Hemocentro de Goiás pede doações de plaquetas
A baixa quantidade de bolsas em estoque deixa em risco o tratamento de pessoas em mais de 80 unidades de saúde em Goiás atendida pelo Hemogo
Thiago Burigato
O Hemocentro de Goiás precisa
de apoio para repor seu estoque de plaquetas e continuar a salvar vidas em todo
o Estado. A baixa quantidade de bolsas em na unidade deixa em risco o
tratamento das mais de 80 pessoas em Goiás atendidas pelo Hemogo.
As plaquetas são componentes do sangue
essenciais para a coagulação. Quando ocorre a lesão de algum vaso ou órgão, as
plaquetas se prendem ao local do ferimento, formando uma barreira que evita o
sangramento. Sua falta pode facilitar a ocorrências de hemorragias,
especialmente em pacientes cujo organismo já está enfraquecido pela quimioterapia,
por exemplo.
Mas engana-se quem
pensa que a doação de plaquetas beneficia apenas a pacientes que lutam contra a
leucemia. Tratamentos contra outros tipos de câncer, transplante de medula
óssea, cirurgias cardíacas, alguns casos de dengue e traumas também são
situações que podem exigir a transfusão.
Para ser doador, é necessário que o interessado tenha boa saúde, pese mais de 50 quilos e tenha entre 16 e 69
anos (menores de idade precisam de autorização dos responsáveis). No momento da
doação, é importante que a pessoa não esteja em jejum e que tenha doado sangue
há, no mínimo, dois meses, no caso dos homens, e três meses, no caso das
mulheres. Todas as restrições a doadores de sangue se aplicam também aos
doadores de plaquetas.
Aférese
O diretor técnico do
Hemogo, Divanilton Antunes Braga, explica que após toda doação de sangue, é
feita a separação do material para coletar também as plaquetas. Nesses casos, porém,
para cada bolsa de sangue, de aproximadamente 400 ml, são colhidos cerca de 20
ml de plaquetas.
“No caso da doação na
máquina de aférese, uma pessoa doa o equivalente a dez doadores de sangue”, destaca.
Neste aparelho, que utiliza um kit descartável, o sangue é retirado do paciente
por uma punção na veia de um braço, centrifugado para a separação da plaqueta,
e mandado de volta ao paciente pelo outro braço.
Há duas diferenças
principais com relação à doação de sangue: a primeira, é o custo de cada kit
descartável utilizado que é de cerca de R$ 1 mil. “Por isso é importante a entrevista
e que a pessoa que vai doar já esteja com os exames prontos, ao contrário do
que acontece com a doação de sangue, quando os exames são feitos após a coleta”,
destaca o diretor.
A segunda questão é o tempo
que dura a doação: cada sessão dura cerca de 2 horas. Nesse prazo, duas bolsas
são colhidas de cada doador, cada uma delas podendo salvar uma vida. A
reposição das plaquetas para quem doa é rápida, acontece dentro do prazo de 48
horas. No entanto, uma nova doação só pode ser feita após 72 horas, sem
ultrapassar o limite de 24 doações em 12 meses.
Salvando vidas
O repórter fotográfico Fernando Leite Neves diz já ter perdido as contas de quantas vezes fez doações de plaquetas. “Para se ter uma ideia, sou doador de sangue desde os 18 anos de idade, e depois que eu completei 25 anos, passei a ser doador de plaquetas. Eles me chamam de 15 em 15 dias para dar tempo de sarar melhor o braço”, diz ele, que hoje tem 40 anos de idade.
Ele reclama das dores que sente durante a doação, mas afirma que a sensação de estar ajudando a salvar vidas não tem preço. “O braço fica muito dolorido, as agulhas são muito grossas”, diz. “Mas a experiência de ajudar alguém é muito boa”, ressalta.
A jovem Emanuela Bravo foi uma das beneficiadas pelas doações de plaquetas. A mãe, Ana Paula Bravo, relata que, aos 9 anos de idade, a menina foi diagnosticada com leucemia e precisou com urgência do suporte, obtida de doadores anônimos e também de amigos. “A iniciativa da doação é muito importante. Ter a oportunidade de salvar a vida de alguém é algo que não tem preço, tanto para quem doa, quanto para quem recebe”, enfatiza Ana Paula.