Estratégia para a recuperação de bebês prematuros

Assistência humanizada estimula desenvolvimento físico e emocional do recém-nascido, além de reforçar vínculo entre mãe e filho

Postado em: 27-12-2017 às 14h40
Por: Márcio Souza
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Assistência humanizada estimula desenvolvimento físico e emocional do recém-nascido, além de reforçar vínculo entre mãe e filho

Os nascimentos prematuros são
responsáveis por quase metade das mortes de recém-nascidos no mundo. No
Brasil, 11,7% do total de nascimentos acontecem antes de 37 semanas de
gestação, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Esses pequenos necessitam
de suporte para adquirir peso e condições de sobrevivência, pois são crianças
incapazes de mamar e com reflexos baixos que devem ser estimuladas para a
recuperação plena das capacidades vitais. Nessa situação, o Método Canguru é de
extrema importância para a os prematuros porque garante uma recuperação mais
rápida e eficiente ao reduzir o tempo de internação e a necessidade de
intervenção em UTIs.

A assistência neonatal humanizada
estimula o desenvolvimento físico e emocional do bebê, reduz o estresse, a dor
e o choro do recém-nascido; estabiliza o batimento cardíaco, a oxigenação e
temperatura do corpo do bebê; ao ouvir o som do coração e da voz da mãe, o bebê
fica mais calmo e sereno; aumenta o vínculo mãe-filho; favorece o aleitamento
materno; contribui para a redução do risco de infecção hospitalar; proporciona
maior confiança dos pais nos cuidados com o bebê e contribui para a otimização
dos leitos de UTI. O programa é uma das medidas que complementam o cuidado
integral de bebês, assim como a Rede Cegonha – estratégia que oferece
atendimento humanizado à saúde das mulheres e crianças até dois anos na rede
pública com acompanhamento do pré-natal, parto e puerpério.

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Juliana Gonçalves Vieira deu à
luz ao Davi prematuramente no Hospital Materno Infantil (HMI). O nascimento
antecipado do filho a pegou de surpresa. “Durante uma viagem que fiz a casa de
parentes, senti um forte mal estar e percebi que poderia ser algo com meu bebê.
Passei por um período muito difícil depois que ele nasceu, mas recebi todos os
cuidados que precisava aqui no hospital. A equipe que me atendeu foi
maravilhosa”, disse, emocionada. Já no caso da dona de casa Sirlene Bento
Moura, a hipertensão arterial foi a causa do parto da pequena Emanuele Vitória
antes do previsto. A mãe contou que teve medo de perder a filha. “Os médicos
que me atenderam foram muito bons”, revelou a mãe.

Médica neonatologista do HMI,
Maria Bárbara Franco afirma que o método Canguru é a assistência humanizada ao
recém-nascido de baixo peso (menos de 2,5 quilos) e consiste em estímulo ao
empoderamento da família participando dos cuidados dos bebês mesmo que
necessitem de longa permanência de internação hospitalar. “Assim, nós os
preparamos para o cuidado a nível domiciliar, que ocorre mais precocemente
quando utilizamos o método. Ele envolve o contato pele a pele no qual o bebê
permanece na posição canguru com seus pais e familiares pelo tempo em que ambos
acharem prazeroso e beneficia o ganho de peso, estimulando o aleitamento
materno já que o leite da própria mãe é o melhor alimento para ele”, frisou a
especialista. Ela afirma que apoia o método por acreditar ser a melhor
estratégia de assistência – baseado em evidências científicas – aos
recém-nascidos, que são extremamente vulneráveis.

A eficácia do método Canguru é
baseada em estudos científicos. A médica reforça que dados da Organização
Mundial de Saúde (OMS) apontam que se 95% das intervenções do método Canguru
for aplicada, a redução de morte de prematuro chega a 48%. Por isso, a orientação
sobre a estratégia começa durante o pré-natal. Na unidade, a metodologia é
aplicada com regularidade pelo fato de ser referência para gestação de alto
risco o que significa nascimentos de muitos prematuros. 

O método Canguru é o nome mais
comum para a chamada Norma de Atenção Humanizada ao Recémnascido
de Baixo Peso, instituída no ano 2000. A medida tem como proposta contribuir
para a mudança de postura dos profissionais, visando à humanização da
assistência ao recémnascido. Com viés humanizado do atendimento, a estratégia
engloba o protagonismo e responsabilidade da equipe assistencial, que deve
promover a aproximação entre a mãe e o bebê com o objetivo de fortalecer o
vínculo afetivo durante os cuidados intensivos e garantindo o alojamento conjunto. 

“Esse contato direto, além de ser muito confortável à criança, remete à
sensação de estar novamente dentro do útero da mãe, pois ele consegue sentir os
batimentos cardíacos dela, o seu calor e a movimentação da sua respiração. Isso
é muito importante, pois os prematuros costumam apresentar apneia e, com isso,
esquecem de respirar com a frequência necessária. Daí, naturalmente eles se
recordam”, lembra Maria Bárbara. 

Foto: Reprodução

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