Ancine quer aumentar participação feminina nas produções audiovisuais

A última pesquisa mostra que a participação de mulheres na direção de filmes foi de 19,7. Em média, a participação de mulheres nos filmes lançados comercialmente no Brasil alcança 15%. Dependendo do ano, chega a 21%; em 2014, registrou apenas 10%.

Postado em: 03-06-2019 às 10h00
Por: Suzana Ferreira Meira
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A última pesquisa mostra que a participação de mulheres na direção de filmes foi de 19,7. Em média, a participação de mulheres nos filmes lançados comercialmente no Brasil alcança 15%. Dependendo do ano, chega a 21%; em 2014, registrou apenas 10%.

Criar instrumentos para aumentar a participação feminina nas produções
audiovisuais é uma das preocupações da Agência Nacional do Cinema (Ancine). A
última pesquisa mostra que a participação de mulheres na direção de filmes foi
de 19,7. Em média, a participação de mulheres nos filmes lançados
comercialmente no Brasil alcança 15%. Dependendo do ano, chega a 21%; em 2014,
registrou apenas 10%.

Por conta disto, a agência
promoverá em junho o Seminário
Internacional de Mulheres no Audiovisual
. Além de trazer experiências de
outros países, será assinado um memorando de entendimento entre a Ancine e a
entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das
Mulheres, conhecida como ONU Mulheres, para aumentar a igualdade de gênero no
setor audiovisual, por meio da promoção de ações transversais em diversas
áreas.

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“A Ancine vê isso [a
participação feminina] como uma distorção. É por isso que estamos realizando
esse seminário”, disse à Agência
Brasil
 a diretora da Ancine, Débora Ivanov. O evento acontecerá
no dia 13 de junho, em São Paulo, e 14 de junho, no Rio de Janeiro.

Paridade e cotas

Desde 2018, a Ancine já
concretizou duas ações. A primeira estabeleceu paridade de gênero nas comissões
de seleção de filmes para recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
“Já tem um peso mais feminino na seleção de obras”, disse Débora. A
segunda ação foi o estabelecimento de cotas para participação de gênero e raça.
“Foram dois passos importantes, mas ainda há muito a ser feito”,
reconheceu a diretora.

De acordo com a pesquisa da
Ancine de 2018, do total de filmes brasileiros lançados em 2016, somente 2%
foram dirigidos por homens negros, enquanto nenhuma mulher negra assinou a
direção de um filme.

Débora citou a experiência
de política pública que a convidada internacional Amanda Nevill,
diretora-executiva do British Film Institute (BFI), órgão do Reino Unido,
apresentará no seminário. O BFI é considerado referência mundial na
implementação de políticas para a diversidade no setor audiovisual britânico.
Funcionando como agência do audiovisual do Reino Unido, o BIF estabeleceu uma
política muito clara para promoção da diversidade em toda a cadeia produtiva,
disse a diretora da Ancine. “É uma inspiração para nós”, afirmou.

Movimento civil

Da Alemanha, vem a
experiência da ProQuoteFilm, que Barbara Rohm vai apresentar no seminário. A
ProQuoteFilm é uma organização da sociedade civil criada em 2014 para promover
a igualdade de gênero na indústria cinematográfica e televisiva alemã. Lá, como
no Brasil, menos de um quarto dos filmes é feito por cineastas do sexo
feminino. Débora Ivanov analisa que a experiência da Alemanha abre a
possibilidade de conhecer o movimento da sociedade civil na luta para aumentar
a inclusão de filmes nos festivais que sejam produzidos, dirigidos e
roteirizados por mulheres. “É importante falar sobre isso sempre porque as
políticas públicas são impulsionadas pelo movimento civil”, comentou a
diretora da Ancine.

A presidente da Comissão de
Gênero, Raça e Diversidade da Ancine, Carolina Costa, destacou que o BFI do
Reino Unido pede provas da diversidade de gênero nos filmes de várias formas,
desde a etapa de estágio até a hora de postular recursos públicos. “Isso é
muito útil”, apontou. Carolina reconhece, entretanto, que a questão de
raça é mais aguda que a de gênero. Argumenta que o estabelecimento de cotas
para mulheres e para negros pode resolver a questão da diversidade racial, mas
é preciso que desde o primeiro edital as políticas públicas abordem essa
questão em profundidade.

Débora Ivanov afirma que no
Reino Unido, a política do BFI tem um papel mais liberal. No lugar de cotas, eles
colocaram pontuações nos editais que as obras audiovisuais têm que atender para
concorrer aos recursos públicos de fomento. Na Alemanha, existe o sistema de
cotas. Na Suécia, foi implantado também o sistema de cotas que já alcançou a
paridade de gênero (50% homens, 50% mulheres), lembrou Débora. Disse que o
seminário servirá para conhecer as diferentes propostas para promoção da
diversidade de gênero. O objetivo é inspirar os gestores públicos e, ao mesmo
tempo, envolver no debate os movimentos sociais para propor meios mais efetivos
de combater a desigualdade existente no meio audiovisual nacional e
internacional.

Parceria

O seminário conta com a
parceria do Serviço Social do Comércio de São Paulo (Sesc São Paulo), da
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e do
Goethe-Institut. Na capital paulista, no dia 13 de junho, o evento acontecerá
na sede do Sesc, na Avenida Paulista, a partir das 9h. No Rio, será realizado
na Casa Firjan, localizada na Rua Guilhermina Guinle, em Botafogo, no mesmo
horário. (Agência Brasil)

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