Aeronautas e aeroviários planejam nova paralisação
Em Goiânia, nove voos foram prejudicados de alguma forma pela greve dos trabalhadores de aeroportos de três regiões brasileiras
Karla Araujo
Apesar da paralisação dos aeronautas e aeroviários não ter atingido diretamente o Aeroporto Santa Genoveva, seis voos atrasaram e quatro foram cancelados ontem (3) na Capital. No Brasil, de 1.690 voos domésticos, 457 (27 %) sofreram atraso e 248 (14.7 %) foram cancelados. Dos 43 voos internacionais, sete sofreram atraso, mas nenhum foi cancelado.
A categoria cruzou os braços por duas horas em doze aeroportos brasileiros e causou tumulto em voos e decolagens nos demais que não aderiram ao movimento. Os aeroviários e aeronautas não aceitaram a proposta de reajuste parcelado com a reposição da inflação e não retroativo à data-base (1º de dezembro). A categoria exige reajuste de 11% nos salários e benefícios, retroativo à data-base, para recompor as perdas inflacionárias nos salários.
Segundo o presidente do Sindicato dos Aeroviários do Estado de Goiás (Saeg), Josemil Carneiro de Souza, a parcela goiana da categoria não realizou paralisação direta hoje, mas apoia o movimento realizado no País. “Nós sabíamos que nossa ação não faria tanta diferença quanto a realizada em aeroportos do Sudeste e do Nordeste. De qualquer forma, ficamos de braços cruzados quando o efeito das paralisações de outros Estados chegou até nós”, explica o presidente.
Uma das pessoas prejudicadas pelo atraso nos voos foi o procurador federal, Lourival Silva Cunha, 71. Ele saiu de Porto Velho à 1h30 de ontem e sairia de Brasília com destino a Goiânia às 7 horas. Porém, devido à paralisação, Lourival saiu de Brasília às 9h. “Embarquei em Porto Velho com o check in feito. O problema foi ficar esperando duas horas no aeroporto quando havia planejado chegar antes disso em casa”, lamenta.
O professor Diego Moraes, 33, passou por situação ainda mais complicada. Ele chegou pela manhã no Aeroporto Santa Genoveva com o objetivo de embarcar para Guarulhos. Em São Paulo, ele embarcaria para a Espanha. “Com os atrasos, fui alocado em outra companhia com algumas horas de atraso. Até aí, tudo bem, porque acabei ganhando hora no segundo trecho. Mas em Guarulhos, descobri que a companhia não havia registrado a troca. Felizmente o problema foi resolvido rapidamente”, comemora.
Negociação
O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) informou por nota que pretende dialogar com a categoria. Ainda segundo a instituição, no atual processo, as companhias fizeram, desde outubro, seis propostas aos trabalhadores. Na nota o SNEA afirmou que, com a paralisação de ontem, os trabalhadores descumpriram a determinação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de manutenção mínima de 80% do efetivo na operação aérea.
O Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) informou, também por nota, que espera a nova proposta das empresas, que será apresentada aos trabalhadores depois do carnaval. Caso a proposta não esteja de acordo com a reivindicação da categoria, a possibilidade de nova paralisação não está descartada. De acordo com a SNA, o movimento foi apenas uma advertência para as empresas aéreas.
Ainda segundo a SNA, o impacto do protesto realizado ontem foi minimizado devido às iniciativas das companhias aéreas, que nos últimos dias contataram e reacomodaram um grande número de pessoas para voos em outras datas e horários. As paralisações aconteceram no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Campinas.