Quinta-feira, 28 de março de 2024

“No Brasil, não existe racismo”, diz Mourão sobre assassinato de homem negro em supermercado

Vice-presidente repetiu tese por três vezes e disse que racismo é "coisa que querem importar para o Brasil"| Foto: Reprodução/ AFP

Postado em: 20-11-2020 às 17h48
Por: Redação
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Vice-presidente repetiu tese por três vezes e disse que racismo é "coisa que querem importar para o Brasil"| Foto: Reprodução/ AFP

Da Redação

Ao comentar o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos espancado e asfixiado por seguranças dentro de uma unidade do Carrefour em Porto Alegre nessa quinta-feira (19), o vice-presidente Hamilton Mourão lamentou o caso, mas disse acreditar que o crime não foi motivado por questões raciais.

“Pra mim, no Brasil, não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar para o Brasil, não existe isso aqui. Eu digo pra você com toda tranquilidade, não tem racimo aqui. Digo isso porque eu morei dois anos nos EUA. Racismo tem lá. Lá o pessoal de cor ficava separado, sentava atrás no ônibus não na frente. Fiquei impressionado com isso, no final da década de 60”.

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O vice-presidente diz ver apenas um caso de “segurança totalmente despreparada”. “O que você pode dizer é que aqui existe desigualdade. Temos brutal desigualdade. As pessoas mais pobres, com menos acesso, são gente de cor. Violência policial…naturalmente, os que estão em desvantagem social, vivem em área de favela, expostos ao crime organizado, infelizmente, são pessoas de cor. Essa é a realidade”, declarou. 

Relembre o caso

João Alberto Silveira Freitas foi espancado e asfixiado em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite dessa quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu.

Um vídeo que mostra dois homens brancos agredindo Silveira no estacionamento do supermercado circula nas redes sociais.

De acordo com a Polícia Militar, os envolvidos, seguranças do local, foram presos em flagrante, por crime de homicídio, mas ainda podem ser indiciados por homicídio triplamente qualificado.

Um deles é um agente militar temporário – que não estava em serviço policial no momento do crime –, “cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei”.

Um PM temporário é contratado de forma emergencial para prestar serviços administrativos à corporação, e não nas ruas. 

Carrefour lamenta ocorrido

Em nota, o Carrefour disse que “lamenta profundamente o caso” e que “adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso”.

A empresa informou ainda que vai romper o contrato com a companhia responsável pelos seguranças e demitirá o funcionário que estava no comando da loja no momento do crime. A loja vai permanecer fechada nesta sexta.

“Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente”, diz o comunicado do Carrefour.

“Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam.” 

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