Aula em simulador é obrigatória para Detran
Provas práticas de novos condutores são impedidas pelo Denatran. Processo começa, mas cidadão não sabe quando terá CNH
Karla Araujo
Candidatos a condutores que iniciaram o processo em 2016 não poderão fazer a prova prática de direção se não forem submetidos a, no mínimo, cinco horas/aula em um simulador de direção veicular. A medida vale também para processos abertos em 2015, mas que tiveram o exame médico realizado em 2016. Um mês após a determinação começar a valer, muitos já tentaram marcar a prova de direção, mas sem sucesso.
De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), o sistema de agendamento de prova prática foi bloqueado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Ainda segundo o Detran, os Centros de Formação de Condutores (CFCs) foram informados para se regularizar quanto à exigência dos simuladores. Não há simuladores em funcionamento em nenhum CFC goiano.
A estudante de Direito, Kellen Silva Brito, 24, iniciou, ontem (2), o processo para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), na Categoria B . Ela está preocupada com os transtornos que a proibição pode causar. “Sinto-me insegura, pois não sei quando conseguirei finalizar o processo e pegar minha CNH. Tenho certeza que vai atrasar a obtenção do meu documento, pois essa situação já se arrasta há algum tempo”, lamenta Kellen.
Antônio Soares, 72, é dono de um CFC há 42 anos. Ele ainda não tentou marcar nenhuma prova teórica este ano, pois primeira turma de alunos de sua empresa acabou de terminar o curso teórico. Mas ele já prevê que terá problemas com os 20 candidatos a motorista que representa. “Estou esperando a decisão da maioria para comprar ou não o simulador. Se esse impasse continuar, terei clientes com o processo parado por algum tempo”, diz o empresário.
Simulador
Para o instrutor de direção Leandro Barbosa de Carvalho, o simulador não acrescenta na formação dos novos condutores. “Não conheço forma melhor de ensinar qualquer coisa como na prática. O simulador tira a responsabilidade de várias coisas do aluno, como atropelar uma pessoa ou bater em outro carro. Ensinar no simulador é a mesma coisa que nada”, afirma Leandro.
Ainda de acordo com o instrutor, qualquer quantidade de horas no simulador é desperdício, pois os instrutores “não confiam na eficiência da tecnologia para o aprendizado dos alunos”. Segundo Leandro, cada aula no simulador custaria R$ 60 a mais para o candidato. “Os centros de formação têm condição de arcar com o custo de R$ 30 mil a R$ 40 mil do aparelho, mas é uma obrigação que pode deixar de existir em breve, por isso o investimento ainda não foi feito pela maioria”, explica.
A obrigatoriedade das aulas no simulador de direção foi determinada pela resolução 444/2013 do Conselho Nacional de Trânsito. Nas cinco aulas de 30 minutos no aparelho, o aluno deve ser exposto a dez diferentes situações. A sala do simulador deve ser equipada com webcam com transmissão de imagens via internet para órgãos fiscalizadores.
Incentivo
A Caixa Econômica Federal informou na semana passada que disponibilizará R$ 500 milhões para que os CFCs possam financiar a aquisição de simuladores de direção veicular. O equipamento pode ser financiado por meio do Cartão BNDES, em até 48 meses, ou por meio da linha Caixa BCD (Bens de Consumo Duráveis), com juros a partir de 2% ao mês, financiando até 90% do valor em até 60 meses, incluído o prazo de carência, que pode chegar a seis meses.