Prefeitos bancam obra em rodovia

Sete municípios goianos se uniram para construir um desvio emergencial após o rompimento de um bueiro na GO-060

Postado em: 19-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Prefeitos bancam obra em rodovia
Sete municípios goianos se uniram para construir um desvio emergencial após o rompimento de um bueiro na GO-060

Lucas de Godoi* 

A má conservação das rodovias goianas tem exigido muito dos prefeitos de Goiás. Após a interdição de trechos da GO-060 e GO-173 pela Justiça e posterior rompimento de um bueiro no km 184 da GO-060, prefeitos de sete municípios se uniram para reestabelecer o trânsito na estrada. Para prosseguir com a obra, eles tiveram que assinar um termo de responsabilidade, já que a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) entendeu que a construção estava em desacordo com as exigências do órgão.  Apesar da paralisação deste sábado (16), os trabalhos devem ser retomados hoje.

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Os investimentos para realização do desvio serão pagos pelas prefeituras de Piranhas, Israelândia, Jaupaci, Amorinópolis, Iporá, Diorama e São Luiz dos Montes Belos. Os prefeitos também tiveram que assinar um termo de responsabilidade civil e criminal por eventuais acidentes no local. O acordo foi costurado pelo senador Vanderlan Cardoso. 

Vanderlan foi até o córrego Combuco e intermediou o diálogo entre o Executivo do estado e os municípios, com objetivo de somar forças para resolver o problema que tem afetado os moradores da região.  “Falei com o Governador Ronaldo Caiado, que nos atendeu prontamente e, junto com os prefeitos chegamos a uma solução, construindo um desvio com um novo bueiro para liberar a passagem dos veículos”, escreveu nas redes sociais. 

O governador Ronaldo Caiado (Democratas) já havia visitado o local comprometido, logo após o rompimento, na manhã do último domingo (10). Na ocasião, ele anunciou que o Exército iria construir uma ponte metálica sobre a GO-060 para que o trânsito fosse retomado rapidamente. Disse ainda que esse tipo de evento era causado pela corrupção na gestão dos recursos públicos. Já na última quinta-feira (14), Caiado decretou situação de emergência em 12 municípios da região para facilitar a adoção de medidas urgentes para reparação dos trechos prejudicados. 

Durante o fim de semana, houve um clima de incerteza em relação aos reparos, já que a Goinfra teria se posicionado contrária ao serviço realizado pelos municípios. Por causa dessa repercussão, o juiz Marcos Boechat Lopes Filho veio a público esclarecer que sua decisão anterior – de bloquear o tráfego de veículos pesados em trechos das rodovias – não tinha relação com a paralisação da obra. 

O magistrado disse em nota que ficou sabendo através do Comandante da Polícia Militar Rodoviária, Tenente Coronel  Nilso Veloso da Silva que um engenheiro da Goinfra esteve no local e não aprovou a passagem sobre o córrego da forma como as prefeituras queriam realizar, com argumento de que a estrutura ficaria insegura para o trânsito de veículos. 

“Não é verdadeira a notícia divulgada extraoficialmente em redes sociais de que eu embarguei a construção do desvio. Ressalto, ainda, que a responsabilidade pela recuperação da rodovia ou da construção de desvios é da GOINFRA e do Estado de Goiás, não das prefeituras”, informou o juiz. 

Ainda segundo a nota, as obras poderiam prosseguir, desde que observadas as normas técnicas que garantissem a segurança do trânsito no local. Os prefeitos devem concluir o desvio ainda nesta semana. 

Além disso, também é esperada a montagem da ponte de metal pelo Exército, que deverá ser concluída nos próximos 15 dias. O governo goiano, também, continua com a promessa de construir uma ponte de cimento na gruta, mas ainda não deu previsão para início da obra.

Medida judicial

Antes do rompimento, o juiz  Marcos Boechat Lopes Filho, da comarca de Israelândia, determinou que o Estado de Goiás, providenciasse barreiras para bloquear o tráfego de veículos pesados na GO-173, entre Israelândia e Jaupaci, e na GO-060, entre Iporá e o trevo de acesso à cidade de Moiporá. Para garantir a efetividade da medida, as barreiras deveriam ser policiadas 24 horas por dia, sob pena de multa de R$ 1 milhão. Os trechos foram interditados por força de liminar no dia 13 de fevereiro, porém a ordem não foi cumprida até que houvesse o desabamento da pista.

Na véspera de carnaval, a Goinfra realizou um tratamento emergencial da via, o que segundo o juiz, foi insuficiente para resolver o problema. “Os reparos emergenciais iniciais foram feitos apenas com a retirada do asfalto deteriorado e, em seu lugar, foi apenas colocada uma camada de terra, aparentemente sem qualquer critério técnico, o que, a princípio, não garante a segurança de tráfego no local, sobretudo de veículos pesados, podendo provocar acidentes até mesmo com vítimas fatais”, despachou. 

Por causa do descumprimento da decisão anterior – passados mais de 10 dias desde a liminar – Marcos Boechat arbitrou multa ao Estado de Goiás no valor de R$ 100 mil. 

Procurada, a Goinfra não havia se posicionado até o fechamento desta edição. (* Especial para O Hoje) 

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