Quinta-feira, 28 de março de 2024

Coluna

As mulheres que influenciam a política internacional nos dias de hoje

Publicado por: Marcelo Mariano | Postado em: 08 de março de 2021

Marcelo Mariano*

O Dia Internacional da Mulher é comemorado em 8 de março
porque foi nessa data, em 1917, que Alexandra Kollontai organizou um protesto
de mulheres responsável por ajudar a derrubar o então czar da Rússia, Nicolau
II.

Mais tarde, em 1975, a Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU) oficializou 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
Em outras palavras, a data tem tudo a ver com relações internacionais.

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No dia de hoje, portanto, vale a pena abordar o assunto do
ponto de vista da política internacional. Atualmente, dos 193 países-membros da
ONU, apenas 23 têm uma mulher eleita como chefe de governo ou de Estado.

No Legislativo, embora representem mais da metade da
população mundial, mulheres são maioria em somente três países: Ruanda, na
África; Cuba, na América Latina; e Emirados Árabes Unidos, no Oriente Médio.

O voto feminino, em muitos lugares, é bastante recente. Na
Suíça, localizada no coração da Europa, as mulheres conquistaram esse direito
só em 1971. No Brasil, foi em 1934.

Há muitas mulheres competentes que ficam de fora da política
por causa de sistemas injustos. E as que conseguem entrar frequentemente são
alvos de piadas machistas e até mesmo assédio, como ocorreu recentemente com Isa
Penna, uma deputada estadual de São Paulo que teve os seios apalpados por outro
parlamentar em pleno ambiente de trabalho.

Ainda há um longo caminho a percorrer para que exista, de
fato, uma igualdade de condições. Apesar disso, hoje, mulheres de diferentes
pensamentos ideológicos se destacam e influenciam a política internacional.

Pensando nisso, elaborei uma lista, baseada em uma
representação regional, com seis exemplos – óbvio que existem muito mais.

Em primeiro lugar, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel,
no cargo desde 2005. De lá para cá, ela comandou a maior economia da Europa
durante três momentos delicados: a crise de 2008, o fluxo de refugiados e,
agora, a pandemia do novo coronavírus. Merkel deixa o poder ainda em 2021.

Do outro lado do Atlântico, a vice-presidente dos Estados
Unidos, Kamala Harris. Como vice, ela acumula a função de presidente do
Senado, que está literalmente dividido entre democratas e republicanos. Logo, Harris
terá o voto de desempate em muitas discussões importantes.

Na Oceania, o destaque é a primeira-ministra da Nova
Zelândia, Jacinda Ardern, cuja empatia chamou a atenção do mundo à época
do ataque terrorista de um supremacista branco contra muçulmanos em
Christchurch, no sul do país, em 2019. Mais recentemente, Ardern também ganhou
as manchetes internacionais por seu efetivo combate à Covid-19.

Na Ásia, Aung San Suu Kyi, vencedora do Prêmio Nobel
da Paz de 1991, foi deposta por meio de um golpe militar no início de
fevereiro, mas manifestantes seguem nas ruas pedindo sua volta ao poder e a
restauração da democracia em Mianmar. As mulheres, aliás, estão na linha de
frente dos protestos.

Também em fevereiro, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala,
ex-ministra das Finanças de seu país e com uma carreira de mais de 20 anos no
Banco Mundial, tomou posse como diretora-geral da Organização Mundial do
Comércio (OMC). Ela terá o enorme desafio de liderar a OMC em um mundo com
crescente tensão comercial entre Estados Unidos e China.

Por fim, a chilena Michelle Bachelet, ex-presidente
de seu país em duas oportunidades. Desde 2018, ela é a alta comissária das
Nações Unidas para os Direitos Humanos, com a missão proteger os direitos
humanos e denunciar suas violações em todo o mundo, batendo de frente com
vários líderes autoritários.

Há, claro, possíveis críticas a todas elas – afinal, são
políticas. Suu Kyi, por exemplo, é acusada de fazer vista grossa ao genocídio
da minoria étnica Rohingya. Mas, acima de tudo, é preciso respeitá-las, assim
como todas as outras mulheres do mundo.

*Assessor internacional da Prefeitura de Goiânia e
vice-presidente do Instituto Goiano de Relações Internacionais (Gori). Escreve
sobre política internacional às segundas-feiras.