Projeto de reutilização de água gera mudanças
Água que sai dos aparelhos de ar condicionado pode ser usada para limpeza de imóveis e irrigação de plantas
Flaviane Barbosa
Em janeiro, Euler Bueno implantou um projeto de reaproveitamento de água oriunda dos aparelhos de ar condicionado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (CREA-GO). Ele é conselheiro e coordenador do Grupo de Trabalho para Desenvolvimento de Projetos Sustentáveis do local e professor da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e da Computação (EMC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Euler conta que a água sai do equipamento, passa por uma tubulação, é despejada em dois reservatórios com capacidade 200 litros e transportada em recipientes móveis. A água é utilizada para a limpeza da sede do CREA-GO e de um anexo.
Segundo Euler, os reservatórios ficam em lugares estratégicos, onde o uso da água para limpeza é constante, como corredores e banheiros. o engenheiro lembra que o projeto surgiu de uma proposta de medidas sustentáveis e mais eficiente. Ao observar que a água que cai dos aparelhos ia para o esgoto, ele decidiu mensurá-la.
Em um recipiente, Euler captou quase um litro de água em aproximadamente uma hora.
O investimento no projeto foi de R$ 782,24 para captação de cerca de 400 litros de água por dia de 74 aparelhos condicionadores de ar. O projeto despertou interesse em profissionais como o arquiteto, Marco Antônio de Oliveira, diretor do Centro de Gestão do Espaço Físico da Universidade Federal de Goiás (Cegef/UFG); do engenheiro mecânico, Glauber Pereira Pinto, da mesma instituição; e da engenheira elétrica, Patrícia de Sousa Faleiro. O grupo visitou a sede do CREA-GO no mês passado para conhecer como funciona o reaproveitamento.
Mudanças
Cinthia Martins é coordenadora de Meio Ambiente e conta que esse projeto é utilizado na construtora onde trabalha desde o ano de 2012. Ela lembra que o galpão administrativo onde o projeto foi implantado possui cerca de seis condicionadores de ar. No local foi colocada uma caixa d’água com capacidade de 500 litros. Quantidade aproximadamente acumulada por semana para fazer a limpeza e regar as plantas. Cinthia relata que o reflexo do projeto na economia da empresa é de R$ 250 em média por mês na conta de água. Para ela, o principal lucro que a construtora teve depois que implantou o projeto foi a mudança no comportamento dos funcionários. “Eles relatam cada vazamento que acontece na empresa, seja pequeno ou grande. Isso é muito importante, porque se nós economizamos no detalhe, nós conseguiremos economizar em algo maior”.
Acessível
Euler ressalta que o projeto está ao alcance de todos. As pessoas podem aplicar a iniciativa em casa. Basta adquirir o material para a tubulação da água e um reservatório que fique tampado para não virar foco de mosquito.
Qualidade
Jeyson Rafael Rodrigues Novais, 32, precisou de apenas R$ 12 para implantar o projeto em sua casa há cinco anos. O diretor administrativo da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Senador Canedo tem dois aparelhos de ar condicionados. A água coletada é usada para cuidar das plantas e árvores. Jeyson colocou uma mangueira em um dos aparelhos por onde a água passa e cai diretamente em um dos dois coqueiros que tem no quintal. Embaixo do outro, ele colocou um vaso com uma planta. O diretor conta que o lucro que tem não é financeiro, mas ambiental. “O coqueiro que utiliza o sistema produz mais frutos do que o outro”.