses de 2019, o saldo da agropecuária havia alcançado US$ 1,237
bilhão, o que já havia correspondido a expressivos 76,7% do superávit total.
Neste ano, o valor atingiu US$ 1,838 bilhão no acumulado entre janeiro e junho
deste ano, o que significou uma elevação discreta em sua contribuição, para
algo em torno de 76,9%. Não por coincidência, o setor teve participação pouco
acima de 77,0% no incremento anotado pelo saldo comercial do Estado. Mais
claramente, enquanto o superávit total anotou variação equivalente a US$
778,919 milhões, o saldo da agropecuária variou US$ 600,732 milhões.

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Demais setores

Todo
o restante da economia produziu um saldo comercial de US$ 553,362 milhões, o
que representou um aumento de 47,5% frente ao resultado acumulado nos seis
meses iniciais do ano passado, que havia alcançado US$ 375,175 milhões. A
indústria de transformação desempenhou papel importante no processo, ao gerar
um saldo positivo de US$ 398,430 milhões em suas relações comerciais com o
restante do mundo na primeira metade deste ano. Para comparação, o superávit
mais do que dobrou, saindo de US$ 168,818 milhões entre janeiro e junho de
2019, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), para US$
398,430 milhões neste ano, em igual intervalo. Ou seja, o aumento chegou a
136,0%. A influência mais relevante, no entanto, veio da queda nas importações,
com as exportações do setor crescendo bem abaixo da média de todos os demais
segmentos da economia.

Balanço

·  
As
exportações da indústria de transformação somaram US$ 1,967 bilhão no primeiro
semestre deste ano, diante de US$ 1,854 bilhão no mesmo período do ano passado,
numa variação de 6,10%. A participação do setor na pauta de exportações do
Estado recuou de 55,72% para 49,25%.

·  
Mas
as importações caíram 6,91% entre os dois semestres, baixando de US$ 1,686
bilhão para US$ 1,569 bilhão. A queda foi menos intensa do que a observada para
o total das compras externas realizadas pelo conjunto das empresas no Estado, que
encolheu 11,64% na mesma comparação. O comportamento, no entanto, refletiu de
certa forma os impactos da crise sanitária sobre a atividade industrial.

·  
As
maiores quedas nesta área vieram das compras externas de veículos, tratores,
partes e acessórios, que sofreram baixa de 38,5%, encolhendo de US$ 224,491
milhões para US$ 137,984 milhões, assim como das importações de caldeiras e
aparelhos mecânicos, que sofreram baixa de 30,4% no primeiro semestre desde
ano, caindo de US$ 185,229 milhões para US$ 128,848 milhões.

·  
Na
ponta das exportações da indústria de transformação, que incluem também
indústrias de base agropecuária (à exemplo dos complexos soja e
sucroalcooleiro), a China foi destaque no semestre, a despeito da retração da
atividade naquele país em função da pandemia. As vendas de produtos do setor
para aquele mercado subiram quase 49,0% no semestre, saltando de US$ 348,308
milhões para US$ 518,820 milhões. A participação do país oriental no valor
total das exportações da indústria goiana de transformação elevou-se de 18,78%
na primeira metade do ano passado para 26,36% neste ano.

·  
Sem
o mercado chinês, as exportações da indústria teriam sofrido recuo de 3,81%,
baixando de US$ 1,506 bilhão para US$ 1,449 bilhão. A contribuição mais
negativa veio do Irã, que reduziu as compras de produtos manufaturados goianos
em 85,6%, de US$ 65,424 milhões para apenas US$ 9,420 milhões. Na sequência, a
Itália surge com retração de 79,1%, encolhendo fortemente de US$ 186,856
milhões em 2019, quando havia sido o segundo mercado de destino de manufaturas
goianas, para US$ 39,072 milhões. Os embarques para o Reino Unido, da mesma
forma, ficaram 42,24% menores, saindo de US$ 72,534 milhões para US$ 41,892
milhões.

·  
Com
sinal inverso, além dos chineses, destacaram-se Canadá (com salto de 197,0%, de
US$ 15,714 milhões para US$ 46,665 milhões), Espanha (mais 153,3%, de US$
27,298 milhões para US$ 69,150 milhões) e Estados Unidos (alta de 27,36%, de
US$ 88,332 milhões para US$ 112,504 milhões).