UFG desenvolve software que detecta pneumonia
Pesquisa resultou em sistema que compara fotos e pode ajudar médicos em postos com menor estrutura
Deivid Souza
A tecnologia mudou a maneira como fazemos quase tudo. Nem os profissionais de saúde escapam da influência dos avanços. Em Goiás, um software, o PneumoCad, desenvolvido na Universidade Federal de Goiás (UFG) visa ajudar no diagnóstico de pneumonia bacteriana em crianças de 0 a 2 anos. O responsável pelo projeto afirma que o sistema pode ser adaptado para identificar outros problemas de saúde.
O aparelho consiste em fazer a comparação entre fotos de radiografias de pacientes com suspeita da doença e um banco de dados com várias imagens de radiografias de crianças já avaliadas por médicos. A aplicação calcula até o percentual de chance de ocorrência da enfermidade.
Após fazer a radiografia, o profissional de saúde insere uma fotografia do exame no software que é acessado por meio da internet e o PneumoCad avalia a similaridade da situação do paciente com os casos cadastrados no banco de dados. O aparelho também pode fazer o cadastro do endereço dos diagnósticos apontando locais de maior concentração da doença. “Você pode ter uma forma de levar ações de saúde e atendimento diferenciado para aquela região”, afirma a pediatra do Hospital das Clínicas (HC), Maria Selma Neves da Costa.
A especialista considera que “tecnologia com bom senso é bom”, mas ressalva: “A questão é não deixá-la ser superior à clínica”. Ela imagina vantagens na ferramenta. “Só de ser digitalizada, a radiografia é potencializada, tem a chance de ampliar e melhorar o que eu tenho na radiografia comum”, acredita.
Ampliar
A pneumonia é uma infecção que afeta os pulmões e tem como sintomas febre alta, tosse, dor no tórax, entre outros. Se tratada adequadamente não há maiores riscos à saúde. O coordenador da pesquisa, o cientista da comuputação, Leandro Luis Galdino de Oliveira, argumenta que o software pode ser utilizado em postos de saúde, onde o acesso da população a especialistas é mais difícil e assim, auxiliar os profissionais de saúde. Ele ainda explica que as aplicações da ferramenta podem ser ampliadas para identificar outras doenças como o câncer de mama. “A nossa ideia é evoluí-lo para um software escalado e agregar funcionalidades para mais imagens médicas diferentes”, espera.
O próximo passo é fazer um projeto piloto em uma unidade de saúde. Para isto, Oliveira vai buscar parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES). O projeto levou cinco anos até chegar ao estágio atual e obteve recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), além da parceria com o Instituto de Patologia Tropical Saúde Pública (IPTSP) que ajudou com as informações médicas. Atualmente, o “PneumoCad” funciona experimentalmente no Instituto de Informática (INF) da UFG.