Governo de Goiás suspeita que dados sobre crimes de 2018 foram adulterados

Segundo o secretário de Segurança Pública Rodney Miranda, há um inquérito policial instaurado para apurar as estatísticas dos últimos anos - Foto: Divulgação.

Postado em: 07-11-2019 às 19h25
Por: Nielton Soares
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Segundo o secretário de Segurança Pública Rodney Miranda, há um inquérito policial instaurado para apurar as estatísticas dos últimos anos - Foto: Divulgação.

Nielton Soares

Secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, disse haver indícios que os dados sobre a criminalidade em Goiás passou por alterações, a revelação aconteceu durante a inauguração da unidade do Grupo Especial de Combate à Corrupção da Polícia Civil de Goiás (PC-GO), nesta quinta-feira (7). 

Em entrevista coletiva, Miranda disse que os dados da segurança pública, excluídos do portal do órgão, passam por uma auditória dos índices. “Tem um inquérito policial instaurado que já temos bastante materialidade que os números de 2018 foram mexidos”, relatou. 

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Segundo o secretário, a investigação está em andamento, “mas assim que for concluída, vamos apresentar o resultado”, completou. Ele frisou ainda que o disque denúncia é mais um canal para que a sociedade possa ser parceira no combate a corrupção no Estado. 

Em relação à operação sobre o Detran e a Sanperes, o governador Ronaldo Caiado garantiu que o contrato do órgão com a empresa, suspeita de crimes, irá ser mantido para prestar o serviço aos usuários. “Se o Poder Judiciário vai determinar nova licitação, nós temos que aguardar. Aí não é uma decisão do governador e muito menos da polícia, isso é uma posição do Judiciário para saber se devamos fazer uma nova licitação ou exigir uma prática dentro dos preços pré-estipulados”, salientou.

As investigações apontam que a Sanperes, juntamente com um grupo de empresas, é suspeita de atuar no superfaturamento do valor da tarifa de vistoria de veículos. “Hoje, quatro anos depois, o preço médio da tarifa média de vistoria no país é de R$ 85, e há quase cinco anos, foi estipulada uma tarifa de R$ 117, e posteriormente os reajustes”, detalhou o titular do grupo, delegado Rômulo Figueiredo. 

Além de Figueiredo, outros cinco delegados especializados no combate ao crime de corrupção compõem o Grupo Especial, que será acionado pelo telefone 181, que funcionará também como disque denúncia, garantindo o sigilo do denunciante. 

A investigação deflagrada, na manhã desta quinta, que prendeu o ex-presidente do Detran, João Furtado, e apura o processo de terceirização da vistoria veicular, vencido pela Sanperes, foi à primeira atuação da equipe. Acerca das investigações, o título disse que houve a demonstração de “uso de empresa de fachada, fictícias, habilitações indevidas, sérias irregulares para que a empresa sagrasse vencedora”, relatou. 

O Delegado Geral da Polícia Civil, Odair José Soares, explicou que a delegacia irá atuar exclusivamente para a investigação de crimes de combate a corrupção como lavagem de dinheiro, associação criminosa, enriquecimento ilícito, dentro outros. “Tudo que diz respeito a desviou de dinheiro público, envolvendo, principalmente, de crimes de colarinho branco, esse grupo será especializado nesse tipo de combate”, disse. 

Segundo o delegado, o atual governo garantiu liberdade para atuação dos agentes, algo que não acontecia anteriormente, que quase o levou a se afastar das funções. “Fiquei de repente sem lugar para trabalhar, por ser cumpridor da lei”, lembra. 

Nesse sentido, o delegado geral salientou que a atuação da Polícia Civil estará respaldo na legislação. “Os termos da lei hoje que é o nosso freio, nós vamos respeitar a lei. Esse grupo irá trabalhar dentro da legalidade”, frisou.

Questionado se o governo anterior era conivente com o crime, Soares responde: “acredito que sim, vários fatos não eram investigados, havia um controle de algumas delegacias. Tinham delegacias que os delegados eram colocados lá para não investigar e quando começava a investigar eram transferidos. Sei de vários casos, inclusivo.  

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