Atleta paradesportivo de Jiu-Jitsu de Goiás compete contra atletas não amputados

Diego Barros Oliveira é competidor e atleta paradesportivo, mas compete contra atletas não amputados na categoria pluma - Foto: Divulgação

Postado em: 12-07-2019 às 13h45
Por: Raphael Bezerra
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Diego Barros Oliveira é competidor e atleta paradesportivo, mas compete contra atletas não amputados na categoria pluma - Foto: Divulgação

Os acidentes de trânsito no Brasil matam mais de 40 mil pessoas e deixam outras 400 mil com alguma sequela, segundo os dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde e DPVAT. Sequelas que podem se tornar grandes obstáculos na hora de realizar atividades simples do cotidiano, como brincar, praticar atividades físicas, ir ao mercado, dançar, ou até mesmo se tornar um atleta. Mas transformar uma tragédia em uma história de superação, não é para qualquer um, porém Diego Barros Oliveira, de 31 anos, fez do acidente uma nova maneira de enxergar a vida.

Diego é estudante do quarto período de Educação Física da Faculdade Estácio de Goiás e segundo seu treinador, Mestre Frederico Pimentel, ele é uma das grandes histórias de superação. Oliveira é atleta paradesportivo, mas compete contra atletas não amputados na categoria pluma (até 64 quilos) na faixa marrom. Recentemente, conquistou o ouro no jiu-jitsu dos Jogos Universitários (JUGs), realizado em abril em Brasília.

O estudante tinha 18 anos quando sofreu um acidente grave, que poderia ter perdido a vida. “Tive que amputar a perna para sobreviver, é uma decisão horrível, mas agora estou bem”, afirma. Ele conta que o esporte entrou na vida dele como terapia ocupacional. “Após ser atropelado, fiz a reabilitação, parei de trabalhar e fiquei ocioso”, revela. Diego treina quatro horas por dia – duas de preparação física com musculação e natação e as outras duas com a luta.

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O atleta precisou adaptar alguns golpes para conseguir acompanhar os colegas e superar a deficiência. “No início todos me olhavam com uma expressão de pena, e falavam que eu amava muito o esporte para persistir nele. Na verdade, eu precisava do jiu-jitsu para voltar a viver. Cada treino é um novo aprendizado e um novo desavio a ser superado. Por exemplo, o golpe Triangulo necessita das duas pernas para finalizar, no meu caso consegui suprir a falta da perna com o meu braço”, explica.

Hoje, Diego conseguiu a admiração dos mestres, dos colegas e adversários, mas nem sempre foi assim. “Muitos não acreditavam que eu conseguiria competir na categoria sem deficiência, que não ia me adaptar aos golpes e finalizar com perfeição. Mas a minha força de espírito é tão grande como a minha força física”, afirma.

Revela ainda que o preconceito hoje, quase não existe. “Muita gente me respeita e elogia, mas já teve casos de competidores não subirem ao pódio porque não aceitavam perder para um atleta de uma perna só. Isso aconteceu no Open Internacional, na Argentina, acho que o atleta ficou chateado porque eu era brasileiro e deficiente”, brinca Oliveira.

Diego treina jiu-jitsu há dez anos e hoje, com uma perna, coleciona vitórias, participa de várias competições tradicionais e conta com apoio com bolsa de estudos da Faculdade Estácio. “É uma honra muito grande poder contar com o apoio da Bolsa da Estácio. Que irá somar bastante na minha formação acadêmica e no esporte, assim posso ir mais longe. Quando você se sente produtivo estudando, aprendendo, se formando, você acaba rendendo melhor em tudo na sua vida, inclusive dentro do tatame”, afirma.

O atleta coleciona prêmios, ele já conquistou o primeiro lugar do Open do México e foi vice-campeão em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, em 2017. Também faturou o Sul- Americano, além de outras conquistas. Agora ele se prepara para o Brasileiro sem Kimono, em setembro, no Rio de Janeiro e para o Sul-americano, em novembro.  

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