“Eliton tem inovado em muitas áreas”

A parlamentar também avaliou a paralisia do governo federal em não conseguir articular quórum para votações importantes no Congresso Nacional

Postado em: 19-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: “Eliton tem inovado em muitas áreas”
A parlamentar também avaliou a paralisia do governo federal em não conseguir articular quórum para votações importantes no Congresso Nacional

Rafael Oliveira e Rubens Salomão

A senadora Lúcia Vânia (PSB-GO) falou sobre a disputa da segunda vaga ao Senado pela chapa tucana. Para ela, os critérios para a escolha do segundo membro devem vir da população. A parlamentar também avaliou a paralisia do governo federal em não conseguir articular quórum para votações importantes no Congresso Nacional. O PSB até queria candidato próprio ao Planalto, mas Joaquim Barbosa desistiu, e Lúcia passou a defender a experiência do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) para chefiar o País. Na área econômica, disse que a saúde financeira não é grave apenas em Goiás, mas no Brasil. E que a greve dos caminhoneiros deve refletir ainda no segundo semestre. 

Continua após a publicidade

Como avalia a paralisia do governo federal?

Sem dúvida nenhuma estamos atravessando uma fase das mais difíceis nesse período de governo. O Congresso Nacional também tem dificuldade de obter quórum e temos as denúncias contra o presidente Michel Temer que acabam ganhando o foco e a administração do Brasil passa a ser secundária. O que acontece é que o Congresso, assistindo a tudo isso, desmobiliza qualquer projeto mais importante e o governo se sente fragilizado para mediar o conflito desses projetos mais polêmicos. Temos que fazer essa travessia da melhor maneira possível. A dificuldade está em todas as áreas e estamos convivendo com quase 13 milhões de desempregados e sem perspectiva de amenizar o problema.

As decisões nacionais do PSB sobre alianças podem respingar em Goiás?

Temos conversado intensamente sobre esse problema. O PSB tinha a vontade de ter candidato próprio à Presidência, mas não foi possível com o Joaquim Barbosa, e a executiva nacional liberou a aliança nos estados. Claro que há uma recomendação para se aliar com partidos de centro e esquerda. Mas o PSDB abriga todas as tendências, não vejo dificuldade do PSB se alinhar ao governo estadual. 

Geraldo Alckmin é um bom nome ao Planalto?

Eu o vejo como a pessoa mais preparada para assumir a presidência nesse momento de dificuldades. Precisamos de um presidente que tenha experiência, que seja ponderado e que transite em todas as áreas. Não podemos escolher um presidente que venha a ser um desastre no Brasil. Vivemos momentos parecidos com o Fernando Collor, onde os eleitores o escolheram e acabaram afundando o Brasil.

Jair Bolsonaro e Ciro Gomes seriam nomes negativos para o Brasil?

Eu entendo que experiência é fundamental. Quando aponto o Alckmin, digo por que ele governou São Paulo por três vezes e o estado paulista é a metade do país. Alckmin tem experiência expressiva em administração e transita em todas as áreas. 

Quanto à pré-campanha ao Senado, o Demóstenes Torres tem acompanhado a agenda do governador. Você avalia que precisa estar mais presente em campo?

Às vezes as pessoas não entendem a situação que estamos vivendo. A minha primeira função é no Senado Federal. Em um momento como esse, de tantas dificuldades, não posso acompanhar todos os atos do Governo do Estado. Fiquei oito anos trabalhando para o Goiás e o Brasil. Meu time está em campo há mais de 16 anos.

Como analisa o cenário de disputa ao Senado com tantos nomes empatados nas pesquisas?

Esse cenário sinaliza as pessoas que são mais conhecidas. Em uma análise mais profunda da pesquisa tem que olhar o desempenho de cada candidato por regiões. Se ele tem mais uniformidade, tem mais possibilidade de crescimento. Aquele que tem a posição mais concentrada em uma região, ele tem que trabalhar mais. O vereador Jorge kajuru e o ex-prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso, tem concentração de votos em Goiânia, até por que ambos militam diretamente em Goiânia. É preciso que haja uniformidade em todas as regiões para ganhar.

Como avalia o governo de Jose Eliton depois de dois meses?

Eu acredito que o governador está se esforçando para mostrar à sociedade um novo perfil de uma pessoa dinâmica, que trabalha muito. Eliton tem inovado em muitas áreas, principalmente em saúde e segurança pública. Acredito que está no caminho certo. O segundo semestre já é mais complicado de analisar. Precisamos acompanhar as finanças públicas, como elas vão se apresentar ao longo do tempo. Com a crise dos caminhoneiros, tivemos uma dificuldade para continuar no mesmo ritmo de crescimento. Isso afeta Goiás para continuar crescendo. Temos também a crise na empresa BRF Foods que desativou atividades no município de Mineiros. Em Santa Helena, também, três empresas encerraram atividades. Isso gera conflitos e dificuldades. Vamos ver como ele vai administrar esses problemas. 

O governador José Eliton disse que não aceita barganhas na política, como troca de apoio por cargos. Mas, esse não é o sistema usado por Marconi Perillo e próprio Eliton há muito tempo? 

Acho essa questão muito delicada. Claro que todos aqueles que participaram da campanha e da discussão de governo e alianças têm direito de pleitear participação no governo. Mas não de forma impositiva que venha a lotear o governo. Nós estamos assistindo esse retrato no Governo Federal, com ministérios loteados, ações de governo totalmente deturpadas, ministros canalizando os recursos para suas áreas de atuação e fazendo do ministério um trampolim para se elegerem. A participação dos aliados no governo pode com indicações que venham a produzir e gerar bons frutos, não vejo problema. Mas, não pode ser um balcão de negócio. Quando você tem um projeto e tem uma pessoa que possa colaborar com esse projeto, não vejo dificuldades. Agora, o que se consolidou ao longo do tempo foi esse balcão de negócios. Existe esse mito de misturar política com negócios. Eu entendo que o empresário não seja o melhor político. Ou você é político ou você é empresário. 

