Em ótima temporada no Bayern de Munique, Douglas Costa foi titular em três dos quatro últimos jogos da seleção com Dunga. No último deles, contra o Peru, em novembro, atuou aberto pela esquerda, num esquema que teve Neymar como “falso 9”, ou seja, ocupando a função de centroavante, mas sem ser um homem de área fixo. 

Ontem, na Granja Comary, o atacante defendeu a manutenção do sistema usado pela seleção no último jogo. “Deu certo na última partida, ficamos nós três (Douglas, Neymar e Willian) mais soltos. Não teria por que mudar algo que está dando certo”, afirmou Douglas. 

Douglas Costa assume a responsabilidade de alimentar Neymar, caso o astro da seleção continue escalado pelo centro do ataque. “Eu e Willian temos, sim, o papel de ajudar o Neymar a chegar no gol. Temos que criar as jogadas para o Neymar fazer os gols”, disse.

O atacante destacou o papel que Pep Guardiola, seu técnico no Bayern, teve no desenvolvimento de sua carreira. Sua contratação, no início da atual temporada europeia, foi um pedido pessoal do treinador catalão. “É fácil falar do Pep. É um gênio. Ele procura mudar coisas no meio do jogo e tudo acontece. Ele é diferente. Aprendi bastante taticamente com ele”, afirmou.

Já Alisson, perguntado se ficou incomodado com as críticas à ausência de Jefferson na seleção, preferiu não polemizar. O goleiro do Internacional herdou a vaga do camisa 1 do Botafogo nas últimas escalações do técnico Dunga, e deve ser titular novamente nas partidas pelas Eliminatórias.

Esboço

O técnico Dunga comandou ontem o primeiro treino com a delegação completa na Granja Comary, em Teresópolis, e já deu um esboço da equipe titular a ser utilizada no confronto com o Uruguai, pelas Eliminatórias. Na parte da atividade em que houve divisão mais clara e coerente dos times, o treinador montou o meio-campo com Fernandinho, substituindo o machucado Elias, e Renato Augusto, mantendo a mesma configuração utilizada até o final do ano passado, contra o Peru. No setor ofensivo, Dunga colocou Willian, Douglas Costa e Neymar. 

Craque depende de autorização do Barça

 A decisão só será tomada numa nova viagem da comissão técnica da seleção a Barcelona, provavelmente em abril. No entanto, na tentativa de ter Neymar tanto na Copa América, quanto nos Jogos Olímpicos, a vontade do jogador e o calendário europeu viraram aliados. Na primeira conversa com Luís Enrique, técnico do clube catalão, os cronogramas da seleção e da equipe espanhola foram postos na mesa. Um objetivo é mostrar que Neymar não teria menos descanso ou preparação do que os companheiros de clube. 

Para estar no Rio-2016, em agosto, Neymar precisa de autorização do Barcelona, por já ter mais de 23 anos. O clube e o técnico Luís Enrique, este um campeão olímpico, entendem a importância do título inédito para o Brasil. Mas podem condicionar a liberação à ausência na Copa América, em junho.

Um dos argumentos para defender a presença de Neymar é que a Copa América, nos Estados Unidos, será entre 4 e 26 de junho. Neste período, muitos jogadores do Barcelona também terão compromissos: a Eurocopa, que terminará após o torneio sul-americano, no dia 10 de julho. Nesta data, Neymar já estaria descansando.

O atacante poderia ter três semanas de férias até se apresentar à seleção, 15 dias antes do torneio olímpico, que começa no dia 4 de agosto. Já os jogadores do Barcelona descansariam menos, já que no fim de julho o clube já tem amistosos de pré-temporada. Preocupa o Barcelona o desgaste de Neymar, que no período de férias jogou a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e a Copa América do Chile, em 2015.

A CBF ofereceu a possibilidade de que a preparação de Neymar siga um programa traçado pelo clube catalão. Uma espécie de “piloto” acontece com Rafinha. O meia, em recuperação de lesão, está na seleção olímpica, acompanhado de um preparador do Barcelona. Neymar trabalha, na Catalunha, com um preparador particular, coordenado com o clube. 

Se o Barcelona ganhar a Liga dos Campeões, ficaria sem Neymar para a Supercopa da Europa, no dia 9 de agosto. Um problema, embora o clube já tenha jogado uma qualificação para a Liga dos Campeões sem Messi, em 2008. O argentino foi liberado justamente para as Olimpíadas de Pequim. (AG)