Kim Jong-un reforça aproximação com Coreia do Sul e recebe irmã como heroína

Irmã do líder norte-coreano realizou, juntamente com delegação, uma histórica viagem à Coreia do Sul. Expedição teve como resultado um convite para que o presidente sul-coreano visite Pyongyang

Postado em: 13-02-2018 às 12h30
Por: Victor Pimenta
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Irmã do líder norte-coreano realizou, juntamente com delegação, uma histórica viagem à Coreia do Sul. Expedição teve como resultado um convite para que o presidente sul-coreano visite Pyongyang

O líder norte-coreano Kim Jong-un recebeu com honras nesta
terça-feira (13) sua irmã e a delegação que realizou uma histórica viagem à
Coreia do Sul, qualificando sua missão como um “êxito”, o que
fortalece ainda mais a figura de Kim Yo-jong dentro do regime.

O Rodong Sinmun, jornal oficial de Pyongyang, publicou hoje
duas fotos em sua capa que salientam o tratamento heroico que se tem dado à
irmã do líder e aos demais delegados e artistas que retornaram do país vizinho.

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Na primeira imagem, Kim Jong-un aparece ladeado por uma
sorridente Kim Yo-jong – que lhe agarra pelo braço com gesto carinhoso – e pelo
chefe de Estado do país, Kim Yong-nam.

Ambos lideraram uma expedição que teve como resultado um
convite para que o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, visite Pyongyang, e
pela qual o marechal norte-coreano expressou “sua satisfação”,
segundo afirmam hoje os meios de comunicação estatais norte-coreanos.

O líder destacou “a importância de seguir obtendo bons
resultados enquanto se encoraja o cálido clima de reconciliação e diálogo”
com a Coreia do Sul, país com o qual seu regime segue tecnicamente em guerra há
mais de 65 anos.

Os acordos alcançados em janeiro entre os dois Estados para
que a Coreia do Norte participasse dos Jogos Olímpicos de Inverno que acontecem
no condado sul-coreano de PyeongChang prepararam a mencionada visita, que por
sua vez serviu para consolidar, tanto no fechado país como fora dele, a imagem
de Kim Yo-jong.

Embora a irmã do líder siga envolta em um véu de mistério –
se desconhece quase tudo sobre seu passado e ela quase não falou em frente às
câmeras – o foco dos meios de comunicação se fixou insistentemente em seu porte
e em seu gesto sorridente.

O fato de aparecer pela primeira vez retratada em atitude
abertamente familiar com seu irmão não faz mais que respaldar a fulgurante
ascensão desta mulher, que acredita-se que tem entre 29 e 31 anos e que foi
escolhida pelo seu irmão para ser o primeiro membro da dinastia Kim a pisar na
Coreia do Sul.

Nomeada em 2014 como vice-diretora do Departamento de
Propaganda do Partido dos Trabalhadores norte-coreano, foi designada também
membro do politburo da legenda em outubro do ano passado, algo que até agora
apenas outra mulher tinha conseguido na Coreia do Norte, a sua tia Kim
Kyung-hui, que obteve o cargo muito mais tarde, aos 42 anos.

Agora, a histórica viagem ao Sul parece não deixar dúvidas
que Yo-jong é até hoje o mais parecido com um “braço direito” do
líder norte-coreano.

O fortalecimento da irmã mais nova do líder coincide com o
aniversário hoje do misterioso assassinato há um ano no aeroporto de Kuala
Lumpur de Kim Jong-nam, meio irmão de Kim Jong-un e de Yo-jong, pelo qual o
regime de Pyongyang é acusado.

A capa do Rodong Sinmun também mostra hoje o líder posando
com boa parte das 140 integrantes da orquestra Samjiyon, que fez dois concertos
na Coreia do Sul na semana passada aproveitando o “desgelo olímpico”.

As artistas, junto aos famosos esquadrões de animadoras
norte-coreanas e os próprios Kim Yo-jong e Kim Yong-nam, de 90 anos, exibiram
uma face afável do regime, em contraste com a habitual imagem de uma ditadura
conhecida por violar sistematicamente os direitos humanos dos seus cidadãos.

Dentro deste momento de distensão, o presidente do Comitê
Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, revelou que pretende viajar para
Pyongyang a convite do regime depois que os Jogos de Inverno terminarem no
próximo dia 25 de fevereiro.

A visita de Bach e a ampliação dos programas de diplomacia
esportiva poderiam contribuir para melhorar ainda mais a disposição do regime
perante o exterior.

Por sua parte, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex
Tillerson, voltou a deixar a porta aberta ao diálogo com Pyongyang ao dizer em
entrevista coletiva na segunda-feira (12), no Cairo, que “depende dos
norte-coreanos decidir quando estão prontos para interagir” com
Washington. 

Fonte: Agência Brasil e Agência EFE. (Foto: Reprodução/Korean Central News Agency/Korea News Service/AP)

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