19% das câmaras municipais gastam mais do que arrecadam

Brasil tem 707 cidades que gastam mais com vereadores do que arrecadam. Em Goiás, dos 246 municípios, 14 estão na lista

Postado em: 04-09-2017 às 18h00
Por: Lucas de Godoi
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Brasil tem 707 cidades que gastam mais com vereadores do que arrecadam. Em Goiás, dos 246 municípios, 14 estão na lista

Uma pesquisa realizada pela Confederação das Associações
Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), com apoio do Sebrae e conferência
do Ministério da Fazenda apurou que os gastos das prefeituras com vereadores ultrapassam
o limite legal estabelecido pela Constituição.

De um total de 5.569 municípios brasileiros, 1.807 (32%) não
apresentaram os valores de suas receitas de 2016 ou de 2015, ou os valores das
despesas legislativas, ou apresentaram dados inconsistentes. O estudo avaliou
informações de 3.762 municípios (68%), com uma margem de erro da ordem de 0,9%.

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Exatos 707 municípios (19% daqueles que apresentaram as
contas anuais) gastam mais a título de despesas legislativas do que conseguem
gerar a título de receitas próprias (receitas geradas pelo próprio município,
incluindo IPTU, IBTI, ISS, Taxas, Contribuição de Melhoria, Contribuição para
Custeio do Serviço de Iluminação Pública. Receitas Patrimonial, Agropecuária,
Industrial, de Serviços, Outras Receitas Correntes, Receitas Correntes
Intra-orçamentárias); 218 municípios gastam mais de 80% das receitas próprias com
as Câmaras Municipais; 22 municípios tiveram despesas com as Câmaras Municipais
superiores aos limites estabelecidos pela Constituição Federal, no artigo 29-a.
Deste total, 16 municípios têm menos de 20.000 habitantes. Em Goiás, 14
municípios gastam mais com os vereadores do que registram arrecadação: São João
da Paraúna, Moiporá, Nova Aurora, Guaraíta, Palmelo, Adelândia, Fazenda Nova,
Israelândia, São Simão, Caturaí, Aloândia, Monte Alegre de Goiás, Perolândia e
Diorama.

Outra conclusão é que o custo per capita com as Câmaras de
Vereadores é maior nas cidades pequenas do que nas cidades médias e grandes. Os
gastos específicos com a remuneração de vereadores também são maiores nas
cidades pequenas. Os gastos com vereadores (subsídios + encargos), tomando-se
por base a amostra selecionada, representam em média 38,7% das despesas
legislativas considerando-se todos os tamanhos dos municípios. E chegam a
superar 59% nos municípios com até 50.000 habitantes. Os pequenos municípios
apresentam receitas próprias per capita equivalentes a 23% da receita própria
média per capita dos grandes municípios. Apesar disto, os pequenos municípios
possuem uma despesa legislativa média (também per capita) 70% maior que a dos
grandes municípios.

As despesas legislativas municipais têm os limites
estabelecidos pela Constituição Federal (art. 29-a), que utiliza para base de
cálculo a somatória das receitas tributárias e das transferências
constitucionais. Caso os percentuais definidos na Constituição fossem aplicados
exclusivamente às receitas próprias dos municípios (incluindo receitas
tributárias e outras), poderia ser viabilizada uma economia anual de R$ 7,662
bilhões, considerando a amostra deste estudo de 3.762 municípios. Levando em
conta o total de 5.569 municípios, a economia potencial é superior a R$ 10
bilhões (Interpolação direta leva a R$ 11,343 bilhões).

Se estes R$ 10 bilhões fossem utilizados para construir
creches, por exemplo, seriam entregues à população mais de 5 mil unidades.

Proposta

Nos últimos anos, o Congresso Nacional aprovou diversas
iniciativas para aumentar o controle dos gastos públicos. Um dos objetivos é
limitar os subsídios de vereadores e as despesas do Poder Legislativo
municipal.

As propostas reduziram os repasses às Câmaras e estabeleceram
limites para o número de vereadores, a partir da população de cada município.
Ainda assim, nas três últimas eleições, o número de vereadores eleitos teve um
aumento de 6.140 (equivalente a 11,8%). No período, o número de vereadores
passou de 51.802 para 57.942, enquanto a população brasileira aumentou 7,2%.

Neste sentido, a CACB vai pedir ao Congresso que limite o
gasto do Legislativo Municipal somente às receitas geradas pela própria
Prefeitura. Os recursos que vierem de transferências do Governo Federal
poderiam, assim, ser usados, exclusivamente, em investimentos nos serviços
essenciais da população.

Fonte: Com informações
da CACB 

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