O Hoje, O melhor conteúdo online e impresso - Skip to main content

quarta-feira, 28 de agosto de 2024
Cidades

Escolha de repelentes deve ser feita com cuidado

Farmácias quase dobraram as vendas de produtos do tipo desde a propagação do Zika vírus. Mulheres grávidas são as mais preocupadas

Postado em 29 de fevereiro de 2016 por Redação
Escolha de repelentes deve ser feita com cuidado
Farmácias quase dobraram as vendas de produtos do tipo desde a propagação do Zika vírus. Mulheres grávidas são as mais preocupadas

Thiago Burigato

O recente surto de zika, associado à já onipresente manifestação da dengue, provocou na sociedade o medo da contaminação. O temor, por sua vez, levou a população à busca por métodos de prevenção, o que culminou na crescente procura por repelentes nas farmácias de todo o Brasil. Goiânia não foge à regra.

Engana-se, porém, quem pensa que qualquer repelente é indicado para todo tipo de pessoa. De acordo com seu componente principal, alguns produtos podem ser mais ou menos recomendados para gestantes ou crianças, especialmente as menores.

Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), há três tipos de princípios ativos mais comuns utilizados nesses produtos: IR3535, DEET e Icaridin. Apesar de todos terem sua eficácia comprovada, cada um tem um tempo específico de atuação, exigindo sua reaplicação após algumas horas.

O IR3535 é considerado seguro para gestantes e crianças de seis meses a dois anos. Ele mantém seu efeito por até duas horas após a aplicação. O produto mais popular com esse componente é a loção antimosquito Johnson’s.

Outros, como OFF e Repelex, têm como princípio ativo o DEET. O composto é recomendado para gestantes e crianças com mais de dois anos de idade e está entre os mais vendidos, não custando mais do que R$ 25. Cada aplicação dura por até seis horas.

Já o produto mais comercializado à base de Icaridin é o Exposis, que também é o mais caro. Com tempo de proteção de até 10 horas, seu uso é considerado seguro para gestantes e crianças a partir dos dois anos. Um único frasco, de 100 ml, custa em média entre R$ 55 a R$ 80.

O diretor do Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de Goiás (Sinfar), Humberto Jayme, frisa a importância de se atentar para o tipo de repelente mais adequado para cada caso. “A maioria dos produtos no mercado não são recomendados para gestantes ou crianças pela sua toxicidade. Como são organismos mais sensíveis, o composto pode afetar o feto, causar reações alérgicas, e até provocar má-formações”, alerta.

Preocupação

Pode pesquisar: dificilmente você vai achar algum estabelecimento na capital onde a venda de repelentes não aumentou consideravelmente nos últimos nove meses. Foi nesse prazo que a doença ganhou a atenção da mídia e das autoridades e se tornou motivo de preocupação. 

Tiago Augusto, gerente de um estabelecimento no Setor Bela Vista, informa que, por lá, as vendas de repelentes cresceram cerca de 70%. “Só em janeiro nós vendemos cerca de 300 frascos”, afirma.

Em outra farmácia, dessa vez no Setor Marista, as vendas aumentaram um pouco mais, cerca de 80%. “Aqui nós vendemos de 20 a 30 por semana”, destaca a gerente, Tatielle Cunha.

A procura aumentou em todos os setores da sociedade. Mais pobres, mais ricos, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres. Todos eles, hoje, demonstram preocupação com os riscos do Aedes aegypti. No entanto, há um perfil específico que tem causado um aumento ainda maior na procura por repelentes: o de mulheres grávidas.

Não é sem motivo. Desde novembro de 2015 cientistas estudam a correlação entre os casos de zika com o também crescente número de incidências de fetos diagnosticados com microcefalia.

A fisioterapeuta Marcela Stefany Rodrigues Alves confessa que nunca se importou muito com o risco das doenças provocadas pelo Aedes aegypti. Agora, grávida de seis meses, porém, ela toma todas as precauções que pode.

“Comecei a usar assim que descobri a gravidez, aos dois meses”, conta. “Antes costumava usar só quando ia para locais mais afastados, mas é importante prevenir. Tem que pensar no futuro da criança”, diz.

A despachante Rosynha Marciano também só passou a tomar esse cuidado quando descobriu a gravidez. “Eu uso todo dia e toda noite. Ainda assim o medo continua, então a gente se previne como pode, utilizando roupas com manga comprida, por exemplo”, destaca.

 

Veja também