Dramas familiares marcaram o 1º dia de competição do Berlinare
Na sexta-feira (12), primeiro dia do 66º Festival de Berlim (Berlinare), os trabalhos foram abertos pelo tunisiano Hedi, do estreante (em longas) Mohamed Ben Attia, sobre um jovem tímido dominado pela mãe que, às vésperas do casamento, se apaixona por outra mulher e se rebela contra os planos que lhe foram traçados pela família. Hedi […]
Na sexta-feira (12), primeiro dia do 66º Festival de Berlim (Berlinare), os trabalhos foram abertos pelo tunisiano Hedi, do estreante (em longas) Mohamed Ben Attia, sobre um jovem tímido dominado pela mãe que, às vésperas do casamento, se apaixona por outra mulher e se rebela contra os planos que lhe foram traçados pela família.
Hedi (Majd Mastoura) é um rapaz introspectivo, que gosta de desenhar e sonha em publicar histórias em quadrinhos. Ele trabalha como vendedor de uma revendedora de automóveis e, durante os preparativos para o casamento, é enviado pelo patrão a uma cidade costeira para procurar novos clientes. Lá conhece Rym (Rim Ben Messaoud), animadora de resort, cuja energia o inspira a tomar suas próprias decisões na vida.
Segundo Attia, Hedi é um retrato da nova geração de tunisianos, imprensada entre as tradições do país – e seus estigmas, como o casamento arranjado – e as ideias progressistas disseminadas a partir da Primavera Árabe, que se espalhou pela região a partir de 2011. “Minha ideia inicial era contar a história de um jovem dividido entre dois mundos, duas vozes, em que cada uma poderia determinar o caminho a seguir”, conta o diretor. “Há poucos anos, tivemos nossa primeira eleição democrática, estávamos aprendendo a nos descobrir. Assim como Hedi no início do filme, tentamos viver as nossas vidas sem fazer muitas perguntas”, diz.
A relação pai e filho ganha contornos de ficção científica em Midnight Special, do americano Jeff Nichols, sobre os esforços de um pai, Roy (Michael Shannon), para proteger seu filho de 8 anos, um garoto com poderes misteriosos, que nem a religião ou o governo americano conseguem compreender. Um dos nomes mais promissores da nova geração do cinema independente, conhecido por filmes como o drama psicológico O Abrigo (2011) e o drama Amor Bandido (2012), pisa em falso no gênero da fantasia.
Sequestrado pelo pai biológico do adotivo, líder de uma seita extremista do Texas, o pequeno Alton (Jaeden Lieberher) se encontra no meio de uma disputa entre aqueles que acreditam que ele seja uma espécie de salvador e o FBI, que o vê como uma arma. Roy e Sarah (Kirsten Dunst), mãe do menino, tentam dar proteção ao filho, que dispara raios pelos olhos, é sensível à luz do sol e é capaz de derrubar satélites meteorológicos. “É uma história sobre a natureza da fé em suas mais variadas formas e sobre até onde uma pessoa pode ir em defesa daquilo que é importante para ela”, justifica-se Nichols.
A maratona do dia atingiu seu ponto mais baixo com Boris Sans Béatrice, do canadense Denis Côté, ganhador do troféu Alfred Bauer na Berlinale de 2013 com Vic+Flo Viram um Urso. Aqui, Boris (James Hyndman), empresário arrogante e bem-sucedido, se vê abatido pela crise de depressão da mulher, Béatrice (Simone-Élise Girard). Para aliviar a pressão, Boris entrega-se a um caso com uma colega e se atira nos braços da jovem cuidadora de sua mulher. Até que uma estranha figura mística (Denis Lavant) o força a rever suas conquistas. (Agência O Globo)