Eleição legislativa nos EUA: chance de ‘redenção’

"Acredito que as próximas eleições são oportunidade para que os pesquisadores se redimam", disse o presidente da empresa de pesquisa Data Orbital, George Khalaf

Postado em: 01-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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"Acredito que as próximas eleições são oportunidade para que os pesquisadores se redimam", disse o presidente da empresa de pesquisa Data Orbital, George Khalaf

As eleições legislativas dos Estados Unidos, marcadas para a próxima terça-feira, 6 de novembro, se apresentam como uma oportunidade para as empresas de pesquisas de intenção de voto se redimirem dos erros de cálculo e previsão que cometeram na última disputa presidencial, quando não indicaram a vitória de Donald Trump.

“Acredito que as próximas eleições são uma oportunidade para que os pesquisadores se redimam. O mais importante que aprendemos, depois de 2016, é que o modelo de participação é muito mais importante do que se pensava”, afirmou à Agência EFE o presidente da empresa de pesquisa Data Orbital, George Khalaf.

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Khalaf explicou que as pesquisas que indicaram em 2016 que a candidata democrata Hillary Clinton ganharia em estados como Michigan e Pensilvânia – onde Trump venceu – “não refletiram com precisão o grau de instrução de quem iria votar como um quesito”.

Os pesquisadores acreditaram então que uma porcentagem do eleitorado seria de eleitores brancos sem educação universitária. No entanto, a realidade foi que este perfil de eleitor representou dois pontos percentuais a mais que o esperado em estados como os citados.

“Os pesquisadores, além dos clientes que solicitam as pesquisas e os meios de comunicação que resumem os resultados, devem ser diligentes em fazer todas as perguntas demográficas adequadas e terem bons dados históricos para moldá-los”, ressaltou Khalaf, que dirige a empresa com sede no Arizona.

A diretora de pesquisa do Pew Center, Courtney Kennedy, concordou com essa análise e considerou que houve “grandes erros problemáticos” nas pesquisas em nível estadual, que contribuíram para uma percepção errônea da certeza de que Hillary venceria a disputa.

“Alguns pesquisadores em nível estadual mudaram um pouco seus métodos para tentar ajustar-se àquilo que deu errado em 2016; o setor reagiu”, disse Kennedy à EFE.

As pesquisas prévias aos pleitos presidenciais alimentaram prognósticos que indicavam que a probabilidade de que Hillary chegasse à Casa Branca era de cerca de 90%.

Quando Trump foi declarado vencedor das eleições, “foi uma surpresa inclusive para os próprios pesquisadores”, lembrou Kennedy, que trabalha com empresas pesquisadoras de todo o espectro americano.

Erros

Um relatório da Associação Americana para a Pesquisa de Opinião Pública, liderado pelo Pew Center, determinou que existiram vários erros que o setor quer agora levar em conta.

Entre outros erros, os votos de pessoas com menos escolaridade foram menosprezados, não se calculou bem a mudança de voto na última semana de campanha e não levou-se em conta que os eleitores de Trump eram “menos inclinados” a revelar sua decisão.

“Os eleitores com níveis de educação superior eram mais propensos a apoiar Hillary. Muitas empresas de sondagem não ajustaram suas ponderações para corrigir a representação excessiva de graduados universitários, e o resultado foi uma estimativa maior do apoio à candidata democrata”, aponta o estudo.

Anotados os erros, as empresas veem os próximos pleitos legislativos como “uma oportunidade de redenção”, indicou o diretor da Harris Poll, Mark Penn, ao jornal americano The Hill.

“Esta é a oportunidade para que a profissão eleitoral se redima: os republicanos perderão a Câmara (de Representantes) e conseguirão o controle do Senado”, previu um convencido Penn.

Estas previsões se encaixam com a imensa maioria das pesquisas pré-eleitorais publicadas nas últimas semanas nos EUA, que apontam que os democratas recuperarão a Câmara.

No próximo dia 6 de novembro, os cidadãos americanos decidirão com seu voto quem ocupará as 435 cadeiras da Câmara de Representantes e um terço do Senado, um resultado que definirá os dois anos restantes de mandato do “inesperado” presidente Trump. (Agência Brasil) 

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