Espanha não aceita diálogo

Mariano Rajoy diz a independentistas que não haverá mediação contra desobediência

Postado em: 12-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mariano Rajoy diz a independentistas que não haverá mediação contra desobediência

O chefe do Executivo da Espanha, Mariano Rajoy, disse aos independentistas catalães que não haverá mediação possível em sua aspiração separatista em um contexto de desobediência, enquanto fez um pedido a um “catalanismo pactista e integrador”. A informação é da agência EFE.

Rajoy compareceu ao Congresso espanhol, na última quarta-feira, para apresentar seu ponto de vista sobre a situação da Catalunha, cujo presidente, Carles Puigdemont, anunciou que assumia o mandato que lhe foi dado pelo referendo de 1º de outubro, considerado ilegal por Madri, para declarar a independência catalã, mas suspendeu seus efeitos logo a seguir, para dar uma chance ao diálogo.

Segundo Rajoy, o direito de decidir, invocado pelos separatistas, “não existe em um país democrático” e acrescentou que “nenhum país do mundo pode levar minimamente a sério essa consulta de 1º de outubro, que não resiste à prova mais elementar” de transparência e neutralidade.

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Requerimento

Na quarta, o Executivo espanhol enviou um requerimento oficial a Puigdemont para que ele esclareça se declarou ou não a independência. Em função da resposta, o governo espanhol aplicará (ou não) o Artigo 155 da Constituição do país, que outorga ao Executivo central a faculdade de assumir diretamente as funções desempenhadas pelas autoridades autônomas.

Em seu pronunciamento aos deputados, Rajoy afirmou que deseja, “efusivamente”, que Puigdemont “acerte em sua resposta” ao requerimento. A resposta “marcará o futuro dos eventos” dos próximos dias, segundo Rajoy, que se comprometeu a ouvir as contribuições de todas as forças parlamentares sobre a questão catalã.

Rajoy lembrou aos deputados que “todos têm a obrigação de contribuir para mitigar com serenidade uma situação que os espanhóis estão vivendo com inquietação e aborrecimento. É hora de pôr fim a esta ruptura (…), com serenidade, prudência e com o objetivo final de recuperar a convivência”.

O presidente do governo da Espanha reiterou que o referendo de 1º de outubro foi uma votação ilegal para “mandar pelos ares a Constituição, a unidade da Espanha e o Estatuto da Catalunha”, e que o mesmo “fracassou categoricamente”. Ele assegurou entretanto que, apesar de tudo, é possível dialogar sobre questões como a qualidade dos serviços públicos, de como financiá-los.

Rajoy, no entanto, advertiu que “não é possível aceitar, sob a aparência de um diálogo equivocado, a imposição unilateral de pontos de vista. (Agência Brasil) 

Paris e Berlim não reconhecem independência

A França indicou que irá considerar ilegal “qualquer declaração unilateral de independência” das autoridades catalãs, assim como a Alemanha, que afirmou que “trata-se de um problema interno, mas que a separação não teria nenhum reconhecimento”. A informação é da Agência EFE.

A porta-voz diplomática francesa indicou que a situação na Catalunha é acompanhada com preocupação após “as declarações”  do presidente da Generalitat, Carles Puigdemont.

“Qualquer solução a esta crise interna tem que ser resolvida no marco institucional espanhol”, disse.

O presidente da França, Emmanuel Macron, também mostrou com firmeza o seu apoio ao marco constitucional espanhol e apontou o presidente do Governo, Mariano Rajoy, como o seu único interlocutor na Espanha.

O Governo alemão rejeitou se envolver no conflito catalão ao vê-lo como “um assunto interno espanhol”, mas disse apostar no diálogo dentro da Constituição e garantiu que uma declaração de independência por parte das instituições catalãs “não teria nenhum reconhecimento”.

“Qualquer tipo de declaração de independência por parte das instituições catalãs seria ilegal e inaceitável e não teria nenhum reconhecimento”, explicou em coletiva de imprensa a vice-porta-voz do Executivo, Ukrike Demmer.

Berlim descartou uma mediação europeia no conflito catalão porque, reiterou, “é um assunto interno da Espanha” que deve ser abordado dentro da ordem democrática e constitucional desse país. (Abr)  

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