Hungria cria força especial para proteger as fronteiras

Governo húngaro emprega “Caçadores das Fronteiras” para frear entrada de imigrantes

Postado em: 06-07-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Governo húngaro emprega “Caçadores das Fronteiras” para frear entrada de imigrantes

A Hungria acaba de criar uma força especial para proteger as suas fronteiras dos imigrantes que está gerando polêmica dentro e fora do país. Tratam-se dos “Caçadores das Fronteiras” (Border Hunters), as novas forças de segurança húngaras que recebem um treinamento expresso para deter os imigrantes e refugiados que chegam à fronteira do país. A iniciativa é parte da implacável política anti-imigração do primeiro ministro Viktor Orban. A informação é da agência Télam.

A ideia do líder nacionalista de criar estas unidades especiais com um nome tão sugestivo colocou em alerta as organizações de direitos humanos que assistem os refugiados e que, no passado, já denunciaram abusos por parte das forças de segurança húngaras.

Os aspirantes a Border Hunters devem ser maiores de 18 anos e haver terminado o ensino médio. O salário que lhes é oferecido é de cerca de 700 euros, cerca de 20% acima do salário mínimo local.

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Rota dos Balcãs

A Hungria é uma das entradas pelo leste europeu ao espaço de livre circulação Schengen da União Europeia (UE). Durante a crise migratória de 2015, milhares de refugiados e imigrantes ingressaram no território húngaro pela fronteira sul do país, através da Sérvia e da Croácia (a chamada rota dos Balcãs). Em sua maioria com o objetivo de chegar a Alemanha e outros países do coração da Europa.

Apesar da Hungria ser um país de trânsito, Orban se converteu no principal defensor do fechamento das fronteiras europeias, liderando o boicote dos países do Leste aos intentos da UE de receber os refugiados.

“Blindagem”

O primeiro ministro húngaro “blindou” seu país levantando um muro na fronteira com a Croácia e uma trincheira dupla coroada de arames farpados e eletrificados nos 150 quilômetros que separam a Hungria da Sérvia. As mesmas zonas nas quais este ano foram empregados os primeiros Border Hunters, as unidades com as que se pretende reforçar as ações de segurança que já realizam a polícia e o Exército.

Em meados de junho, o próprio Orban tomou o juramento de 1.200 jovens, a segunda turma dos  “Caçadores das Fronteiras” – em janeiro já haviam se formado uns 800 –, em uma cerimônia que teve lugar na Praça dos Herois de Budapeste.

“A Hungria não teve medo da crítica e demostrou que se pode parar a imigração”, assegurou o  primeiro-ministro durante o ato, vangloriando-se de sua severa política frente aos refugiados, que viola sistematicamente as leis internacionais de asilo.

O plano do governo húngaro é recrutar um total de 3 mil “Border Hunters” entre jovens que aspirem  “defender seu país” e que, após um treinamento intensivo de apenas seis meses, têm direito a portar armas.

Ainda que a afluência de refugiados tenha diminuído muito depois do acordo firmado no ano passado entre a UE e a Turquia, e as extremas medidas de segurança dissuasivas da fronteira, Orban continua alimentando o medo no povo húngaro com uma perigosa retórica xenófoba e antieuropeia.

“O claro incremento da imigração ilegal na Itália, da pressão nas fronteiras da Hungria e os contínuos ataques terroristas em cidades da Europa são uma mensagem clara de que a imigração massiva é o principal desafio e ameaça da Europa”, disse recentemente Orban em um discurso no Parlamento.

Estas ideias parecem encontrar eco na população. “Agora a vida na Hungria é mais perigosa por culpa da crise migratória, e este é um posto de responsabilidade na fronteira”, disse à Télam a sargento Melinda Fodor-Racz, que participa dos treinamentos para tornar-se uma Border Hunter.

Por outra parte, em março de deste ano, o Parlamento húngaro – onde o partido governamental Fidesz tem maioria absoluta –, aprovou uma lei que estabelece que todas as pessoas que ingressem “ilegalmente” na Hungria serão detidas e transferidas a zonas de trânsito até que se decida sobre sua demanda de asilo.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) condenou a medida, por considerar que ela viola a lei internacional e terá um impacto físico e psicológico nestas pessoas, especialmente as crianças. 

Agência Brasil

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