O índice de indecisos nas pesquisas (75%) pode abrir espaço para renovação nos ambientes políticos?

O mais importante que acontece nas pesquisas, nesse momento, é explicitar esse número de pessoas indecisas e que querem votar em branco. Isso sinaliza para os partidos que eles têm que mudar a forma de abordar o eleitor. Fala-se muito em renovação. Ela é extremamente positiva, claro. Mas tem que estar baseada na postura que o candidato tem sobre o que é certo e o que é errado. É isso que o eleitor quer, alguém que seja capaz de chegar, em uma circunstância qualquer, e saber se direcionar com clareza sobre o que é certo e o errado. Não manipular palavras. O eleitor ta cansado disso. E também das pessoas acharem que não é possível fazer política com honestidade. Acredito que é possível desde que você não precise ficar enganando as pessoas. 

A base disse que tem que ter uma vaga ao Senado reservada para Marconi Perillo. Você concorda com isso?

Ele é a maior liderança do Estado. É normal que a presença dele enriqueça uma chapa. É indispensável a presença dele na chapa. Acho justo e necessário que uma vaga das vagas seja ocupada por ele. 

Quais critérios serão usados para decidir quem será o outro candidato da chapa?

Eu só serei candidata se a população entender que meu trabalho valheu a pena. Não estou disputando vaga com ninguém. Quem me colocou na disputa foram as pesquisas. Elas sinalizam que a sociedade reconhece meu trabalho e a minha importância no Senado. Fico muito feliz por que não busquei isso. Não estou em pré-campanha e sou muito cobrada por não estar todo dia aqui acompanhando as ações do governo. Meu trabalho é dar sustentação ao governo. Quando minha filha foi secretária da Fazenda, estive o tempo inteiro em Brasília, sem vir a Goiânia, sustentando uma série de projetos que trouxeram recursos para atravessarmos o momento mais difícil do governo. Acredito que, se algumas pessoas não reconhecem esse trabalho, a sociedade está reconhecendo, embora eu não seja de ficar divulgando. O critério será o que a população quiser. Estou na vida pública há tanto tempo e a sociedade vê a seriedade do meu trabalho, a minha responsabilidade com o interesse público. A correção em relação à condução do meu mandato. Esses são critérios que tem que fundamentar o pleito de qualquer parlamentar. 

Existe preocupação com a saúde financeira do estado?

Não existe preocupação só com o estado de Goiás, mas com o Brasil. A situação não é tranquila. A greve dos caminheiros afetou diretamente o agronegócio, encareceu o crédito, trouxe uma série de transtornos. Ao lado disso estamos sofrendo embargo das exportações dos nossos produtos, principalmente de proteína animal. Enfrentamos uma barreira internacional muito forte dos países europeus, como a Rússia e a china, incomodados com a quantidade da produção brasileira. Há uma situação também muito complicada, como a subida dos juros norte-americanos que acaba retirando das indústrias o investimento para lá. O agronegócio é muito forte em Goiás. Se você andar pelo sudoeste do estado, você fica preocupado porque isso vai refletir no segundo semestre. É um grande desafio que o governador vai ter, mas não é intransponível. Vai ser oportunidade de demonstrar a sua competência em lidar com essas situações. 

Como você avalia os 20 anos de PSDB? Tem legado ou desgaste?

Claro que tem desgaste. São 20 anos de vida pública. Eu tenho 30 anos. Ninguém passa ileso por tanto tempo. Mas tem muito legado. Somos um estado moderno com um processo de industrialização em nível médio. Temos os olhos do mundo voltados para cá. Temos avanços grandes em educação, como uma Universidade Estadual de Goiás que levou oportunidade para jovens do interior. O Goiás entregou 54 mil moradias. O projeto de habitação goiano é exemplo para o Brasil. O polo industrial de Anápolis se consolidou. Ainda existem dificuldades na área de saneamento básico, que precisam ser sanadas. Dizem que o Marconi Perillo está com índice baixo nas pesquisas. É baixo porque ele não fez campanha ainda. Uma pessoa que fez um trabalho inovador na educação entregando 200 mil bolsas universitárias. Foram 200 mil estudantes que se formaram com essa iniciativa. É um legado sem tamanho. 

Como avalia a infraestrutura do Estado? Com muitas obras paradas.

A infraestrutura está boa. Os hospitais estaduais de alta complexidade estão bem estruturados. Os hospitais regionais ainda precisam de investimento. A atenção básica foi desenvolvida por completo no governo federal. Tem a questão dos Cmeis, onde uma grande demanda não foi cumprida. Os Cmeis foram licitados no governo Dilma Rousseff com previsão para três mil unidades no Brasil. Então três empresas ganharam a licitação, mas o projeto não se tornou viável em alguns estados. Desses três mil Cmeis, inauguram apenas 100. Em Goiânia tem 20 obras paradas, em Aparecida tem 20 obras paradas também e no Brasil inteiro todas as obras estão paradas. Um Cmei custa R$ 1,3 milhão. Este é o grande mal do Governo Federal. Essas obras paradas são federais. Isso ocorre pela troca constante de ministros. Acontece que o governo empenha 10% do dinheiro, aí entra um novo ministro e fica os 10% fazendo a obra. O ano que vem entra um novo ministro, ele larga aquele empenho e vai empenhar outras coisas. Então os ministros estão trabalhando com dois orçamentos, um do ano anterior, que não interessa a ele, e um do próximo ano, onde ele começa novas obras que não são concluídas.  

Veja Também