Exposição ‘Avoar’ de Pedro Dias chega à galeria do Lowbrow, em Goiânia

Com muita cor em meio a uma história de superação, As 15 telas em óleo ficam em cartaz até o dia 3 de março | Foto: Divulgação/Galeria do Lowbrow

Postado em: 09-02-2021 às 09h50
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Exposição ‘Avoar’ de Pedro Dias chega à galeria do Lowbrow, em Goiânia
Com muita cor em meio a uma história de superação, As 15 telas em óleo ficam em cartaz até o dia 3 de março | Foto: Divulgação/Galeria do Lowbrow

Elysia Cardoso

Aos 60 anos de idade, Pedro Dias
ganha exposição na galeria de arte do Lowbrow. A mostra contará com cerca de 15
telas em óleo e também em acrílico. ‘Avoar’, como foi batizada a exposição que
tem curadoria do proprietário da galeria, Roan Andrade, fica em cartaz até o
dia 3 de março. A mostra abre para visitação às 18h.

“Batizamos a exposição de Avoar
porque o Pedro usa muitos pássaros em sua arte. Arte que fez com que ele
criasse novas expectativas e voasse”, diz Roan. O curador conheceu, primeiro, a
obra e depois ficou sabendo da história de Pedro. “Me encantei e quis
conhece-lo já com a intenção de ajuda-lo e mostrar o seu belo trabalho para um
grande público; e cá estamos”, revela Roan, responsável pelo lançamento do
artista no mercado de artes.

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Pedro encontra inspirações nas
paisagens, em revistas, fotos e memorias, que por meio da pintura ganham vida.
“Ele traz para a obra dele coisas do cotidiano de sua infância, de momentos
sensoriais onde ele se sentia feliz. Além dos pássaros, suas obras também trazem
as festas e folias. Também tem a pipa, que remete as brincadeiras de criança.
Além dessa pegada que ele traz pra obra, a arte fez com que ele voasse e saísse
de um período depressivo para uma nova oportunidade de vida”, conta o curador.

Sobre o artista Pedro Dias

Pedro Dias não sabia que era
artista até o dia em que deu suas primeiras pinceladas já na vida adulta. Ele
integrava a Colônia Santa Marta, lugar em que morou por anos. Pedro era
relojoeiro, quando foi diagnosticado com hanseníase. Foi aí que tudo mudou, e
ele perdeu o encanto pela vida.

Mas o destino prepara surpresas.
Depois de muito sofrer, não conseguir andar, as coisas começaram a mudar para
ele já nos seus 42 anos. Graças à equipe de psicologia e à enfermeira Maria do
Rosário, que por contra própria conseguiu uma cirurgia, Pedro voltou a andar.
Enquanto interno da casa de apoio, redescobriu o gosto em viver, em pinceladas
vigorosas e cores vibrantes.

Com toda a sua modéstia e
simplicidade, Pedro conta que no inicio não era muito confiante em suas obras,
mas se surpreendeu ao ver como sua arte pode cativar o mundo.  “Me descobri na arte quando peguei gosto por
pintar. Na verdade eu não achava que eu pudesse fazer uma pintura e ter pessoas
gostando dela. O primeiro quadro que fiz pintei na brincadeira, como se tivesse
brincando com a tela e alguém que não era nem brasileiro chegou e gostou da
tela, isso me assustou. Fiquei tipo ‘ Nossa, alguém gostou!’. E essa tela hoje
está nos Estados Unidos”, relembra Pedro em entrevista ao Essência.

Miscelânea Cultural

Todas estas atrações fazem parte
do projeto Miscelânea Cultural, aprovado pelo Fundo de Arte e Cultura do Estado
de Goiás. O projeto tem como intuito a dinamização de espaços culturais,
oferecendo programação gratuita e de qualidade, com exposições de arte,
oficinas e debates artístico-culturais e shows. A programação do Miscelânea
terá duração de quatro meses.

Roan reforça a importância de
projetos como o ‘Miscelânea Cultural’ para a propagação da arte democrática. “Além
de trazer a cultura e abrir portas para quem não tem oportunidade, o projeto
também agrega humanismo. Se não fosse o projeto Pedro nunca teria uma
exposição. Os bate-papos da Miscelânea, as oficinas são bem voltadas para uma
linguagem que não é muito explorada. A gente trabalha com as minorias e tentar
dar voz a elas”, finaliza Roan.

Por enquanto, Pedro curte o momento da
exposição. Após um intenso ano de 2020 imerso em suas produções, ele agora
colhe frutos de uma vontade que nasceu lá no passado: a de eternizar a natureza
que tanto ama, e os voos de seu imaginário. 
Questionado sobre o projeto, Pedro reforça bastante a sua gratidão para
aqueles que tornaram a mostra possível. “Achei uma coisa tão boa, fiquei tão
feliz. Meu único pensamento agora é levar a mostra em frente. (Especial para O Hoje)

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