Pichações dominam o visual de Goiânia
Dema garante que número de ‘galeras’ agindo na Capital caiu nos últimos quatro anos. Força-tarefa foi realizada para reprimir o crime
Karla Araujo
Em Goiânia, por onde se olha, é possível encontrar propriedades públicas e particulares tomadas pelas pichações. A busca de jovens pela adrenalina de ser pego ou não pela polícia é o que move a maior parte das “galeras”. Essa é a opinião a adjunta da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), Lara Menezes Melo Olivera.
A reportagem do O HOJE percorreu as principais vias da Capital e encontrou diversos edifícios com pichações. Na Avenida Anhanguera, no Centro, é raro encontrar um prédio que não esteja com a marca das “galeras” nas paredes acima das marquises. Élida Silva é gerente de uma loja de roupas localizada na região. Ela trabalha na empresa há dois anos e diz que é difícil encontrar um local que não esteja com as paredes sujas.
“As portas de ferro estão completamente pichadas. Perto da loja em que trabalho tem outro comércio que colocou cerâmica para conseguir limpar as paredes. Mas quando os responsáveis fazem a limpeza, as pichações vêm em seguida”, conta a gerente.
É possível encontrá-latambém na recém-revitalizada Praça Cívica, como em uma das paredes do Museu Estadual Professor Zoroastro Artiaga. O exterior da Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento (Segplan), em que é realizado atendimento do Cred Pai – Financiamento Popular, também está com a marca dos pichadores.
Menores
De acordo com a delegada Lara Menezes, a maior parte das pichações que existem hoje em Goiânia é antiga. “Foram feitas por ‘galeras’ que investigamos e tomamos as providencias para que não voltem a sujar. Há quatro anos começamos uma verdadeira caça aos pichadores. Com isso, a quantidade de ocorrências da ação na cidade em 2015 não chega a 20% do que era nos anos anteriores”,
Ainda segundo Lara Menezes, um dos maiores desafios é a falta de denúncia. No caso da pichação na Praça Cívica, por exemplo, a delegada disse que não tem conhecimento sobre ocorrência no local. “Pichação é crime. Quando é realizada contra o patrimônio público, é mais grave. Mas o cidadão comum e a administração pública pensam que é só passar uma tinta ali e fica resolvido. Com isso, deixam o boletim de ocorrência de lado. Isso dificulta nosso trabalho”, explica Lara.
A delegada conta que a maior parte dos pichadores é menor de idade. Isso faz com que a consequência seja ainda mais branda, pois a pena para quem comete o crime é prisão por menos de um ano. “Com a força tarefa que realizamos, os responsáveis por esses menores tomarem conhecimento auxilia na prevenção e reeducação dos jovens”, afirma Lara.
Adrenalina
O jovem Pedro (nome fictício), 23, foi pichador dos 17 aos 20 anos. Ele conta que entrou em uma ‘galera’ por causa de influência de amigos. Segundo ele, há grupos que apenas picham e outros que também se envolvem em brigas, pois existem gangues rivais. O grupo que eu participava pichava e brigava. Cada pessoa tinha a sua letra, sua identificação. O pichador escreve nas paredes basicamente o apelido e o nome da ‘galera’. Quando a pichação é feita no território do grupo rival, escreve-se também um recado para a outra gangue. O que apimenta a provocação”, explica Pedro.