Pesquisa analisa representação feminina em HQ´s de heroína

O estudo observou as características das narrativas de HQs referentes à Mulher Maravilha de 1941 a 1943, período que compõe a Era Dourada dessas produções

Postado em: 14-06-2017 às 15h00
Por: Toni Nascimento
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O estudo observou as características das narrativas de HQs referentes à Mulher Maravilha de 1941 a 1943, período que compõe a Era Dourada dessas produções

Da
Redação

A maior super-heroína de todos os tempos teve sua estreia
nas telonas no início deste mês, 75 anos após sua criação nas páginas das
histórias de quadrinhos (HQs) da editora DC Comics. Tardia, a adaptação
cinematográfica da Mulher-Maravilha reacendeu discussões sobre a
representatividade feminina na cultura pop. Pesquisa da Universidade Federal de
Goiás (UFG) analisou essa questão e concluiu que, apesar de substituir o papel
da donzela em perigo pelo da guerreira invencível, por muitas vezes a
Mulher-Maravilha reproduz valores sociais que reforçam a ideia de inferioridade
da mulher e dependência em relação ao gênero masculino.

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O estudo, realizado na Unidade de Letras e Linguísticas
da Regional Catalão da UFG, pela pesquisadora Jaqueline dos Santos Cunha, sob
orientação do professor Alexander Meireles da Silva, observou as
características das narrativas de HQs referentes à Mulher Maravilha de 1941 a
1943, período que compõe a Era Dourada dessas produções. Segundo o trabalho, a
super-heroína é produto criativo de William Marston, que idealizou uma
personagem como uma espécie de propaganda psicológica sobre o tipo de mulher
que viria a governar o mundo: bela, doce, altruísta, patriótica e forte.

Ambiguidades

Criada por homens, a super-heroína realmente foi
retratada como forte, inteligente, culta e independente. Além disso, ela
colabora para a emancipação de outras mulheres dentro da obra, aconselhando-as
também a serem assim. Em contrapartida, influenciada pela ótica patriarcal que
deu vida à personagem, a história apela para o prazer visual, com diminuição de
roupas de Diana ao ser transformada em Mulher-Maravilha, e trata outras
personagens mulheres como objetos sexuais. Segundo levantamento do estudo, em
26 histórias da Mulher-Maravilha, há 118 cenas de mulheres amarradas ou
acorrentadas, sendo que 54 delas retratam a própria super-heroína, além de sete
cenas de agressão a mulheres.

Segundo o professor Alexander Meireles da Silva, por
muito tempo as HQs perpetuaram em suas páginas a visão que a sociedade tinha da
mulher, retratando-as como belas, sensuais, par romântico do herói ou
desempenhando profissões usualmente enxergadas como sendo ligadas ao feminino,
como por exemplo, de secretárias e enfermeiras: “Isso só foi começar a mudar a
partir dos anos 60 e 70, com a Revolução Cultural nos Estados Unidos. Hoje, as
mulheres ainda lutam para criar novas personagens femininas e redefinir outras
já consagradas, de modo a refletir a posição da mulher atualmente. Porém, ainda
há muita resistência e machismo no meio, tanto por parte de editores quanto por
parte de leitores”.

Filme

Dirigido por Patty Jenkis, o filme Mulher-Maravilha conta
a história de Diana, a princesa de uma paradisíaca ilha, treinada desde cedo
para ser uma guerreira imbatível, que descobre uma guerra sem precedentes no
mundo e decide deixar seu lar certa de que pode parar o conflito. De acordo com
Alexander Meireles da Silva, a adaptação cinematográfica captou com perfeição a
essência da personagem, mostrando que os problemas da sociedade passam pela
falta de equilíbrio na relação entre homens e mulheres.

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