Beleza se põe à mesa
“Nada melhor que combinar música, comida e pessoas bem-apresentáveis,
especialmente se, dentre elas, estiver um garçom!”
FLÁVIA POPOV
Foi-se o tempo em que garçom era sinônimo de um senhor careca e barrigudo. Hoje, o que se tem visto em estabelecimentos – como bares, restaurantes e eventos corporativos –, principalmente do mercado de luxo, é um desfile de rapazes bem-aparentados, a maioria deles com estatura alta e músculos definidos. Ter um atendimento de excelência é fundamental. Mas ser bem-servido por pessoas bem-apresentáveis é melhor ainda. Foi pensando assim que empresas começaram a investir na contratação de colaboradores que, além de saberem servir bebidas com maestria, são bonitos.
A jornalista e chef de cozinha Elaine Moura, do Buffet Accontece, abraçou a ideia há um tempo, mas admite que a prática tem se intensificado recentemente. “Já selecionamos uma equipe de homens e mulheres bonitas, 15 anos atrás, mas isso se acentuou nos últimos três anos. Essa prática é bem comum nos grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro”, diz a empresária.
Elaine conta, hoje, com a prestação de serviços de aproximadamente dez rapazes. “Em sua maioria, eles não são garçons; são estudantes, modelos, promotores que se disponibilizam a fazer trabalhos como free-lancer. Treinamos todos da nossa equipe com manual de boas práticas, postura e etiqueta, afinal esse é um serviço diferenciado, exclusivo ao mercado de luxo”, explica.
Para a empresária, existe uma congruência em bom serviço, comida boa e gente bonita. “Temos em nossa equipe pessoas de beleza comum, mas com altíssimo grau de comprometimento e simpatia que os tornam tão bonitos quanto os demais”, afirma Elaine.
“Mas, como abordamos o mercado de luxo, é visível que a equipe é um dos fatores que agregam valor aos nossos produtos. Para os eventos corporativos, isso se torna um diferencial de peso. Todos gostam de ser bem-atendidos por uma equipe qualificada e bonita ao mesmo tempo”.
E a presença deles? Será que pode influenciar, inclusive, na duração do evento, ou seja, as pessoas que iriam embora mais cedo pensam duas vezes, e acabam ficando mais?
“Brincamos que a mulherada tem consumido mais espumantes e trufas quando servidas por nossos modelos. Mas temos também cuidado com os homens que gostam de ser bem-atendidos por lindas mulheres, e contratamos as modelos para, assim, agradar a todos. A gentileza faz o grande diferencial”.
Sobre a possibilidade de haver ‘excessos’ por parte dos garçons modelos, a chef reluta. “Todas as pessoas, principalmente as bonitas, estão sujeitas a receberem cantadas. Nada além da conta foi registrado. A postura adotada pela equipe os faz discretos e profissionais”, finaliza.
Extra
O estudante de Engenharia Civil Arthur Noleto (foto abaixo), de 29 anos, é representante de produtos para aquários e peixes ornamentais. Paralelamente a esta atividade e à faculdade, ele trabalha como modelo em eventos corporativos e lançamentos de produtos. De oito anos para cá, Noleto não depende mais de agências de modelos e garante que não faltam recrutamentos. “Faço eventos de domingo a domingo, e eles aparecem tanto de dia quanto à noite. Hoje, é um extra, mas já vivi somente com o dinheiro que ganhava quando dependia só do meu trabalho como modelo”, explica Noleto, que completa: “Quando preciso perder aula à noite, tenho opção de compensar o conteúdo, na parte da manhã, o que me ajuda a não ficar prejudicado na faculdade”.
O modelo e estudante executa trabalhos como barman e, muitas vezes, é contratado para servir apenas champagne, uísque e/ou drinks especiais, principalmente em eventos como inauguração de lojas. Quando questionado sobre o comportamento dos convidados, ele é enfático: “Claro que sempre existem cantadas – e eu já levei várias, das mais sutis às mais ofensivas –, mas cabe a mim filtrá-las. Nada impede que eu saia com uma pessoa, em outras situações, mas não me envolvo com ninguém durante meu horário de trabalho. Sempre mantenho a minha postura profissional”, diz o estudante.
Assim como Elaine, do bufê Accontece, Noleto defende a boa apresentação de garçons, barmen e demais profissionais que trabalham neste nicho. “Nós representamos a empresa – aliás, é a primeira visão dela –, então devemos manter uma boa aparência: cabelo bem-cortado e até um corpo malhado”, diz. Mas Noleto não para por aí. Além de todos os requisitos exigidos pelas empresas, ele tem a vantagem de falar duas línguas, inglês e espanhol. “Em eventos, como congressos e feiras, isso é um plus”, finaliza.
Aprovação
É praticamente uma ‘mão dupla’ o que o mercado de eventos sugere hoje: colaboradores precisam ser tão atraentes quanto quem frequenta esses locais. Quem também defende a ideia é a farmacêutica Lorena Gomes de Faria. Com 27 anos de idade, a bela profissional da saúde adora uma balada e está presente em grande parte dos eventos corporativos realizados em Goiânia. “Quem não gosta de gente bonita?”, indaga Lorena, que reitera: “Nada melhor que combinar música, comida e pessoas bem-apresentáveis, especialmente se, dentre elas, estiver um garçom!”.
Para a farmacêutica, ser servida por um barman ou um garçom bonito é um motivo a mais para ‘perdurar’ no local. “Dá vontade de ficar mais tempo que o planejado (risos)”, comenta. Mas quem disse que ‘beleza não se põe à mesa’? Lorena explica: “Põe sim! É muito bom poder ser atendida por uma pessoa bonita! E eu percebo isso também no meu local de trabalho: quando clientes chegam à farmácia, eles acham que serão atendidos por pessoas mais velhas – não necessariamente bonitas –, e, quando se deparam com belos profissionais, ficam impressionados! A impressão que dá é a de felicidade, de bem-estar, de saúde… E isso levanta a auto-estima da pessoa. Não importa como – se atendendo ou sendo atendida: ser servida por uma pessoa bonita é tudo!”, finaliza Lorena.