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quarta-feira, 28 de agosto de 2024
LITERATURA

Chega ao Brasil última obra de Eduardo Galeano

Morto em 13 de abril de 2015, aos 74 anos, Eduardo Galeano dedicou seus últimos meses ao que mais gostava de fazer: escrever. As palavras finais do autor uruguaio estão reunidas no livro O Caçador de Histórias, que chega este mês às livrarias dos países de língua espanhola. O lançamento no Brasil es­tá previsto para […]

Postado em 13 de abril de 2016 por Sheyla Sousa
Chega ao Brasil última obra de Eduardo Galeano

Morto em 13 de abril de 2015, aos 74 anos, Eduardo Galeano dedicou seus últimos meses ao que mais gostava de fazer: escrever. As palavras finais do autor uruguaio estão reunidas no livro O Caçador de Histórias, que chega este mês às livrarias dos países de língua espanhola. O lançamento no Brasil es­tá previsto para o fim de maio, pela editora L&PM, em tradução de Eric Nepomuceno, amigo do escritor por mais de quatro décadas. 

Com textos curtos e poéticos, en­tre o ensaio e a ficção, O Caçador de Histórias é uma amostra de estilo e temas que marcaram a obra de Galeano. Em um fragmen­to, o autor de um dos livros de cabeceira da esquerda no continente, As Veias Abertas da América Latina (1971), recorda a ocasião em que ouviu do chileno Salvador Allende, anos antes de sua morte no golpe de Pinochet, uma frase profética: “Vale a pena morrer por tudo isso que, sem exis­tir, não vale a pena viver”. Outros textos evocam mitos e tradições dos povos indígenas da Amé­rica, matéria-prima de clássicos de Galeano, como a trilogia Memória do Fogo. 

Um tema que atravessa o livro é a celebração da “paixão inútil” pela escrita: “Meus mestres foram os admiráveis mentirosos que nos cafés se reuniam para encontrar o tempo perdido”, diz. Nos últimos textos, escritos quando ele combatia um câncer no pulmão, surgem reflexões pungentes sobre a proximidade do fim: “O sol nos oferece um adeus sempre assombroso, que jamais repete o crepúsculo de ontem nem o de amanhã”. 

Tradutor do primeiro texto de Galeano publicado no Brasil, o conto O Monstro Meu Amigo, em 1974, Nepomuceno foi responsável desde então por mais de uma dezena de títulos do uruguaio no país. O Caçador de Histórias foi o primeiro em que não revisou cada palavra com o amigo. Nepomuce­no selecionou os trechos publicados nesta página como uma ho­menagem a Galeano no primeiro aniversário de sua morte. 

“Se Eduardo era de uma exigência sem tréguas na hora de escrever, mais exigente ainda era na hora de revisar a tradução. Negociávamos cada palavra, cada fra­se”,  diz Nepomuceno. “O vazio dei­xado por ele é imenso. Sou órfão desse meu irmão que a vida me deu. Cada palavra desta tradução foi negociada na sua ausência. Espero ter honrado a nossa parceria de 42 anos”. (Agência O Glo­bo) 

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