Tolerância zero para Forças de Paz
Chefes de Missões de Paz serão cobrados quanto a abusos sexuais. Ano passado 99 alegações de violência sexual
Em mensagem aos funcionários das Nações Unidas que serão enviados para coordenar missões no terreno, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou que todos eles são responsáveis por ajudar a combater o abuso e a exploração sexuais eventualmente cometidos pelas Forças de Paz da Organização.
O chefe da ONU exigirá o apoio dos líderes das Missões para estabelecer uma “cultura de tolerância zero”. No ano passado, 99 alegações de violência sexual em Missões de Paz vieram à tona, em 2015. Novas denúncias continuaram a surgir também em 2016.
“Estamos intensificando iniciativas de prevenção, de reforço (da aplicação de normas) e de apoio às vítimas. Nós também temos (agora) mecanismos mais fortes de responsabilização”, destacou Ban Ki-moon.
O secretário-geral lembrou que, na semana passada, o Conselho de Segurança adotou a resolução 2272. A medida endossou o conjunto de propostas especiais do chefe da ONU para combater o abuso sexual. “Sou grato aos membros do Conselho de Segurança por me ajudarem a quebrar o silêncio, a expor os problemas e a responder vigorosamente”, disse.
Ban Ki-moon ressaltou que todas as ações tomadas pela ONU para enfrentar o problema estão sendo baseadas em recomendações de um Painel Independente sobre Operações de Paz.
O organismo já havia sugerido quatro mudanças essenciais: garantir o primado das soluções políticas; considerar o conjunto completo de respostas para a paz; estabelecer parcerias mais sólidas com outras partes; e concentrar atividades no terreno e nas pessoas.
Todos esses objetivos poderão receber contribuições dos funcionários das Nações Unidas que vão liderar as Missões.
O secretário-geral destacou ainda que as mulheres são “especialmente importantes” para as operações de paz da ONU. “Elas servem como modelos para a equipe e as comunidades anfitriãs. Nossas líderes mulheres provam que a igualdade de gênero é mais do que um objetivo nobre – é uma vantagem prática.”
O chefe da ONU também solicitou aos futuros líderes das Missões que se comprometam plenamente com a iniciativa “Human Rights Up Front”, um projeto que busca prevenir violações dos direitos humanos e genocídios.
“Nossa meta e nossa responsabilidade são agir rápida e decisivamente – muito antes de as situações se agravarem e ficarem fora de controle”, afirmou. “No pior dos casos, quando vocês observarem o risco de atrocidades ou crimes serem cometidos, não esperem por instruções. Manifestem-se, mesmo que isso possa ofender alguns. Seu dever é para com os que estão em risco”.