‘Limitar aquecimento requer mudanças sem precedentes’

Limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5 grau Celsius necessitará “mudanças sem precedentes” em nível social e global, alerta o

Postado em: 09-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5 grau Celsius necessitará “mudanças sem precedentes” em nível social e global, alerta o novo relatório apresentado nesse domingo (7) pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

O texto diz que limitar o “aquecimento global a 1,5 °C”, barreira que deve ser superada entre 2030 e 2052 a esse ritmo, “necessitaria mudanças rápidas, de amplo alcance e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade”, desde o consumo de energia ao planejamento urbano e terrestre e muitos cortes na emissão de gases poluentes.

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O relatório, apresentado na cidade sul-coreana de Incheon, analisa caminhos para limitar o aquecimento em até 1,5, em vez de 2 graus, como foi estabelecido no Acordo do Clima de Paris, e adverte que os efeitos para ecossistemas e a vida no planeta serão muito menos catastróficos se for possível deixar essa barreira mais ambiciosa.

As emissões de poluentes de origem humana já elevaram a temperatura média em torno de 1 grau antes da Revolução Industrial, no século XIX, e transformaram a vida no planeta, lembrou o presidente do IPCC, Hoesung Lee, na apresentação do relatório.

“Manter o aquecimento global em nível inferior a 1,5 grau, em vez de 2, será muito difícil, mas não é impossível”, acrescentou Lee.

Manter o aquecimento abaixo do limite de 1,5 grau evitaria maior extinção de espécies e, por exemplo, a destruição total dos corais, básicos para o ecossistema marinho. Também reduziria o aumento do nível do mar em 10 centímetros até 2100, salvando zonas litorâneas e litorais, segundo o relatório.

Superar o limite de 1,5 grau resultaria em maior aumento do calor extremo, as fortes chuvas e a probabilidade de secas, algo que terá efeito direto sobre a produção de alimentos, sobretudo em regiões sensíveis como o Mediterrâneo e a América Latina.

Também afetará a saúde, o fornecimento de água e o crescimento econômico, com impacto negativo, principalmente para as populações mais pobres e vulneráveis, diz o texto, que conta com 6 mil referências científicas e foi assinado por 91 especialistas de 40 países.

Para evitar superar essa barreira, o relatório afirma que são necessários um consumo energético mais eficiente, uma agricultura mais sustentável e menos extensiva, além mais terreno destinado ao cultivo de recursos energéticos.

Também será preciso multiplicar por cinco o investimento atual no setor tecnológico para conseguir fazer com que transportes, edifícios e indústrias emitam muito menos poluentes.

O relatório será usado como base para as discussões da 24ª Cúpula do Clima (COP24), que será realizada em Katowice, na Polônia, em dezembro. (Agência Brasil) 

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