Quinta-feira, 28 de março de 2024

“Racismo” de Trump repercute na ONU

Presidente dos Estados Unidos teria classificado El Salvador, Haiti e várias nações africanas como “países de merda”

Postado em: 13-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Presidente dos Estados Unidos teria classificado El Salvador, Haiti e várias nações africanas como “países de merda”

O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (EACDH) qualificou na última sexta-feira (12) de “racistas” os comentários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre El Salvador, Haiti e vários países africanos, que, segundo ele, são “países de merda”.

“Esses comentários do presidente dos Estados Unidos são surpreendentes e vergonhosos. Lamento, mas não podem ser definidos de outra maneira que como racistas. Não se pode tachar um país inteiro ou um continente como ‘de merda’ e dizer que populações inteiras, que não são brancas, não serão bem-vindas”, disse o porta-voz do EACDH, Rupert Colville, em coletiva de imprensa.

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Na última quinta-feira (11), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a chegada de imigrantes de algumas nações e usou termos pejorativos e preconceituosos para falar delas. Segundo a imprensa americana, Trump disse “Por que estamos tendo todas essas pessoas de países de merda vindo aqui?”.

O governante então sugeriu que os Estados Unidos deveriam trazer mais pessoas de países como a Noruega, com cuja primeira-ministra ele se reuniu na quarta-feira (10), de acordo com o The Washington Post.

“O comentário positivo sobre a Noruega enfatiza o sentimento (racista) muito claramente”, ressaltou o porta-voz.

Segundo Colville, os novos comentários de Trump não são isolados e fazem parte de um posicionamento claramente xenófobo do presidente.

“Como os comentários anteriores sobre mexicanos e muçulmanos, as propostas políticas contra grupos inteiros com base em nacionalidade, religião, e na sua rejeição em condenar claramente as ações antissemitas e racistas dos supremacistas brancos em Charlottesville, tudo isto vai contra os valores universais que o mundo tanto lutou para estabelecer desde a Segunda Guerra Mundial”, argumentou.

Para o porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, as falas de Trump não são apenas de mau gosto e falta de respeito, mas abrem “a porta à pior parte da humanidade”.

“É aceitar e apoiar o racismo e a xenofobia que potencialmente destruirão a vida de muitas pessoas. Esta é a consequência mais perigosa deste tipo de linguagem quando usada por uma figura política importante”, disse.

Ele aproveitou para lembrar que o maior responsável dos direitos humanos da ONU, Zeid ibn Ra’ad, pediu ao Congresso americano que ofereça uma solução legal e duradoura aos dreamers (sonhadores), os imigrantes que chegaram aos Estados Unidos irregularmente quando eram crianças e que não têm documentação regularizada.

“O futuro dos dreamers não deveria ser usado como moeda de troca para negociar uma severa e restritiva lei migratória e de segurança. São pessoas, não mercadorias”, enfatizou Colville.

Segundo a imprensa, Trump fez os comentários quando dois senadores delinearam um projeto de lei migratória que daria vistos a alguns cidadãos de países que foram retirados recentemente do programa de Status de Proteção Temporária (TPS), como El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão. Sobre isso, Colville disse que o Escritório do Alto Comissionado está muito preocupado com a questão. De acordo com o porta-voz, essa decisão afetará 180 mil salvadorenhos, 59 mil haitianos e 5.300 nicaraguenses, entre outros. (Agência Brasil) 

Trump nega ter usado expressão 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na última sexta-feira (12) ter utilizado “uma linguagem dura” na sua conversa com senadores sobre a lei migratória, mas negou ter se referido a El Salvador, Haiti e a países africanos como “buracos de merda”.

“A linguagem utilizada por mim na reunião do DACA foi dura, mas essa não foi a linguagem empregada. O que foi realmente duro foi a extravagante proposta feita, um grande passo atrás para o DACA”, escreveu o presidente americano em sua conta do Twitter, ao comentar o Programa de Ação Diferida (DACA), que protege jovens imigrantes chegados aos EUA quando crianças.

Segundo informou quinta-feira (11) o jornal The Washington Post, Trump classificou El Salvador, Haiti e vários países africanos como “buracos de merda”, e sugeriu que preferiria receber nos Estados Unidos mais imigrantes da Noruega, o que provocou uma nova onda de indignação e acusações de racismo.

Em outra mensagem no Twitter, Trump reforçou que quer “um sistema migratório baseado no mérito e gente que ajudará a levar nosso país ao próximo nível”.

“Quero segurança para nossa gente. Quero deter a entrada em massa de drogas”, acrescentou Trump, reiterando assim a necessidade do muro fronteiriço com o México.

De acordo com o Post, que cita fontes presentes na reunião, Trump teria questionado os legisladores sobre “por que temos toda esta gente de países (que são um) buraco de merda vindo aqui?”.

O presidente americano teria reagido assim quando dois senadores lhe apresentaram um projeto de lei que outorgaria vistos a alguns dos cidadãos de países que foram retirados recentemente do programa de Status de Proteção Temporária (TPS), como El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão. (Abr) 

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