Decon apreendeu 3 mil óculos em 2015
Um levantamento solicitado pela Cooperativa Estadual de Serviços em Oftalmologia de Goiás (Cooeso-GO) e Sociedade Goiana de Oftalmologia (SGO) à Delegacia do Consumidor (Decon), mostrou que de janeiro a dezembro do ano passado, mais de 3 mil óculos de grau ou solar foram apreendidos em camelôs espalhados pela Capital. O número reflete apenas uma pequena […]
Um levantamento solicitado pela Cooperativa Estadual de Serviços em Oftalmologia de Goiás (Cooeso-GO) e Sociedade Goiana de Oftalmologia (SGO) à Delegacia do Consumidor (Decon), mostrou que de janeiro a dezembro do ano passado, mais de 3 mil óculos de grau ou solar foram apreendidos em camelôs espalhados pela Capital. O número reflete apenas uma pequena parte da mercadoria que de fato circula em Goiânia.
Eduardo José Prado, delegado titular da Decon, a polícia age somente quando recebe denúncias. “Nossa equipe se desloca para um determinado ponto de venda quando somos informados pelo 197. Não conseguimos dar conta de tanta demanda e sabemos que a quantidade de produtos vendidos sem receita médica e de ambulantes que praticam o exercício ilegal da medicina é muito superior”, explica Prado.
Quem comercializa óculos de grau sem exigir do consumidor a receita médica é enquadrado no crime de exercício ilegal da profissão. “Se um vendedor ambulante sugere um grau para o comprador, ele está agindo como médico e pode pegar até dois anos de detenção”, explica o delegado da Decon, Eduardo Prado.
Um estudo recente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) revelou que em 2015 o Brasil perdeu R$ 115 bilhões devido ao contrabando. Os óculos estão entre os itens preferidos dessa indústria, representando 1,50% do total de produtos vendidos ilegalmente.
Riscos
Os problemas resultantes de uma aparentemente simples e inofensiva aquisição de óculos de grau vendidos em camelôs ou feiras livres são vários. O mais preocupante, segundo especialistas, é que algumas doenças que podem cegar acabam sendo camufladas e, quando descobertas, muitas vezes já é tarde. “Com a facilidade da compra ‘à pronta entrega’, o consumidor não procura um oftalmologista para realizar exames completos. Ele pensa que estava apenas com a visão embaçada, testa vários graus na rua e encontra o que melhor se encaixa. No primeiro momento o problema está resolvido. Mas é aí que começam as complicações”, explica Leonardo Mariano Reis, presidente da Cooeso-GO.
A dimensão do problema é alarmante quando observados os números. De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), a retinopatia diabética é a principal causa de cegueira em adultos e seu diagnóstico precoce pode reduzir em 80% o risco de ficar cego. O glaucoma, conforme apontado pela Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) é responsável pela maior parte dos casos de cegueira no planeta e atinge cerca de 2% dos brasileiros acima de 40 anos. Isso significa que mais de 1 milhão de pessoas sofrem com a doença somente no Brasil.