“Tenho desejo de ser candidato ao governo”, diz Daniel Vilela

O Hoje entrevistou o deputado federal e presidente do PMDB em Goiás, Daniel Vilela. Confira

Postado em: 25-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O Hoje entrevistou o deputado federal e presidente do PMDB em Goiás, Daniel Vilela. Confira

Venceslau Pimentel e Rubens Salomão

Presidente do PMDB em Goiás, o deputado federal Daniel Vilela, em entrevista ao jornal O Hoje, falou sobre Reforma Trabalhista, eleições 2018 e possível candidatura de Íris Rezende. Vilela acredita que o texto da Reforma é “tímido” e precisa de alterações. Ele também não descarta ser candidato ao governo de Goiás em 2018 e já conversa com partidos para fazer alianças.  

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As preocupações do trabalhador com relação a Reforma Trabalhista é flexibilizar as relações trabalhistas. Quem perde é o trabalhador ou a empresa? Ou os dois ganham?

O texto da reforma é tímido com relação a situações que deveriam mudar. Situações que trariam benefícios tanto para o trabalhador como para o empregador e principalmente para esse momento de alto desemprego que o Brasil vive. Mas texto não tem nada de retirada de direitos. O ponto principal do projeto é com relação ao acordado prevalecer sobre o legislado. Essa é uma discussão antiga, porém, agora, ela teve um aspecto positivo que já vem especificando em quais pontos o acordo pode prevalecer sobre o legislado. Entre esses pontos estão o parcelamento das férias em três períodos. Isso antes não podia. E ainda a redução da intrajornada. Em algumas empresas, o trabalhador quer ter só meia hora de intervalo para sair mais cedo e hoje não é permitido. Então, a reforma é positiva e não representa nenhum retrocesso. Os direitos trabalhistas são garantidos na Constituição Federal. A reforma é um projeto de lei e não altera a Constituição. Existem situações particulares que as centrais sindicais entendem que podem perder força para os sindicatos regionais por que são eles que irão promover esses acordos. E tem também questão financeira e algumas se posicionam nesse sentido. E o outro discurso é político de oposição ao governo do presidente Michel Temer que enviou o projeto. 

Em que pontos a reforma poderia avançar?

Uma situação que a gente ver muitas reclamações, e que é justa, é com relação as conciliações. No Brasil temos em média 3 milhões de ações trabalhistas novas por ano. O segundo país com maior número de ações no mundo tem 70 mil. Tem algo acontecendo de errado. Esse é um ponto que precisa avançar e fortalecer a conciliação e estabelecer um acordo que permita avançar. 

A retomada do emprego virá com a retomada da atividade econômica ou com a reforma trabalhista?

A reforma potencializa junto com a retomada econômica. Sozinha não. Se não tivermos uma recuperação econômica, sem dúvida, não vai ter condições de os empregadores ampliarem seus investimentos e contratações. Eu acho que o resumo disso tudo é que nós precisamos estabelecer um novo momento das relações de trabalho e deixar de lado esse clima de confronto, por que a parte patronal precisa da parte laboral pra produzir e a parte laboral não existe se não tiver empregador também. Ninguém no Brasil gosta de demitir por que é extremamente oneroso. Tem medidas pontuais que podem ser avançadas e que vão fazer com que você dê mais segurança para os atuais empregos e para que os empregadores possam retomar esses postos de trabalho com contratação de mão de obra.

O que pode ser alterado até esse texto chegar ao plenário?

Tem alguns pontos que precisam ser esclarecidos. Por exemplo, em uma audiência pública o procurador geral do trabalho disse que o texto está acabando com o registro de ponto. Mas não me convenceu. O ponto é importante para o próprio trabalhador como para o empregador. É a forma de você materializar uma prova para qualquer situação. O que pode ser feito é incluir no texto, por uma questão de redação, e dizer que “porém, não pode acabar com o registro de ponto”. Isso pode ser aperfeiçoado. 

Eleições 2018 

O PMDB já pensa em trabalhar com outros partidos esse ano ou vai deixar para 2018? 

