Trump apoia reforma migratória em duas fases, mas não cede em construir muro

A Casa Branca pediu US$ 18 bilhões para a obra, que duraria cerca de uma década. "Gostaria de não construir o muro, mas precisamos dele", disse

Postado em: 10-01-2018 às 10h30
Por: Márcio Souza
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A Casa Branca pediu US$ 18 bilhões para a obra, que duraria cerca de uma década. "Gostaria de não construir o muro, mas precisamos dele", disse

O presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, abriu nessa terça-feira (9) as portas para a negociação de uma
reforma, dividida em duas fases, que resolva a situação dos 11 milhões de
imigrantes ilegais no país. A primeira trata da situação dos chamados
“sonhadores” e da destinação de recursos para a construção de um muro
na fronteira com o México.

Em reunião com congressistas
republicanos e democratas na Casa Branca, que pôde ser acompanhada por
jornalistas, Trump defendeu as duas etapas da reforma. A primeira lei traria
quatro de suas prioridades de campanha e a segunda, mais ampla, teria como
objetivo resolver outros problemas do sistema migratório do país.

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“A [reforma migratória]
integral será a fase dois. Aprovaremos a primeira e depois entraremos com a
integral no dia seguinte. Eu assumo a (carga) política, não me importa”,
afirmou.

Essa foi a resposta dada pelo
presidente a uma pergunta feita pelo senador republicano Lindsey Graham, que
pediu que Trump aproveitasse a oportunidade para ir além de solucionar o
problema dos milhares de jovens sem documentos no país, o grupo chamado de
“sonhadores”, e concedesse cidadania americana a todos os que vivem
ilegalmente no país.

Trump não esclareceu, no entanto,
se apoia a ampliação da medida para os 11 milhões de imigrantes ilegais, uma
proposta que poderia irritar sua base eleitoral, que aprovou o discurso
anti-imigração do presidente na campanha de 2016.

Durante a entrevista coletiva
diária, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, evitou esclarecer a postura
do presidente, ao afirmar que o tema ainda não está sendo negociado com o
Congresso.

Segundo Sanders, na reunião de
ontem, que teve a presença de cerca de 25 congressistas, foi firmado acordo
para negociar uma reforma migratória, o que representaria a primeira fase do
projeto.

O primeiro projeto de lei focaria
em quatro áreas: uma substituição do Programa de Ação Diferida para os Chegados
na Infância (Daca) para os sonhadores, medidas de segurança na fronteira, o
combate à migração em cadeia, que permite que alguns imigrantes facilitem a
entrada de familiares no país e o fim da chamada “loteria de vistos”.

O Daca, encerrado por Trump em
setembro, foi implementado por Barack Obama em 2012 e protegia da deportação
cerca de 690 mil jovens que chegaram aos EUA ainda crianças. Esse grupo é
conhecido como “sonhadores”.

Os vistos que garantiam a
permanência de muitos deles no país perderam a validade desde setembro,
deixando-os expostos à deportação se o Congresso não aprovar uma solução
permanente para substituir o Daca antes de 5 de março, data limite imposta por
Trump.

A oposição democrata quer aprovar
o mais rápido possível uma lei que proteja os “sonhadores” da
deportação e vinculou a discussão do tema às negociações para aprovar o
orçamento do governo federal, que devem ser concluídas até 19 de janeiro.

Trump, porém, condicionou
qualquer projeto para substituir o Daca a uma série de exigências, entre elas a
aprovação de recursos para a construção de um muro na fronteira com o México e
o fim da chamada “loteria de vistos”, que anualmente beneficia
cidadãos de países com baixa taxa de imigrantes nos EUA.

O presidente reforçou que uma
mudança do Daca deve incluir “segurança na fronteira”, que para ele é
sinônimo de recursos para a construção do muro com o México. A Casa Branca
pediu US$ 18 bilhões para a obra, que duraria cerca de uma década.
“Gostaria de não construir o muro, mas precisamos dele”, disse.

A exigência dificulta a
negociação, já que o financiamento do muro é inaceitável para os democratas,
que deixaram claro que o único objetivo do partido continua sendo a
substituição do Daca.

“Os republicanos expuseram
suas quatro prioridades, e os democratas mostraram a nossa: o Dream Act, um
projeto de lei que regularizaria a situação dos ‘sonhadores'”, disse em
comunicado o senador democrata Dick Durbin, que participou do encontro com
Trump.

O inédito acesso que a imprensa
teve à negociação entre Trump e os congressistas faz parte, segundo vários
veículos, de uma estratégia da Casa Branca para pôr fim às especulações sobre a
estabilidade mental do presidente. 

Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução

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