Caiado acerta conversão de multas do Ibama em investimento no Programa Juntos pelo Araguaia

Governador esteve em Brasília com ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para definir últimos detalhes de cooperação técnica entre Governo de Goiás e União. Valor destinado ao projeto de revitalização do rio deve chegar a R$ 100 milhões

Postado em: 08-10-2019 às 19h55
Por: Guilherme Araújo
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Governador esteve em Brasília com ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para definir últimos detalhes de cooperação técnica entre Governo de Goiás e União. Valor destinado ao projeto de revitalização do rio deve chegar a R$ 100 milhões

Da Redação 

O governador Ronaldo Caiado se reuniu, nesta terça-feira (8), em Brasília, com o ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, para acertar os últimos detalhes de um acordo de cooperação técnica entre o Governo de Goiás e a União para o início do Programa Juntos pelo Araguaia. O principal ponto do acordo é a conversão de multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em recursos para as obras e ações do projeto de revitalização do rio. Na reunião, ficou definido que as empresas que tenham multa em atraso com o Ibama agora poderão transformar o valor em investimento na recuperação da bacia. O valor total de captação é de R$ 100 milhões.

Segundo a secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, a proposta é um mecanismo moderno de integração entre setor produtivo e a proteção ambiental. “Ao destinar a multa por alguma infração ambiental em um investimento de recuperação direta entre empresa e programa, o governo cria um vínculo entre instituição infratora e a proposta de recuperação, por exemplo, do Rio Araguaia”, destaca. “Não é apenas um dinheiro que é pago e desaparece nas contas públicas. Acaba criando mais conscientização e despertando a participação das empresas”, esclarece.

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Agora, o Governo de Goiás inicia o trabalho de negociação direta com as empresas listadas pelo Ibama para a destinação dos recursos convertidos. “Estamos em busca de outros recursos, sejam internacionais, fundo perdido ou outras fontes”, diz a titular da Semad. “Vamos avançar nesta perspectiva a partir do momento em que o projeto executivo estiver pronto e detalhado”, conclui a secretária.

O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) já efetivou recente nota de crédito para que seja iniciado o trabalho de elaboração do estudo de áreas prioritárias para recuperação da bacia hidrográfica do Rio Araguaia e o projeto executivo que visa a revitalização.

Os recursos já foram transferidos diretamente para a Universidade Federal de Viçosa (UFV), que coordena a elaboração dos estudos de áreas prioritárias e do projeto executivo. O acordo de cooperação para execução do programa Juntos pelo Araguaia envolve os governos de Goiás, Mato Grosso e Federal.

Recuperação

O Juntos pelo Araguaia foi lançado no dia 5 de junho, em Aragarças (GO), com presenças do presidente da República, Jair Bolsonaro, e dos governadores Ronaldo Caiado e Mauro Mendes (MT). Ao longo dos próximos anos, o programa atuará na recomposição florestal, conservação de solo e água, além de ações paralelas nos municípios envolvidos.

Segundo o governador Ronaldo Caiado, o programa é um ambicioso instrumento de recuperação ambiental do Centro-Oeste. “Será o maior projeto instalado para recuperar bacias de um rio, não só no País, mas no mundo todo”, afirmou, na época do lançamento. 

A primeira etapa do programa fará a recuperação de 10 mil hectares da bacia hidrográfica, sendo 5 mil em Goiás e 5 mil no Mato Grosso. O investimento, da parte de Goiás, gira em torno de R$ 250 milhões.

Com 2.115 quilômetros de extensão, a bacia hidrográfica do Rio Araguaia banha quatro Estados brasileiros. Diante da importância ecológica, turística, socioeconômica e cultural, o Programa Juntos Pelo Araguaia surge com o propósito de proteger todo esse patrimônio, e também propor novos modelos de desenvolvimento sustentável.

Concebida como uma iniciativa de médio e longo prazos, a ação vai atuar na conservação do solo (como a implantação de bacias de contenção de águas de chuvas e sedimentos), no terraceamento de pastagens e áreas agrícolas (para aumento da infiltração e direcionamento de canais de escoamento superficial) e recomposição florestal de áreas de preservação permanente. Paralelo a isso, serão desenvolvidas ações que vão influenciar diretamente na qualidade de vida da população do Vale do Araguaia.

O projeto conceitual foi desenvolvido pelo Instituto Espinhaço, por meio de acordo de cooperação técnica com a Semad e Governo de Goiás. Segundo a titular da pasta, Andréa Vulcanis, a expectativa é de que o programa já tenha efeito imediato sob alguns aspectos. “Nos últimos anos, a água do Rio Araguaia diminuiu o volume em 35%”, diz. “Então, já se espera um aumento da quantidade de água disponível. A médio e longo prazos haverá o retorno da biodiversidade, das espécies, da fauna, de peixes e tudo mais”, informa. “É um grande projeto e precisa de tempo para produzir resultados”, conclui. 

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