Marconi articula por polo de defesa

Governo de Goiás faz articulação para que Anápolis seja sede do polo de indústrias de defesa, proposta que está em discussão nas Forças Armadas

Postado em: 02-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Governo de Goiás faz articulação para que Anápolis seja sede do polo de indústrias de defesa, proposta que está em discussão nas Forças Armadas

Venceslau Pimentel*

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O governador Marconi Perillo (PSDB) intensifica articulação junto ao Ministério da Defesa para que a cidade de Anápolis seja escolhida para sediar o polo de indústrias de defesa, em análise nas Forças Armadas. Goiás corre contra o tempo, numa disputa direta com Pernambuco, estado do ministro da Segurança, Raul Jungmann.

Para mostrar as potencialidades de Anápolis, Marconi autorizou, por meio de projeto em tramitação na Assembleia Legislativa, a liberação de R$ 300 mil, recurso destinado à realização do Seminário Técnico Anápolis e a Base Industrial de Defesa, ainda sem data definida. Os recursos financeiros sairão do Tesouro Estadual e correrão à conta do Fundo de Desenvolvimento de Atividades Industriais (FUNPRODUZIR). A promotora do evento, a Associação Comercial e Industrial de Anápolis (ACIA), terá como contrapartida R$ 33 mil.

Na justificativa da matéria apresentada pelo governador, ele informa que a Escola Superior de Guerra tem feito diversos estudos, assim como o próprio Ministério da Defesa, que apontam Anápolis como um dos mais promissores locais do território brasileiro para sediar um Polo da Indústria de Defesa. “A razão reside, principalmente, na localização privilegiada que, do ponto de vista da Estratégia Nacional de Defesa, facilitaria o emprego de medidas para neutralizar com eficiência eventuais ações hostis contra a capacidade industrial brasileira”, frisa Marconi.

Além disso, ele destaca logística privilegiada do município, o que, para ele, proporciona todos os meios indispensáveis para suprir com agilidade e rapidez petrechos e suprimentos (equipamentos e insumos) para as tropas localizadas em todas as regiões do território nacional”.

O advento do desenvolvimento conjunto dos componentes das aeronaves militares de combate GRIPEN, adquiridos da Suécia, que vão compor esquadrões da ALA da Força Aérea Brasileira em Anápolis, e o Sistema de Mísseis Astros adquiridos da Rússia (que estarão sediados na Base de Artilharia do Exército, em Formosa) torna Goiás, na visão do governador, “um ponto natural de convergência da Base Industrial de Defesa. Anápolis é a cidade do Estado que reúne as condições mais vantajosas e seguras”, sustenta.

O otimismo do governador, para ter o polo industrial bélico, está também no fato de o município de Anápolis já dispor de uma Estação Aduaneira Interior (AEDAI), autorizada pelo Ministério da Defesa para o desembaraço e movimentação de material de defesa (armas, munição, explosivos etc). Ele também destaca que, em breve, a cidade vai dispor de vetores como a plataforma logística multimodal, aeroporto de cargas, da Ferrovia Norte-Sul, da Ferrovia Transoceânica e da Ferrovia Brasília-Anápolis-Goiânia.

“Não por outra razão, a propósito, a fábrica de armas Caracal, dos Emirados Árabes, escolheu Anápolis para instalar uma unidade que pretende abastecer não só as forças de segurança e defesa do Brasil, mas também de todos países da América Latina e da África”, diz o governador na justificativa do projeto. 

Cidade é a preferida da Escolha de Guerra

As potencialidades de Anápolis, de acordo com Marconi, confirmam, de certa forma, uma preferência pela cidade tanto pela Escola Superior de Guerra, quanto por setores do próprio Ministério da Defesa. Nesse sentido, informa que a ACIA, desde o início de 2016, tem desenvolvendo um grande esforço institucional para tornar factível essa possibilidade. “Tanto isso é verdade que já enviamos várias missões a Brasília para tratar desse assunto com o Ministério da Defesa e participarmos do Fórum da Indústria de Defesa realizado em Brasília no mês de julho de 2016”.

De igual forma, o governo empreendeu articulações com representantes de diversas empresas do setor e da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa de Segurança (ABIMDE). Todo o esforço até o momento empreendido pela ACIA, destaca Marconi, “nos permitiu compreender que para a implantação de um polo da Base Industrial de Defesa em Anápolis é indispensável incrementar a infraestrutura física e tecnológica de Anápolis e promover a formação de profissionais com a qualificação acadêmica requerida pelo setor. “Para tanto, é urgente a realização de uma jornada de avaliação sistematizada de infraestrutura local e regional já instalada”.

Para a realização do seminário, a AGIA se comprometeu a mobilizar representantes da prefeitura, Governo do Estado de Goiás, Federação das Indústrias, Ministérios da Fazenda, da Defesa, Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Universidade Federal de Goiás, Universidade Estadual de Goiás, e da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e de Segurança.

Geração de empregos

A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE), as companhias que atuam no mercado de defesa geram em torno de aproximadamente 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos. O movimento anual é estimado em mais de US$ 3,7 bilhões, sendo US$ 1,7 bilhão em exportação e US$ 2 bilhões em importação.

A entidade, de acordo com o governador, diz que esses números podem mais que dobrar nos próximos 20 anos devido aos grandes projetos anunciados pelo governo federal. Segundo ele, a expectativa é de que os investimentos no setor alcancem aproximadamente US$ 120 bilhões, sendo US$ 40 bilhões já anunciados para programas voltados para vigilância das fronteiras marítimas, aéreas e terrestres do país.

Até o ano de 2020, a expectativa é de que o Brasil dobre o número de postos de trabalho, com a geração estimada de 48 mil novos empregos diretos e 190 mil indiretos. Para 2030, a expectativa passa para 60 mil novas vagas diretas e 240 mil indiretas. 

Jungmann vê chances para Goiás 

A proposta de tornar Anápolis sede do polo industrial de defesa foi apresentada pelo governador ao ministro Raul Jungmann, quando ele ainda era da pasta da Defesa, em outubro do ano passado, na sede do Ministério, em Brasília.

Na ocasião, Jungmann sugeriu que fosse criado um eixo de comunicação voltado para a Base Industrial de Defesa, e que fossem realizadas feiras e eventos relacionados ao tema, além da formação de articulações com as áreas de tecnologias. É o que Goiás vem fazendo com o evento a ser realizado em Anápolis.

Ainda no ano passado, o Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO) aprovou proposta feita pelo Ministério da Defesa, para financiamento de indústrias de defesa com recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) e do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDO).

“A aprovação pela SUDECO de financiamento voltado para Defesa vai ao encontro da intenção de tornar Anápolis um grande polo”, disse o ministro ao governador e a comitiva que o acompanhou em Brasília, composto por, entre outros, o hoje ministro das Cidades, Alexandre Baldy; o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PTB); o deputado estadual Carlos Antonio Costa (PSDB); o deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO); o secretário de Desenvolvimento de Anápolis, Francisco Pontes; e o presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (ACIA), AnastaciosDagios.

Jungmann também lembrou que as empresas que forem consideradas estratégicas de defesa também contam com benefícios previstos em lei, como regime especial tributário e um fundo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). (*Especial para O Hoje) 

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