Hospital Araújo Jorge pede socorro para sobreviver
Crise financeira no centro referência no combate ao câncer compromete atendimento
Jéssica Torres
AHoje, no Dia Mundial de Combate ao Câncer, o Hospital Araújo Jorge está no vermelho. Para amenizar os efeitos da crise financeira já houve um severo corte de pessoal em todas as áreas. Caso a situação não seja normalizada, novos pacientes podem ficar sem atendimento.
A situação é alarmante, já que 70% dos atendimentos realizados dependem do Sistema Único de Saúde (SUS), é o que aponta o diretor técnico do hospital Araújo Jorge, Márcio Roberto Barbosa da Silva. “Quem mais perde é o cidadão. Apesar de oferecermos um serviço de qualidade não estamos tendo contrapartida. O que se torna insustentável”, lamenta.
Conforme o diretor, o repasse do município ao hospital está em atraso 50% referente ao mês de outubro. “Novembro só conseguimos por muitas reclamações. Mas os funcionários não receberam nem a metade de outubro e integramente novembro”, relata. O mês de dezembro já deveria ser pago agora no começo de fevereiro, mas adianta que, se caso isso não acontecer, o hospital será obrigado a suspender o atendimento a novos pacientes.
Sem celebração
Para 2016, estima-se a ocorrência de mais de 596 mil casos da doença no Brasil, segundo o INCA e, na região Centro-Oeste, mais de 40 mil novos casos são estimados para 2016 e 2017. Diante da situação, o presidente da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), mantenedora do hospital, Alexandre João Meneghini se reuniu ontem com o secretário de Saúde, Fernando Machado. Segundo o presidente, foi estipulado um prazo até o final dessa semana para o repasse dos valores em atraso.
“Apesar do dia 4 de fevereiro ser um motivo para lembrar da importância no combate ao câncer, o tratamento contra a doença é o nosso dia-a-dia e iremos lutar”, frisa. Por isso, ao invés de festa, hoje será enviado um documento para Conselho Regional de Medicina, com cópia da nota para as secretarias de saúde e ministério federal e estadual pedindo socorro para manter ativo seu funcionamento.
Só em 2015, foram mais de 45 mil pacientes atendidos no hospital e realizado mais de 1 milhão de procedimentos. “Com a crise nacional, apesar de nenhum serviço deixar de ser oferecido até agora, desde o ano passado estamos com um programa de redução de custos, que foi em cerca de 11%, e tudo indica que no ano de 2016 teremos que diminuir mais ainda”, revela.