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quarta-feira, 28 de agosto de 2024
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Cidades

Pelo menos 1.100 pessoas moram nas ruas de Goiânia

Instituições divergem sobre números de homicídios e outras informações. DIH investigou cinco crimes neste ano apenas no Centro e em Campinas

Postado em 13 de abril de 2016 por Sheyla Sousa
Pelo menos 1.100 pessoas moram nas ruas de Goiânia
Instituições divergem sobre números de homicídios e outras informações. DIH investigou cinco crimes neste ano apenas no Centro e em Campinas

Karla Araujo

A Pastoral de Rua da Matriz de Campinas registrou a morte de pelo menos vinte pessoas em situação de rua nesse ano em Goiânia. De acordo com Centro de Referência de Direitos Humanos (CRDH) de Goiânia– instituição ligada ao governo federal– ocorreram dez homicídios na capital nas duas últimas semanas.

A Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), porém, registrou e investigou cinco homicídios ocorridos no Centro e em Campinas no primeiro trimestre de 2016. Ainda de acordo com a DIH, de julho a dezembro do ano passado, nove mortes de pessoas em situação de rua foram investigadas pela especializada- cinco no Centro, três em Campinas e uma na Vila Viana.

Outro número que diverge entre instituições é em relação a quantidade de pessoas que vivem nas ruas de Goiânia. A Pastoral de Rua aponta para mais de 1.100. O número oficial da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) é 351, o mesmo divulgado por uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG), que teve resultado divulgado no início de março desse ano e corresponde a 2015. 

Nelson Antônio, coordenador da Pastoral de Rua da Matriz de Campinas, diz que os números diferem, porque a pesquisa contabilizou a quantidade de pessoas  apenas nas ruas de Goiânia. Entretanto, a pastoral também leva em conta as pessoas que estão em casas de passagem que, apesar de buscarem abrigo nos locais, não permanecem por muito tempo, por isso, não deixam de viver na rua. 

Mortes

Os dados coletados pela pastoral, diz Antônio, levam em consideração as informações prestadas por mais de 70 pessoas que passam todos os dias pela Casa de Passagem Santo Afonso, instituição mantida pela Matriz de Campinas. “Muitos casos não saem na imprensa e a polícia não tipifica determinado homicídio como de pessoa em situação de rua, por isso os números são tão diferentes”, explica o coordenador. Pelo menos 140 pessoas em situação de rua foram vítimas de homicídio em Goiânia nos últimos três anos, de acordo com a Pastoral de Rua. 

O delegado adjunto do DIH Francisco Costa Junior afirma que dos cinco casos de assassinatos registrados nesse ano dois aconteceram no Centro e três em Campinas. Três pessoas foram mortas por arma de fogo e duas a facadas. Os casos de arma de fogo aconteceram principalmente no Centro onde, segundo o delegado, as mortes costumam ser motivadas por acerto de contas em relação a dívidas de drogas. Em Campinas, brigas entre as pessoas em situação de rua resultaram nas mortes.

Tráfico

Ainda de acordo com Costa, a guerra do tráfico entre duas quadrilhas no Centro da capital também é apontada nas investigações como a motivação das mortes. “Não é só o caso de polícia e sim de ação social. Essas pessoas vendem drogas para sustentar o próprio vício”, explica o delegado. Já o titular da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), Alécio Moreira de Sousa Junior, acredita que a relação com a droga, trata-se mais do uso compartilhado que tráfico em si. 

O coordenador do CRDH de Goiânia, Eduardo Mota, argumenta que a pesquisa realizada pela UFG e levantamentos nacionais apontam que existem mais pessoas em situação de rua envolvidas com álcool que com outro tipos de drogas. “As pessoas são relacionadas ao crack. Mas,  mesmo em uma situação hipotética em que o crack deixasse de existir, ainda permaneceriam pessoas morando nas ruas e vice-versa”, diz o coordenador.

 

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