Jorge Kajuru (PRP) : “Não quero benefício nenhum”

Pré-candidato e atual vereador de Goiânia admite fazer campanha sem recurso financeiro e, segundo ele, viaja pelo estado de ônibus para conversar com os eleitores

Postado em: 30-08-2018 às 06h00
Por: Kamilla Lemes
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Pré-candidato e atual vereador de Goiânia admite fazer campanha sem recurso financeiro e, segundo ele, viaja pelo estado de ônibus para conversar com os eleitores

Lucas de Godoi e Rubens Salomão*

O candidato ao Senado pela chapa de Ronaldo Caiado (DEM),
Jorge Kajuru (PRP), vereador por Goiânia, admite fazer campanha sem recurso
financeiro e, segundo ele, viaja pelo estado de ônibus para conversar com os
eleitores. A primeira proposta de Kajuru é polêmica: abrir mão de todos os
benefícios que o cargo oferece, como moradia oficial e motorista. Kajuru
pretende investir 50% do salário de senador em instituições filantrópicas, uma
ação que já realiza como vereador. O bom senador para Kajuru é aquele que
destina uma emenda parlamentar e a acompanha até o destino final.

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Como está a campanha para senador? Que diferença o senhor
tem visto dessa campanha majoritária para as proporcionais que participou?

Minha estrutura é zero, até porque não seria candidato
pensando em estrutura. Entendo que é uma campanha de tostão contra milhões, se
você somar Marconi Perillo, Lúcia Vânia e Vanderlan Cardoso, só aí tem R$ 100
milhões de campanha. Lembrando que a Legislação Eleitoral estabelece R$ 3,5
milhões por candidato. Esses já gastaram R$ 3,5 milhões na primeira semana. O
que eles vão ter de caixa dois não está escrito no gibi. Mas é uma campanha de
tostão prazerosa. Viajo de ônibus normal. Para os que acham que não sou
conhecido no interior do estado, digo que tenho 40 anos de televisão
brasileira.

Isso vira voto?

Claro que vira. Todos me conhecem de São Paulo. Além do
prazer de me conhecer pelo fato da televisão, eles conhecem o que faço como
político porque dei várias entrevistas nacionais. Os políticos se acham
conhecidos, mas até o Ronaldo Caiado fica assustado comigo. Tem gente que fala
“eu quero tirar foto com o Kajuru e não com o Caiado”. E olha que o Caiado é
conhecido.

E aquela história de que o senhor não seria candidato e
se fosse era para roubar, uma entrevista na Rádio K. O que mudou?

Quem me tirou da televisão brasileira foi a classe
política, então não tenho compromisso com a frase dita naquela época. Os
sentimentos mudaram. Só não imaginava nunca que aquela frase fosse me tirar da
televisão. Os políticos me demitiram de todas as emissoras que trabalhei. Então
resolvi ir ao campo deles, e no campos deles vou tirá-los, assim como eles
tiraram o Kajuru do campo dele. Só que vou tirá-los não covardemente, vou
tirá-los documentalmente mostrando à população quem de fato eles são.

E suas propostas como senador?

Abri mão de todas as regalias que os senadores têm, não
quero benefício nenhum. Jamais vou morar em casa de Senado, vou morar no meu
apartamento e pronto. Isso tudo foi registrado em cartório. Quero ver quem vai
ser senador com civismo e brasilidade. Vou cortar na própria carne. Quem vai
aceitar cortar 50% do orçamento ao erário? Relativo ao custo de cada senador.
Você sabe quanto custa um senador por ano? Eu perguntei ao Ronaldo Caiado que é
senador e ele não sabia. Um senador custa R$ 3 bilhões por ano. Se eles
abrissem mão de tudo isso que eles custam e investissem esse dinheiro em
educação para qualificar melhor nossos educadores, que passariam a receber a
metade do que recebe um congressista brasileiro, seria uma economia fantástica
para investimento nas escolas públicas e nas universidades.

O senhor criticou os políticos que viajam de avião, mas
vai dar tempo de visitar o Estado de Goiás indo de ônibus?

Não vai. Vou levar minha mensagem via redes sociais. Vou
chegar a umas 100 cidades no estado, mas vou com meu dinheiro. O apresentador
José Luiz Datena, que considero meu irmão, quis me ajudar financeiramente, mas
não aceitei. Ele já me ajudou para vereador. Não quero mais, minha campanha é
barata. Quem está comigo é voluntário. Não recebo cachê e não tenho salário
para pagar. As sete pessoas que estão comigo, estão pelo projeto que represento.

No Senado, o senhor será o primeiro a cortar regalias?

O senador José Antônio Reguffe (Sem partido-DF) faz isso,
mas faz errado. Ele economiza e devolve o dinheiro ao erário e esse dinheiro
vai parar no ralo da corrupção. Eu recebo o dinheiro e destino para
instituições que são escolhidas pelos meus próprios colegas da Câmara
Municipal. Lá no Senado vou destinar também. Reconheço que vou precisar de 50%
do salário para me manter em Brasília. Não vou morar naquela mansão oficial do
Senado nem vou querer os seis empregados que o senador tem direito.

Que Leis o senhor apresentaria no Senado para melhorar a
vida da população brasileira?

Quero usar as emendas que os senadores têm direitos para
destinar aos municípios do interior. Não farei como a Lúcia Vânia que envia uma
emenda e não acompanha se realmente vai chegar ao seu destino final.

Seu companheiro de chapa, Wilder Morais, não faz a mesma
coisa?

Ele destina a emenda, não sei se ele acompanha também.
Não faço média nem com ele porque não ando no avião dele, não tomo café com
ele.

É uma prática comum dos políticos.

Uma prática errada, se o Wilder Morais fizer isso também,
meto o pau nele. Falo dela (Lúcia Vânia) porque tenho os documentos do Senado
Federal. Nenhuma obra na qual ela destinou emenda foi concluída.

O senhor falou até agora do primeiro projeto. Quais são
os outros?

Eu tenho 24 projetos. Tenho projeto de revitalização do
Rio Araguaia e Tocantins na área de Meio Ambiente. Meu projeto é feito pelo
maior ambientalista do Brasil. Para a Saúde, quero estender o Centro de Atenção
ao Diabético, que criei em Goiânia e é o primeiro do Brasil. Quero que todos os
diabéticos do Brasil tenham acesso a tratamento gratuito pelo SUS num Centro do
Diabético. Tenho 101 projetos na Câmara Municipal de Goiânia. Destaco o Centro
do Diabético e o Família Acolhedora, que dá suporte à crianças e adolescentes
em situação de abandono.

Sobre o Pacto Federativo, o que pretende fazer no Senado?

O governo federal precisa entender que os municípios
necessitam de um prazo mais longo para pagar as dívidas e fazer o recuso chegar
através das emendas impositivas. O senador que não souber brigar por recursos
para o seu estado, ele está brincando. É preciso brigar lá da tribuna do
Senado, visitar o presidente da República para brigar, invadir o gabinete dele
se precisar.

 

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