Cada partido agora tem que fazer seu trabalho interno, fomentar suas candidaturas proporcionais e majoritárias, enfim, envolver as militâncias e lideranças partidárias do interior nessa discussão. O que for majoritário dentro do partido é o que deve ser a decisão. Não pode ser uma decisão de cúpula ou de última hora. Por isso que nós iniciamos encontros para ouvir todo mundo e termos um feedback  do que o partido pensa e está querendo para 2018. Paralelamente a isso, eu, como sou presidente do partido, sou legitimado a conversar com outros partidos e tenho feito isso. Tenho conversado constantemente com PSD, PTB, PT, DEM, Solidariedae, PR, PSB, PRB. Principalmente lá em Brasília onde temos essa possibilidade. Mas a gente sabe que isso vai ser definido aos 48 do segundo tempo. É possível que seja definida uma parceria esse ano, mas você não tem segurança se isso vai chegar a frente.

Como é que tem sido a conversa com o Democratas e o Senador Ronaldo Caiado?

Confesso que tenho conversado menos com o senador Caiado. Há uma preocupação muito grande da nossa parte por que o Democratas, que já tem uma fragilidade em termos de liderança no estado, não tem deputado estadual e nem federal, elegeu dez prefeitos e já perdeu dois que foram para o PSBD. E temos notícias de que tem mais dois para se filiarem ao PSDB também. Então, nossa preocupação é que o partido precisa se fortalecer por que, de repente, fica o senador sozinho. Na verdade, hoje, o Ronaldo Caiado é o principal capital que o Dem tem. Estamos fazendo o nosso trabalho e em 2018 teremos em torno de dez a quinze prefeitos que vão se filiar ao PMDB. Lógico que o senador já demonstrou sua pretensão de se candidatar a governador. Nós já colocamos que o PMDB tradicionalmente lança candidato, que é um partido que protagoniza a oposição em Goiás, tem o maior número de prefeitos, que tem uma bancada estadual e federal. E, hoje, especialmente por dois encontros, nenhuma cidade manifestou possibilidade de a gente apoiar outra candidatura. Todos defenderam que o PMDB não pode abrir mão de liderar essa candidatura. Então, tem esse obstáculo a ser vencido lá na frente. Enfim, essa é uma decisão, especialmente com o Dem, que ai acontecer no ano que vem. Facilita muito mais o diálogo com os partidos que não tem essa pretensão (lançar candidato ao governo em 2018).

Cogita-se muito a possibilidade de você ou o Maguilo Vilela disputar o governo. O que pode definir lá na frente?

Nos dois primeiro encontros também foi uma manifestação unânime para que eu seja candidato. Todos acham que essa definição de candidatura precisa acontecer o mais rápido possível para legitimar o candidato a conversar. E todo mundo sabe da importância de termos uma aliança mais ampla do que a que tivemos nas últimas eleições estaduais. É lógico que eu tenho esse desejo (de ser candidato) e acho que preciso, como qualquer candidato, estar me preparando para isso. Mas não vou ser candidato de mim mesmo. Tem que ser uma decisão da maioria do partido do PMDB. O que nós precisamos primeiro é identificar com o partido se quer candidatura própria ou tem possibilidade de aliança. Após essa definição podemos iniciar internamente uma discussão de nome e depois construirmos um projeto, que é o mais importante. Eu tenho convicção de que vai ser uma eleição de mudança e o fim de um ciclo político, de um grupo que está aí com seus 20 anos com suas coisas positivas, mas com seus desgastes. E nessa hora, a balança vai pesar para os desgastes. Por isso, temos que nos apresentar de uma forma que convença a população que somos a melhor alternativa para essa mudança. 

Você tem conversado menos com o DEM e mais com o PT?

Sim. Tenho conversado muito com o Rubens (Otoni) em Brasília e com o Antônio Gomide que é uma liderança expressiva do partido e foi o prefeito mais votado do Brasil na sua reeleição (em 2012). Temos conversado muito e avançado também. Lógico que o PT não se resume a eles e temos conversado com deputados e prefeitos.

Como você acha que o Íris Rezende vai se colocar na disputa de 2018?

Esse não é um momento de nomes. Mas se o partido entender que ele deva ser candidato essa manifestação vai ser levada a ele. Contudo, ele tem repetido reiteradamente que tem responsabilidade e será uma irresponsabilidade tratar disso agora. Então, não vou trabalhar com essa tese.

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