Polícia Civil desarticula quadrilha que agia dentro de presídios em Goiás
Presos utilizavam celular para organizar práticas criminosas diversas, como tráficos de drogas, roubos de veículos, homicídios, entre outros
Deivid Souza
A investigação da fuga de 22 presos da unidade prisional de Morrinhos, na Região Sul de Goiás a 128 quilômetros (km) da Capital, foi o início do trabalho de quase um ano que culminou com a desarticulação de uma organização criminosa, que atuava de dentro de presídios, principalmente, das Regiões Sul e Sudoeste de Goiás. Entre os crimes praticados pelo grupo estão: tráfico de drogas, roubos de veículos e roubo a bancos, homicídios, extorsões e sequestro.
Até a manhã de ontem, quase todos os 45 mandados de prisão já haviam sido cumpridos dentro da operação chamada Esfacela, que também tinha como meta cumprir 45 mandados de busca e apreensão. Apenas seis integrantes do grupo estavam fora dos presídios quando os delegados da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que chefiaram o trabalho, deram entrada com os pedidos de prisão. Todos os demais comandavam as ações dentro das unidades prisionais por meio de telefones celulares. Entre os mandados, a ser cumpridos fora dos presídios, um era de Goiânia e outros três do município de Morrinhos. Duas armas haviam sido apreendidas na manhã de ontem.
Os membros da organização criminosa estavam nas unidades prisionais dos municípios de: Catalão, Rio Verde, Águas Lindas, Mineiros, Quirinópolis e São Simão, Itumbiara e Morrinhos. O delegado da Draco, Cleybio Januário, afirmou que não havia uma liderança específica, mas sim “braços” com o objetivo de elevar o patrimônio do grupo. No entanto, um esquema apresentado à imprensa, durante a coletiva, no auditório da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) destacava quatro membros como integrantes de um núcleo financeiro.
Após às 15 horas de ontem, o comboio que trazia os presos para o Núcleo de Custódio da Capital, no Complexo Prisional da Capital, chegou ao destino. Eles deixaram Itumbiara a 204 km na Região Sul do Estado por volta de 11 horas da manhã sob um forte esquema de segurança. Toda operação contou com o trabalho de 200 homens da Polícia Militar (PM), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e equipes especializadas, como Grupo Tático 3 (GT3), Grupo de Radiopatrulha Aérea (Graer) e Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Frustração
Durante a investigação, várias ações do grupo foram frustradas e prisões efetuadas. “A investigação, além de identificar e qualificar todos os suspeitos teve como principal objetivo impedir que os crimes que eles praticavam durante o período fossem apurados”, afirmou o delegado Januário.
O secretário da SSPAP e vice-governador, José Eliton, garantiu durante a coletiva que o uso de celulares em unidades prisionais está perto do fim. Eliton explicou que uma incompatibilidade técnica entre a empresa responsável pelo serviço nos presídios e operadoras de telefonia está sendo superada. Ele ainda disse que operações como a Esfacela se repetirão. “Elas não são ações isoladas, fazem parte de um conjunto de ações integradas”, afirmou.
Fuga
A fuga do presídio de Morrinhos aconteceu em maio de 2015, quando três detentos armados renderam agentes penitenciários na noite da sexta-feira (22). A ação aconteceu no momento em que era feita a conferência nas celas.